O vereador Tio Carlinhos, que já acertou filiação ao PSDB municipal
Publicado em: 06 de novembro de 2021 às 03:29
Sérgio Fleury Moraes
O partido que já possuiu a maior bancada na Câmara de Santa Cruz do Rio Pardo, e que na legislatura passada ficou limitado a uma única cadeira, está prestes a ter novamente um representante.
O vereador Carlos Alberto da Silva — o “Tio Carlinhos” — já diz publicamente que deve trocar o PSL pelo PSDB.
A “costura” estaria sendo incentivada pelo deputado estadual Mauro Bragato (PSDB), que já se reuniu com o vereador em algumas ocasiões.
Bragato é um parlamentar conhecido em Santa Cruz do Rio Pardo, onde manteve um forte reduto eleitoral nos governos de Adilson Mira e Maura Macieirinha. Já foi o campeão de votos na cidade, mas em 2018 apareceu como o 10º mais votado.
Nos últimos anos, Bragato se distanciou de Mira — ex-prefeito que acabou condenado por improbidade administrativa em várias ações e que sequer mora mais na cidade.
O deputado, porém, manteve sua amizade com a ex-vereadora Maura Macieirinha, que comandou Santa Cruz de 2009 a 2012, e que tem articulado uma reorganização do partido dos tucanos em Santa Cruz do Rio Pardo.
“Tio Carlinhos” tem uma ligação histórica com a Igreja Católica, o que foi decisivo para sua eleição em 2020, sendo o 9º mais votado entre os 13 vereadores eleitos.
Integrante do TLC — Treinamento de Liderança Cristã — da paróquia de São Benedito e voltado aos jovens, ele diz que aprimorou seus ensinamentos no movimento católico, especialmente o respeito ao próximo. E, é claro, tornou-se uma figura carismática e popular.
Candidato a vereador em 2020 pela oposição, Carlinhos filiou-se ao PSL na “onda bolsonarista” que tomou conta do País.
Hoje, preocupado com os rumos incertos do Brasil, ele não garante se vai apoiar a reeleição do presidente no ano que vem.
“Só vou me decidir no próximo ano”, diz, enigmático. O PSL elegeu Bolsonaro em 2018.
“É complicado fazer uma avaliação neste momento. Claro que vou tomar uma posição mais à frente, mas o importante é ter responsabilidade e pé no chão”, afirmou.
No entanto, uma eventual desilusão com o atual governo não é, necessariamente, a única justificativa para o vereador deixar o partido.
Segundo ele, o PSL não o atendeu uma única vez, apesar das inúmeras mensagens que encaminhou para as executivas do partido em São Paulo. “Quando respondiam, diziam que dariam a resposta logo. Mas nunca respondiam”, reclamou.
O parlamentar também reclamou da recente fusão do PSL com o DEM, imposição que não teve a necessária consulta aos detentores de mandato no interior. O novo partido, que vai se chamar “União Brasil”, ainda aguarda homologação da Justiça Eleitoral.
Mas houve outro episódio constrangedor para o vereador. Em março deste ano, durante a votação de um projeto de Juninho Souza (Republicanos) que autorizava a abertura do comércio em pleno auge da pandemia, Carlinhos votou contra a proposta que era flagrantemente inconstitucional.
Na época, o presidente do PSL de Santa Cruz, Lucas Pereira, anunciou que iria propor ao diretório estadual uma pena de “advertência” ao vereador por ter se posicionado contra o projeto e contra a orientação do partido na cidade.
“Acho que a direção do PSL em Santa Cruz foi muito infeliz naquela ocasião. Era um projeto politiqueiro que, caso fosse aprovado, certamente seria derrubado no dia seguinte pela Justiça”, disse, revelando que o episódio o “chateou”.
A insatisfação aproximou o vereador do deputado Mauro Bragato (PSDB), que havia perdido sua ligação na Câmara de Santa Cruz nas eleições de 2020, quando Maura Macieirinha (PSDB) não foi reeleita, apesar de ter sido a oitava mais votada.
A derrota aconteceu em função da baixa votação total dos tucanos, o que retirou a possibilidade de o PSDB conquistar uma única cadeira.
Bragato, um político experiente, sabe que o PSDB ainda tem uma votação consistente no interior de São Paulo em eleições estaduais ou nacionais e é forte também em pleitos municipais. Na região, por exemplo, o partido elegeu os prefeitos de Ipaussu, São Pedro do Turvo, Chavantes.
Em Santa Cruz do Rio Pardo, porém, o PSDB enfraqueceu após permanecer anos sob domínio do ex-prefeito Adilson Mira, que não permitiu o surgimento de novas lideranças e naufragou em seu projeto de voltar ao poder.
Em 2016, em sua última participação em eleições, Mira teve pouco mais de 20% dos votos válidos e foi praticamente esmagado nas urnas por Otacílio Parras (PSB). O fim da hegemonia tucana após 12 anos no poder começou em 2013 e refletiu diretamente na bancada de vereadores.
É neste cenário que entra o deputado Mauro Bragato, e “Tio Carlinhos” parece ser um atraente futuro tucano. Tanto o parlamentar quanto o vereador dizem que, apesar de Santa Cruz do Rio Pardo ter um deputado estadual próprio — Ricardo Madalena (PL) —, “sempre é bom manter outras portas abertas”.
“O Bragato tem atendido minhas reivindicações e posso afirmar, neste momento, que estou propenso ao PSDB. Outros partidos também me procuraram, como o MDB do Marsolinha, mas o deputado disse que quer minha filiação para alavancar a legenda em Santa Cruz. Então, estou apalavrado com ele”, afirmou. “Além disso, o PSL acabou na cidade”, lembrou.
Apesar da opção quase definida, Carlinhos tem apoiado em Santa Cruz o governo de Diego Singolani (PSD), a quem elogia pelo “diálogo franco e aberto”.
O vereador praticamente passou a integrar a base de apoio do prefeito na Câmara. E não se arrepende.
“Eu sou muito respeitado pelo pessoal da base e logicamente a gente vai conhecendo as pessoas com o tempo, especialmente na área política. O mesmo acontece com o Diego, que também colocou sua equipe à disposição para me ouvir e atender, bem como seu gabinete tem permanecido aberto para mim”, afirmou.
Como exemplo de bom relacionamento, ele cita sua proposta para construção de um Posto de Saúde na região do bairro Jardim Lorenzetti, que pode receber emendas do deputado Bragato e é bem vista pelo prefeito Diego Singolani.
O único obstáculo para o ingresso imediato do vereador no PSDB é a legislação eleitoral. A lei autoriza a mudança de legenda em casos específicos ou durante a “janela partidária”, que ocorre 30 dias antes do prazo definido para concorrer à eleição proporcional ou majoritária, que hoje é de seis meses.
Ou seja, “Tio Carlinhos” corre o risco de permanecer de maneira forçada no PSL até perto das eleições municipais de 2024. Terá, contudo, uma plumagem tucana.
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