POLÍTICA

Justiça inicia bloqueio de contas bancárias de vereadores ‘faltosos’

Ao menos quatro dos envolvidos no caso já foram impactados pela medida

Justiça inicia bloqueio de contas bancárias de vereadores ‘faltosos’

O ex-vereador Luiz Antônio Tavares, o "Luizão da Onça", afetado pelo bloqueio

Publicado em: 28 de maio de 2022 às 02:06
Atualizado em: 28 de maio de 2022 às 02:12

André Fleury Moraes

O juiz Antônio José Magdalena, da 2ª Vara Cível de Santa Cruz do Rio Pardo, determinou o bloqueio das contas bancárias de parte dos vereadores “faltosos” no âmbito da ação judicial em que o município cobra dos agentes políticos os valores que receberam indevidamente ao longo dos anos.

A decisão, publicada no início de maio, atinge a maior parte dos vereadores ou ex-vereadores contra os quais a Procuradoria da prefeitura move as ações. Em alguns dos processos ainda não há decisões neste sentido, mas a tendência é que novos bloqueios sejam decretados em função dos prazos dos julgamentos.

Existe, porém, a possibilidade de que alguns dos envolvidos não sejam impactados pelos bloqueios porque já negociam eventuais acordos para quitar o débito com o município.

As dezenas de ações judiciais contra os “faltosos” foram ajuizadas no final do ano passado e vieram na esteira de um longo procedimento em que se avaliou a regularidade dos pagamentos recebidos pelos agentes políticos de Santa Cruz do Rio Pardo.

Já foram determinados bloqueios nas contas do vereador Lourival Pereira Heitor (SD) e dos ex-vereadores Souza Neto, Luiz Antônio Tavares (o “Luizão da Onça”) e de Cleuza Maria Costa Soares, a “Cleuza Enfermeira”, segundo pôde identificar a reportagem.

Em alguns dos casos, a Procuradoria já elencou eventuais bens em posse dos agentes políticos de quem cobra os valores.

O município, porém, pediu bloqueio de bens contra praticamente todos os agentes políticos. A Justiça, nos demais casos, tem solicitado informações sobre o pedido dos “faltosos” ao Tribunal de Justiça para que a cobrança seja suspensa.

Praticamente todos eles ingressaram com uma outra ação, à parte da principal, para invalidar o procedimento pelo qual a prefeitura concluiu que os pagamentos feitos aos parlamentares foram irregulares.

Os “faltosos” alegam que o procedimento instaurado pela Câmara, que concluiu ser necessária a devolução dos valores, possui “vícios insanáveis” e merece ser anulado pela Justiça. Eles também pediram para que a dívida seja suspensa enquanto não houver uma decisão acerca da legalidade da cobrança.

Em primeira instância, o juiz Antônio José Magdalena já havia negado a concessão de liminar para trancar a inscrição em dívida ativa — medida que suspenderia as ações de execução contra os “faltosos”.

Eles recorreram, então, ao Tribunal de Justiça, que ainda não julgou o recurso. Em caráter liminar, a desembargadora Maria Olívia Alves afirma que, neste primeiro momento, não vê elementos para suspender a dívida cobrada pelo município.

A polêmica começou em 2019, quando a base do então prefeito Otacílio Parras (PSB) tentou obstruir um projeto do ex-vereador Luciano Severo (Republicanos) e “descobriu” a lei que desconta a falta injustificada de todas as sessões — inclusive as solenes.

O impasse gerou uma série de discussões internas na Câmara. O ex-presidente do Legislativo Marco “Cantor” Valantieri (PL) disse na época que uma lei de 2014 isentava o comparecimento em sessões especiais. O argumento, porém, caiu por terra porque a lei foi aprovada de forma irregular.

Na época, a maioria dos parlamentares apresentou defesa com a alegação de que as sessões solenes não eram obrigatórias por não haver convocação do presidente da Câmara. O entendimento que prevaleceu, no entanto, foi o de que, a partir do momento em que são notificados para comparecer às solenes, os vereadores devem apresentar justificativa em caso de ausência.

O ex-vereador Luiz Antônio Tavares lidera a lista dos executados pelo município. Segundo cálculo do governo, ele deve pagar aos cofres públicos pouco mais de R$ 70 mil. Na sequência vem o ex-vereador e atual secretário de Agricultura Milton de Lima (PL), com R$ 67 mil.

Ele é seguido pelo radialista Souza Neto, de quem o governo cobra R$ 38 mil. Souza deixou a Câmara em 2016, quando não se candidatou à reeleição. A situação também é complicada para Murilo Sala, que terá de restituir R$ 33 mil ao erário municipal.

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