A Polícia Federal descobriu que um sargento de S, Cruz fez depósitos num esquema para Michele
Publicado em: 04 de outubro de 2023 às 18:08
Sérgio Fleury Moraes
As investigações sobre a série de depósitos em dinheiro feitos na conta bancária de uma amiga da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro apontaram que muitos deles foram feitos por vários militares ligados ao tenente-coronel Mauro Cid. Entre eles, está o sargento Murilo José Geromini Zilotti, que é de Santa Cruz do Rio Pardo.
A informação foi publicada pelo UOL em reportagem do jornalista Aguirre Talento. De acordo com estas informações, a Polícia Federal constatou que os recursos tinham origem em uma empresa com contratos firmados com o Governo Federal na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O esquema, segundo a PF, consistia na transferência de valores a ajudantes de ordens da presidência da República, que sacavam o dinheiro e pagavam despesas de um cartão de crédito usado por Michele Bolsonaro. Outros depósitos eram feitos na conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga da ex-primeira-dama e que emprestava o cartão de crédito. Hoje, Rosi, como é conhecida, é assessora no gabinete da senadora Damares Alves (Republicanos).
O nome do santa-cruzense apareceu junto com outros militares que, provavelmente por ordem de Mauro Cid, faziam depósitos regulares em contas próprias ou da amiga de Michele Bolsonaro. O uso do cartão em nome de Rosimary pela ex-primeira-dama chegou a ser admitido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que justificou o fato por Michele “não ter limites de crédito disponíveis”. De acordo com o candidato derrotado à reeleição, Rosimary é amiga de sua mulher há pelo menos 15 anos.
Grande parte dos recursos que deram origens aos depósitos saíam da empresa “Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção”, com sede em Goiânia. A empresa possuía contratos com o governo Bolsonaro, através da estatal Codevasp (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paraíba”. A estatal já foi alvo diversas vezes de operações da Polícia Federal, que suspeita de corrupção em contratos no Nordeste do Brasil.
A Cedro usava Vanderlei Cardoso de Barros, o pai de uma das sócias, para abastecer a conta bancária do sargento conhecido como “Dos Reis”, que trabalhava sob as ordens do tenente-coronel Mauro Cid. Depois que o dinheiro caía na conta, o sargento era encarregado pelos saques e por pagamentos a pessoas ligadas à então primeira-dama. Ele também fazia pagamentos para outros militares da Ajudância de Ordens da Presidência da República.
Vanderlei alegou à Polícia Federal que é amigo do militar e que os depósitos eram “empréstimos pessoais”. Três depósitos de Dos Reis foram para a conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, mas havia pagamentos desde 2021, todos em espécie e fracionados. O dinheiro seria usado para pagar o cartão de crédito de Michele, que estava em nome da amiga.
A PF também descobriu no celular de Mauro Cid uma preocupação com os depósitos, já que, segundo ele disse em mensagens, o caso poderia ter semelhança com o conhecido esquema de “rachadinhas”. Mauro Cid estava preso desde maio, mas ganhou liberdade no início do mês após firmar um acordo de delação premiada, ainda não revelado totalmente. A delação foi aprovada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A investigação também apontou que o sargento Dos Reis realizou pelo menos 12 depósitos para Maria Helena Grace de Moraes Braga, tia de Michele Bolsonaro. Foi aí que a Polícia Federal identificou outros militares que também faziam depósitos regulares.
E apareceu o nome do sargento Murilo José Geromini Zilotti, que também integrava a equipe do ajudante de ordens da presidência, o tenente-coronel Mauro Cid. A PF concluiu que Zilotti foi “responsável por vários depósitos para Maria Helena e Rosimary por determinação da primeira-dama Michele Bolsonaro”.
Murilo nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo e prestou o Tiro de Guerra na cidade no ano de 2007. Depois, fez um concurso e ingressou na Escola de Especialista da Aeronáutica da Força Aérea Brasileira, onde formou-se sargento. Há alguns anos ele serve em Brasília/DF.
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