CULTURA

A história da saga do pioneiro Joaquim Manoel de Andrade

A história da saga do pioneiro Joaquim Manoel de Andrade

Publicado em: 20 de setembro de 2017 às 23:16
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 15:14

Historiadores “fecham” história de fazendeiro,

inclusive com a data do casamento dele com Umbelina

Celso Prado e Junko Sato pesquisaram a trajetória de Joaquim Manoel de Andrade

Celso Prado e Junko Sato pesquisaram a trajetória de Joaquim Manoel de Andrade



Tido durante décadas como o fundador de Santa Cruz do Rio Pardo, Joaquim Manoel de Andrade foi, na verdade, aquele que transformou o lugarejo incipiente num município em pleno desenvolvimento no século XIX. Seus restos mortais, juntamente com a mulher Umbelina Andrade, estão sepultados na Igreja Matriz de São Sebastião. Sua vida, porém, está sendo pesquisada pelo casal de historiadores Celso Prado e Junko Sato Prado há pelo menos 12 anos. Há dias, os santa-cruzenses descobriram documentos que podem “fechar” a história de Joaquim e Umbelina. Entre eles, estão informações sobre o casamento dos dois.

“Joaquim chegou a Santa Cruz com a esposa Umbelina Maria de Jesus e os filhos, os quais encontramos referências em documentos eleitorais informando ano de nascimento e alguns assentos religiosos. Mas nada indicava onde nascera Umbelina, qual sua filiação e onde se casara com Joaquim”, contou Celso Prado.

Segundo ele, a “caça” a registros de Umbelina começou em 2005 num estudo nada promissor. “Era difícil, pois não tínhamos os nomes de seus pais e nenhum descendente da família sabia informar”, disse.

A busca por documentos foi feita em Botucatu, Itapetininga, Sorocaba e todo o Sul mineiro, onde foram encontrados registros de casamentos dos irmãos de Joaquim. Uma pista seguida foi um apontamento em tese universitária de que os pais de Joaquim foram proprietários de terras em São João do Jaguari, atual São João da Boa Vista.

Há dias, o casal recebeu a visita do historiador Henrique Dias da Silva Júnior, de Assis, que elucidou o casamento de Joaquim e Umbelina. O casal se uniu em São João da Boa Vista no dia 9 de novembro de 1845 e dois de seus filhos nasceram naquela localidade.

De acordo com a certidão, Umbelina era natural de Pouso Alegre-MG e teria se casado ainda adolescente, fato comum na época. O curioso é que, segundo Celso Prado, pelo menos três de suas irmãs foram casadas com outros conhecidos pioneiros da região. Um deles era o próprio irmão de Joaquim. Manoel Joaquim de Andrade. Portanto, além de irmãos, foram cunhados.

A terceira irmã, Theodora Maria, foi casada com Bernardino, irmão do bandeirante José Theodoro de Souza. O fato demonstra que o maior desbravador e pioneiro de toda a região veio para o sertão com seus irmãos, parentes e pessoas do seu círculo íntimo de amizades.

Registro de batismo de Joaquim, em Pouso Alegre, Estado de Minas Gerais, no dia 20 de novembro de 1825

Registro de batismo de Joaquim, em Pouso Alegre, Estado de Minas Gerais, no dia 20 de novembro de 1825



Saga política

Joaquim Manoel de Andrade transformou o lugarejo de Santa Cruz do Rio Pardo a partir de 1870, quando chegou ao local, vindo de São Domingos do Tupá. Foi praticamente o primeiro líder político de Santa Cruz, a ponto de ser citado pelo “Almanach da Província de São Paulo” de 1887: “Em 1872, tanto havia já prosperado a povoação e tão grande era o número de pessoas que habitavam esta zona e que trabalhavam por vê-la próspera e desenvolvida, o cidadão Joaquim Manoel de Andrade, respeitável e respeitado por todos pelas suas belíssimas qualidades e por ser o fazendeiro mais abastado d’entre todos os criadores e agricultores, conseguiu que a povoação fosse elevada à categoria de freguesia, sob a denominação de Santa Cruz do Rio Pardo”.

A mesma publicação diz que “desde então, os ranchos foram esquecidos e, podemos afirmar, Santa Cruz do Rio Pardo nasceu em 1872, sendo desde então rápido o seu progresso e admirável os melhoramentos que tem recebido”.

Joaquim ocupou vários cargos públicos, por eleições ou nomeações. Foi o primeiro juiz de Paz de Santa Cruz, em 1875, delegado de polícia, coletor de rendas e presidente do Conselho da Intendência Municipal. Eleito vereador em 1876, foi o primeiro presidente da Câmara e em 1884 integrava uma “comissão de ilustres” que foi responsável pelas obras da Igreja Matriz.

Segundo o historiador Celso Prado, Joaquim Manoel de Andrade morreu em 26 de dezembro de 1891, em plena atividade política, já que era o presidente da Intendência do município. Tinha 66 anos.
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