CULTURA

CPI “detona” Gimenez, diz que ele mentiu e pede sua demissão imediata

CPI “detona” Gimenez, diz que ele mentiu e pede sua demissão imediata

Publicado em: 20 de fevereiro de 2018 às 05:24
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 17:29

Investigação descobriu que Agenor pagou

horas extras até a véspera da abertura da CPI

O presidente da CPI, Luciano Severo, acompanha a leitura do relatório que durou mais de três horas



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

O relatório da “CPI das Horas Extras” não poderia ter sido mais contundente. Lido durante mais de três horas na sessão desta segunda-feira, 19, ele revelou muito além do que a imprensa ou os demais vereadores sabiam. O documento apontou uma série de irregularidades na gestão do atual presidente da Codesan, Cláudio Agenor Gimenez, e pediu sua demissão imediata, sob pena, inclusive, de responsabilização do prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo. O relatório pediu que todos os documentos sejam encaminhados ao Ministério Público para que seja aberto inquérito contra os responsáveis e chegou a sugerir que as administrações municipais – de Adilson Mira, Maura Macieirinha e Otacílio Parras – têm responsabilidade sobre o que aconteceu na empresa.

Otacílio, por sinal, acompanhou os trabalhos da CPI. Ele compareceu à Câmara acompanhado do secretário de Comunicação, Renan Alves, e ficou sentado ao lado do presidente do PT. Demonstrou nervosismo à medida em que a leitura do relatório apontava os desmandos de Agenor à frente da Codesan.

O relatório da comissão descobriu, por exemplo, que Cláudio Agenor Gimenez mentiu várias vezes durante a investigação. Na verdade, ele também pagou horas extras aos funcionários do escritório até agosto do ano passado, na véspera da abertura da CPI. Além disso, as horas irregulares não beneficiaram apenas oito funcionários do setor, como dizia Gimenez, mas a investigação apurou que ele beneficiava muitas pessoas próximas da presidência.

Agenor: prestigiado pelo prefeito e investigado pela polícia



Quando o “iceberg” começou a ser desvendado durante as investigações, de acordo com o relatório, o atual presidente passou a dificultar a remessa de documentos para a Câmara, numa tentativa de esconder fatos. Foram necessários dezenas de ofícios requisitando papéis ou reiterando pedidos, de acordo com o texto final da CPI. Hão houve transparência por parte da presidência, concluíram os vereadores.

Cláudio Agenor Gimenez, de acordo com a CPI, também levou a Codesan a uma situação de insolvência, sendo responsável por inúmeras ações trabalhistas ao demitir funcionários sem justa causa. Muitos deles recorreram à Justiça, com enorme prejuízo para a empresa, administrada com dinheiro público. Ato contínuo, Agenor nomeou quem ele quis.

Segundo o presidente da CPI, Luciano Severo (PRB), a análise de aproximadamente 20.000 documentos comprovou a mentira. “Nós detectamos contradições e inverdades, provadas através de documentos”, disse.

A comissão também derrubou argumentos que até então eram utilizados pelo prefeito Otacílio Parras (PSB) em defesa de seu governo. O prefeito disse várias vezes que foi a gestão na Codesan de 2013 que acabou com a “farra das horas extras”, quando houve uma reestruturação salarial. No entanto, a CPI descobriu que a tal “reestruturação” foi feita levando-se em conta as horas extras fictícias, aumentando o rombo na empresa. A partir daí, a Codesan começou a atrasar FGTS e INSS.

A careta de Paulo Pinhata (PMDB, à direita), o único que defendeu o governo na CPI antes de ser obrigado a renunciar ao cargo na comissão, indica o teor bombástico do relatório



Demissão à vista?

Após a apresentação do relatório final, a expectativa é se Otacílio vai demitir Cláudio Agenor Gimenez. O vereador João Marcelo Santos (DEM) defendeu a imediata exoneração do dirigente já nesta terça-feira, 20. “Eu acredito que o prefeito vai demiti-lo na manhã desta terça. Ficou insustentável sua permanência, por mais amizade e companheirismo que exista”, disse. Se isto não acontecer, João Marcelo disse que o presidente da Codesan deve tomar a iniciativa. ““Eu espero que, caso o presidente tenha hombridade, que peça demissão imediatamente”, afirmou. O vereador, entretanto, acha que Cláudio Agenor Gimenez não deve mais participar do governo, em nenhum outro cargo. “Se ele foi incompetente na empresa, não teria competência em outro setor”, insistiu.

No final da sessão, para piorar a situação de Cláudio Gimenez, a Câmara recebeu um documento do Ministério Público informando que foi aberto um inquérito contra os dois presidentes da Codesan nomeados pelo prefeito Otacílio Parras Assis: Cláudio Agenor Gimenez e Eduardo Blumer. De acordo com a peça do MP, a partir de 2013 a situação financeira da empresa foi levada a uma verdadeira insolvência, além de sucessivos atrasos no recolhimento de FGTS e outras graves irregularidades, como a compra de combustíveis acima do preço praticado no mercado.

O funcionário Osmar Pinheiro, que recebeu notificação de despejo da prefeitura após denunciar desmando de Agenor, acompanhou a sessão da Câmara em silêncio



Otacílio ocupa tribuna para atacar

funcionário e defender Gimenez

Prefeito ocupou a tribuna para criticar funcionário



Depois de ouvir quase quatro horas da leitura do relatório final da “CPI das Horas Extras”, com graves acusações contra o atual presidente Cláudio Agenor Gimenez, o prefeito Otacílio Parras Assis (PSB) pediu para ocupar a tribuna. Entretanto, ele só falou sobre o caso do despejo do funcionário da Codesan que acusou Gimenez, saindo em defesa do presidente da empresa. Não tocou no assunto CPI.

O funcionário Osmar Pinheiro foi vítima do caso dos consignados, em que teve seus empréstimos descontados diretamente no salário e depois recebeu avisos do Serasa de que seria negativado por falta de pagamento. A Codesan, na verdade, se apropriou dos valores. Osmar denunciou o caso à imprensa e passou a ser perseguido pela administração. Na última sexta-feira, 16, ele recebeu uma notificação para deixar a casa onde mora há 17 anos, na escola “Arnaldo Moraes Ribeiro”, da qual é zelador.

Osmar acompanhou toda a sessão em silêncio, inclusive o discurso do prefeito na tribuna. Otacílio criticou o servidor dizendo que ele é alvo de um processo administrativo, insistiu erroneamente na hipótese de que o funcionário só forneceu cópias dos documentos à imprensa após o início da sindicância e garantiu que Osmar deveria ter comprado uma casa “porque morou de graça durante 17 anos”. Otacílio também desdenhou do fato do filho do servidor ser um paciente grave de diabetes. “Ele não é nenhuma criança”, afirmou.

Dirigindo-se diretamente a Osmar, o prefeito disse que o contrato firmado entre a secretaria da Educação e o funcionário não tem validade alguma e negou que o episódio seja uma retaliação contra o trabalhador. “Eu nem sabia que era ele quem morava naquela casa”, garantiu. “Isto não é perseguição, é administração. Mas se querem considerar como perseguição, chamem do jeito que quiserem”, afirmou, irritado.

Osmar Pinheiro também pediu para ocupar a tribuna. Quando disse que nunca morou de graça, pois trabalhou 17 anos como zelador, o prefeito Otacílio abandonou o recinto. Nem quis dar declarações à imprensa presente na Câmara. “Ouçam amanhã na rádio”, disse, sugerindo que nesta terça-feira estará nos microfones das emissoras que a administração considera “oficiais”.




(Leia tudo sobre o final da CPI e seus desdobramentos

na edição do DEBATE do próximo domingo)
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