CULTURA

Prefeitura não sabe o que fazer com o ‘desprezado’ Rui Barbosa

Prefeitura não sabe o que fazer com o ‘desprezado’ Rui Barbosa

Publicado em: 26 de maio de 2018 às 06:02
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 12:39

Um ano e meio depois de ser resgatado, busto de

Rui 
Barbosa está num dos cantos de uma secretaria

Local onde ficava a escultura de Rui Barbosa



Foram meses de investigações, pesquisas e muita conversa até a localização do busto de Rui Barbosa, esculpido em bronze e que até 1975 ornamentava a praça com o nome do jurista brasileiro, nas imediações do “Chafariz”. A peça foi recuperada pelo colaborador do DEBATE Sebastião Degaspari, o “Toko”, e entregue ao prefeito Otacílio Parras (PSB) em dezembro de 2016. Desde então, está num dos cantos da burocracia governamental, à espera de uma ‘destinação’. Aos olhos da população, continua desaparecido.

A peça de bronze sumiu durante muitas décadas. Segundo consta, quando a praça Rui Barbosa — a uma quadra da agência dos Correios — mudou de nome para Major Antonio Aloe, durante o governo de Joaquim Severino Martins (1972-1976), a escultura foi recolhida para o pátio municipal. No mesmo governo, Rui Barbosa passou a ser o nome da praça da igreja de São José, mas em 1980 o logradouro foi rebatizado como Domingos Gabriel. Rui, então, passou a ser um nome retirado de quaisquer homenagens no município. Já a obra de arte foi jogada num dos cantos do almoxarifado municipal.

Há aproximadamente dois anos, a peça foi encontrada por Sebastião Degaspari, por acaso, na casa de um ex-funcionário da Codesan. Ele contou que “ganhou” o busto de presente de um antigo dirigente da empresa municipal e, a princípio, recusou-se a entregar ao Poder Público. Foram meses de negociação até que o ex-funcionário concordou em devolver a peça de bronze, que pesa quase quatro quilos. A única ressalva foi que seu nome permanecesse no anonimato.

Guido Zampol tem obras de arte espalhadas em várias cidades e museus



O busto, então, foi encaminhado à sede do jornal, que alertou a administração. A pedido da direção do jornal, o então secretário de Administração, Edwin Brondi de Carvalho, fez um ofício requisitando o busto de Rui Barbosa. Finalmente a peça voltou ao patrimônio municipal, sendo entregue diretamente ao prefeito Otacílio Parras Assis (PSB) no dia 7 de dezembro de 2016. Para não deixar qualquer dúvida, o ato foi fotografado e todos os ofícios, assinados.

Na ocasião, Otacílio anunciou que o busto de Rui Barbosa seria encaminhado ao Museu Municipal “Ernesto Bertoldi”, na antiga estação ferroviária, uma vez que não há nenhum logradouro em Santa Cruz com o nome do famoso jurista.

A peça foi forjada inteiramente em bronze e é um busto diferente, com a imagem de Rui Barbosa esculpida no metal. Num dos cantos há a assinatura de “G. Zampol”, que o jornal, através de pesquisas, identificou como sendo o escultor Guido Zampol, que se notabilizou por fazer várias obras de arte em praças públicas e cemitérios de Santos, São Paulo e cidades do interior. Uma delas, inclusive, está na Faculdade de Medicina da USP, na capital paulista.

Guido Zampol foi premiado em várias mostras de arte desde os anos 1940. Algumas cidades têm estátuas em suas entradas esculpidas por Zampol. Várias peças do escultor estão em museus e há até leilões de algumas em sites especializados em arte.

Num depósito da Codesan, existe uma placa da praça Rui Barbosa, datada de 1949, enaltecendo o centenário de nascimento do jurista brasileiro. No entanto, não há informações sobre a possibilidade do busto de bronze ter sido esculpido naquele ano, mediante encomenda do município ao artista.

Escultura foi entregue ao prefeito Otacílio Parras por Toko Degaspari e o diretor do jornal, em dezembro de 2016



‘Aguardando’

Questionada na semana passada sobre o destino do busto de Rui Barbosa, a administração limitou-se a informar, em nota de duas linhas, que “a escultura encontra-se na Secretaria Municipal de Meio Ambiente para estudo da destinação final”.

Como se trata de uma peça histórica, não se sabe — e nem a prefeitura informou — qual o motivo da escultura estar sob guarda do Meio Ambiente e não, por exemplo, da pasta de Cultura. Enquanto a “destinação” não for definida, a peça artística continuará desaparecida para a população.




“O Furinho” de 1974 trouxe desenho que mostra círculo em pedestal onde ficava a escultura



Jornal de adolescente

citou local em desenho

O pequeno jornal “O Furinho”, impresso inicialmente em mimiógrafos e que circulou até 1976, foi praticamente o precursor do DEBATE. Ele era vendido de casa em casa pelo então adolescente Sérgio Fleury Moraes, que em 1977 fundou o DEBATE. Mas uma das edições de “O Furinho” traz uma charge, desenhada pelo estudante, criticando o abandono da então praça Rui Barbosa.

O desenho de 1974 satiriza o jurista reclamando que a administração, ao abandonar o logradouro, estava “avacalhando” com seu nome. A charge mostra o pedestal onde hoje está o busto do Major Antônio Aloe, mas havia a inscrição “Praça Rui Barbosa” e abaixo dois sulcos, um deles redondo. Era ali que ficava a escultura feita pelo artista Guido Zampol.

A homenagem a Rui Barbosa permaneceu em Santa Cruz durante quase sete décadas, quando a praça ganhou outro nome. Rui, então, foi esquecido na cidade.

O curioso é que, segundo o historiador Celso Prado, a praça nas imediações do “Chafariz” — local onde nasceu Santa Cruz do Rio Pardo — foi batizada de Rui Barbosa em 1909, quando o jurista ainda era vivo. Rui morreu em 1923.

A homenagem foi outorgada pela Câmara e Celso Prado tem uma cópia digitalizada da lei, cujo texto foi escrito à mão no início do século passado. Hoje é proibido dar nome de pessoas vivas a logradouros ou monumentos.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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