CULTURA

Pascoalino: 'Já não se morre mais pela boca'

Pascoalino: 'Já não se morre  mais pela boca'

Publicado em: 01 de novembro de 2018 às 08:00
Atualizado em: 19 de março de 2021 às 07:41

Já não se morre

mais pela boca

Pascoalino S. Azords

Da equipe de colaboradores

Antigamente, candidato não podia falar asneira. Ou melhor: podia, mas perdia a eleição. E não precisava falar uma coleção de asneiras que afrontam uma inteligência mediana, que afrontam os princípios democráticos e os direitos humanos. Bastava uma, umazinha. Eu me lembro de uma eleição em que o candidato nem precisou dizer a asneira inteira, bastou o seu silêncio reticente.

Era 1985. No último debate, Bóris Casoy perguntou a Fernando Henrique Cardoso se ele acreditava em Deus. Ao invés de responder com todas as letras, FHC preferiu destilar inteligência: “Poxa, Bóris, você disse que não faria essa pergunta!”. Resultado: em uma semana, todos os paulistanos foram informados que FHC era ateu e, assim, ele perdeu a eleição para a Prefeitura de São Paulo para um Jânio Quadros completamente gagá.

Era 1989. Lula estava a dez dias de ganhar a eleição para presidente, mas os marqueteiros de Collor conseguiram um depoimento de uma ex-namorada de Lula dizendo que ele teria pedido para ela abortar a filha que eles acabaram tendo em 1974. Resultado: dez dias foram mais do que suficientes para Collor, o saco roxo daquela ocasião, vencer a eleição.

Em 2002, Ciro Gomes era uma terceira via confiável para quem não queria presidente tucano nem petista. Ciro era casado com a belíssima Patrícia Pillar, que na época se convalescia de um câncer. Respondendo a um jornalista sobre o papel que Patrícia teria no seu governo, Ciro quis destilar ironia afirmando que a ela caberia o importante papel de dormir com o presidente do Brasil. Resultado: Ciro só ganhou no Ceará! Acabou como quarto colocado no primeiro turno, atrás até do Garotinho!

A asneira, dita ou implícita no discurso, custava caro ao candidato, assim como um deslize, uma nódoa no seu currículo. Costumava se dizer, então, que o peixe morre pela boca. Hoje, pelo visto e pelo que ouvimos, esse ditado deve ter caducado. Se já faltava peixe no barranco dos nossos rios poluídos, agora, com essa moda que liberou geral o vômito de asneiras e sandices, morrer pela boca está absolutamente fora de cogitação.

Em Brasília, 19 horas.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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