CULTURA

CARTAS - Edição de 30/06/2019

CARTAS - Edição de 30/06/2019

Publicado em: 05 de julho de 2019 às 23:05
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 05:46

Passeando pela cidade

Ainda em Cuiabá-MT, fui conhecer primeira sorveteria da cidade, inaugurada na década de 20, pelo jovem libanês de 18 anos Miguel Seror. A sorveteria foi inaugurada com o sobrenome de seu criador, depois passando a se chamar Nevaska até os dias de hoje. Todo sorvete é feito de frutas naturais. Delicioso!

De lá, fui conhecer o Porto e no trajeto ruas cheias de árvores e na orla várias lanchonetes e uma recriação do Centro Histórico de Cuiabá, como Rio Cuiabá ao fundo, onde turistas de todo o mundo param para tirar fotos. Lá também fica o Aquário Municipal, o Mercado do Porto, a ponte que separa Cuiabá do município de Várzea Grande e bem aí, no final da orla, uma praça, bem grande, onde observei um aglomerado de pessoas, pontos de ônibus e táxi e muitos policiais e seus carros e fico sabendo que lá, como a maioria dos portos, é um reduto de prostituição e drogas. Por isso, a presença da polícia (dia e noite), para evitar brigas e manter a ordem local. Voltando para casa pude observar que as moradias do bairro onde estou, são imensas, todas com muros enormes, cerca elétrica e portões automáticos e muitos cães e gatos

E não posso deixar de contar que na casa de meus filhos também há mais dois moradores: Mel (uma poodle branca) e Frajola (um gato branco e preto, de olhos verdes claros, transparentes), mando, amoroso, que me fez perder o medo dos felinos.

Continuando os passeios pela cidade, num outro dia, fui conhecer um dia parques da cidade: Parque Tia Nair (o nome de minha mãe). Um lugar lindo, cheio de paz, de pessoas caminhando, correndo, fazendo exercícios, andando de bicicleta, além de patos e capivaras andando livremente por entre as pessoas, num convívio pacífico e de respeito, de se admirar! Bem centralizado fica um grande lago, com pedalinhos, uma tirolesa para os que quiserem se aventurar, e uma pontezinha que leva a uma ilha, para onde as pessoas vão para tirar fotos e se admirar de um pôr do sol, incrível.

Após caminharmos, sentamos num dos vários bancos de madeira, que tem espalhados à beira da pista de caminhada e vi que o parque vai enchendo à medida que as pessoas terminam o expediente profissional para a prática esportiva, para cuidar do corpo e da alma, pois fazem tudo observando aquele espetáculo maravilhoso do sol se pondo e da noite chegando.

— Anna Maria Rocha (Santa Cruz do Rio Pardo-SP)

Meias verdades

De onde parte essa onda de falsidades, versões, simulações e dissimulações que se espraia pela paisagem? Nunca se ouviu um disse me disse tão farto quanto este do repertório de invencionices que usa gravações de conversas, edições de vídeos, vazamentos de mensagens, envolvimento de juízes e procuradores e até redes tecnológicas internacionais?

Fragmentos do que se ouviu nos últimos dias: Hacker russo, bilionário russo, pagamento em bitcoins; Gleen Greenwald, jornalista americano sediado no Brasil, articulador de vazamentos; disseminação de hashtags falsas; compra do mandato de Jean Wyllys para renunciar e dar lugar ao deputado David Miranda (PSOL). E mais: o russo da história seria Pavel Durov, 35 anos, criador do Telegram, que só se veste de preto e muda de casa com frequência com temor do manda-chuvas do Kremlin. Ao lado do irmão Nikolai, ele desenvolveu a plataforma Telegram para conversar sem risco de ser espionado pelo governo de seu país. A ideia surgiu quando os dois ainda eram donos da maior rede social da Rússia, a Vkontakte (VK), criada em 2006.

Lembre-se: a plataforma teria sido a usada pelo ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. O que é verdade? Que houve muita conversa entre eles, não há dúvida. Mas é fato que o fingimento faz parte da nossa cultura, e se mostra forte nesses tempos de polarização, quando adversários se atracam nas redes sociais desfechando punhaladas recíprocas. O caráter nacional, como é sabido, é povoado de fingimento. A propósito, vai aqui uma historinha com essa faceta:

31 de março de 1964. Benedito Valadares se encontra com José Maria Alkmin e Olavo Drummond no aeroporto da Pampulha. Benedito, matreiro, pergunta à outra raposa:

— Alkmin, para onde você vai?

— Para Brasília.

— Para Brasília, ah, sim, muito bem, para Brasília.

Os três saem andando para o cafezinho, enquanto Benedito cochicha no ouvido de Drummond:

— O Alkmin está dizendo que vai para Brasília para eu pensar que ele vai para o Rio. Mas ele vai mesmo é para Brasília.

Eis um despiste bem do jeitão brasileiro: vou enganar meu interlocutor, dizendo-lhe a verdade para tirar proveito da sua desconfiança. Envolve a sagacidade de um e a malandragem de outro. Eles querem dizer: “quando você pensa que está indo, eu já estou voltando”.

A esperteza não se restringe aos atores políticos. Faz parte do cotidiano das pessoas. Os comportamentos na esfera política costumam infringir normas, coisa que herdamos do passado. A clonagem na cultura política chega, hoje, ao mais adiantado grau de sofisticação. A Operação Lava Jato tem sido gigantesco duto por onde passam verdades, meias verdades, mentiras e lorotas. Estamos diante da maior escalada de pistas, muitas falsas, de nossa história, envolvendo atores políticos de amplo espectro, alguns presos, outros denunciados, enquanto adversários travam guerra na arena das redes sociais. Onde vamos parar?

Imensa confusão invade as mentes. Afinal, Lula está preso por ter cometido crime ou por ter sido injustiçado pelo então juiz Moro? Teve culpa ou não nas denúncias como favorecido nos casos do tríplex no Guarujá e no sítio de Atibaia? Houve ou não roubo nos cofres da Petrobras? Tudo foi obra da imaginação de delatores mancomunados com procuradores? Moro fez combinação ou não com Dallagnol?

A história da política é rica nas frentes da simulação e dissimulação. O cardeal Mazarino, ministro de Luis XIII, ensina em seu Breviário dos Políticos: “age com os teus amigos como se devessem tornar inimigos; o centro vale mais do que os extremos; mantenha sempre alguma desconfiança em relação a cada pessoa; a opinião que fazem de ti não é a melhor do que a opinião que fazem dos outros; simula, dissimula, não confies em ninguém e fala bem de todo mundo. E cuidado. Pode ser que neste exato momento, haja alguém por perto te observando ou te escutando, alguém que não podes ver”.

A descrição cai bem no momento que atravessa o país. A falsidade campeia, na tentativa de esconder a verdade. Até parece que os “inventores de causos” que emergem quase todos os dias nas redes sociais aprenderam com Nicolau Eymerich, frade dominicano espanhol que, em 1376, escreveu no “Manual dos Inquisidores”: falar sem confessar: responder às perguntas de maneira ambígua; responder acrescentando uma condição; inverter a pergunta; fingir-se de surpreso; mudar as palavras da questão; deturpar o sentido das mensagens; auto justificar-se; fingir debilidade física; simular demência ou idiotice e até se dar ares de santidade.

Hoje, há muito demônio disfarçado de santo..

— Gaudêncio Torquato (São Paulo-SP)

Previdência

O relator da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, deputado Samuel Moreira, apresentou recentemente o seu parecer que, entre outras mudanças no texto original da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 06/2019, retirou os Estados e Municípios das alterações propostas pelo governo para reformar o sistema de aposentadoria do país.

É inegável que, no que tange a previdência do servidor público, especificamente, a situação da imensa maioria dos entes previdenciários, Estaduais e Municipais, necessita da reforma da previdência. As opiniões sobre a profundidade e o conteúdo têm sido objeto de amplo debate no Congresso. Contudo, é imprescindível que o texto que venha a ser aprovado futuramente atinja a todos os entes, quer sejam os Estados, quer sejam os Municípios.

O Brasil demorou décadas para construir o atual Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Reformas Constitucionais, Leis, Regulamentação Infralegal, Portarias e Instruções Normativas foram editadas pelos órgãos fiscalizadores, sempre baseadas em um sistema único, isométrico, que permita a existência de sistemas de gestão e de controle parametrizados, onde foram investidos milhões de reais na sua aquisição.

Imaginar que toda a sistemática possa ser objeto de alteração, impondo aos entes federativos uma odisseia para regulação dos sistemas previdenciários, é flertar com o caos.

Aos servidores e gestores previdenciários esta imposição é descabida. O frágil argumento para implantação de uma inoportuna liberdade legislativa trará danos irreparáveis ao sistema da previdência pública, sem contar as inúmeras ações judiciais que desencadearão, ante a grande possibilidade de termos tratamento diferenciado para os mesmos benefícios.

Assim, é importante que a reforma da Previdência atinja de forma equânime a todos os níveis federativos, sem exceção, a exemplo das demais reformas previdenciárias já aprovadas no país anteriormente, sob pena de criar problemas imensuráveis aos entes, e consequentemente a todo o País, sejam eles administrativos, jurídicos, e de gestão, permitindo-se a eles, apenas, nuances autorizadas pelas realidades atuariais singulares. Uma flexibilização na legislação pode, apenas, ser permitida aqueles que do ponto de vista atuarial, possuam condições para tanto e é preciso que isso seja compreendido pelos parlamentares brasileiros.

— João Carlos Figueiredo (São Paulo-SP)

Padre Vieira

A primeira vez que conheci o Sermão da Sexagésima foi através de um ator que era financiado por alguma agência de cultura. Ele interpretava o Padre Vieira proclamando seu sermão famoso nas escolas de segundo grau. Fiquei impressionado na época, 1980, e continuo até hoje. Depois que abandonei o ateísmo, essas palavras da Sexagésima voltaram a ecoar na minha mente:

Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há de haver três concursos: há de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há de concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, e necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?

Não deixo de fazer uma reflexão sobre Educação tendo por base a Sexagésima. Acho que os pensamentos do Padre Vieira servem aqui também: de quem é a culpa, do aluno, da escola ou do professor?

Hoje, as redes sociais nos trazem os professores reclamando dos pais que não participam da educação, respeito e orientação aos filhos para fazer tarefa e estudar, reclamam dos salários que os governos pagam, da infraestrutura da escola, etc. O cidadão reclama que os alunos não sabem nada, não aprendem. Sem querer polemizar, se a Educação do Brasil fosse realmente uma das piores do mundo, não teríamos o oitavo PIB do mundo e não existiriam Embraer, Petrobras, Embrapa, Avibras, etc.

Outro ponto, antes de 1970, a Educação no Brasil era tida como de boa qualidade, mas para poucos. A ditadura acabou com o Científico, adotou uma formação técnica e universalizou. Dizíamos que era para o povo não pensar!

Hoje, temos muitas escolas, poucas de qualidade. A maioria das cem melhores está em São Paulo, será que pode copiar para o resto do país? E por que mesmo São Paulo não melhora mais? Quem é o verdadeiro inimigo da Educação, o governo, o método, a escola, o professor, o aluno, os pais? Talvez os políticos...

O governo federal está paralisado esperando a aprovação da Previdência. O Ministério da Educação deveria prover uma reforma que estabeleça método, treinamento de professor, atividades que envolvam os pais, tratamento e socialização de alunos violentos, etc. E os deputados e senadores também deveriam fazer sua parte. Ouçam também Monteiro Lobato.

— Mario Eugenio Saturno (São José dos Campos-SP)




'Fotos do Leitor'



‘Bodas de Diamante’ de Antonio

Lorenzetti e Natalina Mazzeto

De Edílson Arcoleze Ramos de Castro: “A comemoração dos 65 anos de casados de meus bisavós  Antonio e Natalina, em 1960, foi na Marcenaria do meu tio-avô Luiz Lorenzetti, na Rua Conselheiro Dantas (sobrado). Na foto estão meus bisavós e seus filhos, filhas, noras e genros. Sentados da esquerda para a direita: meu tio-avô Marcelo Lorenzetti e sua esposa Júlia;  bisavós Líbera e seu esposo tio-avô Luiz Lorenzetti; tia-avó Matilde Lorenzetti de Moraes e seu esposo Astrogildo Pires de Moraes. Em pé: meu tio-avô Otavio Lorenzetti e sua esposa Argemira Scucuglia Lorenzetti (Nena); meus avós Hyram Ramos de Castro e Deolinda Lorenzetti de Castro (Dióla); Tio José Lorenzetti (Bépe) e sua esposa Alba; tia-avó Palmira Lorenzetti; Helena e Tio-avô Silvio Lorenzetti; prima Leonice Lorenzetti; tia-avó Marina Lorenzeeti Vidor; Daugiza(Zita) e seu esposo tio-avô Antonio Lorenzetti Filho; Helena e Helena e seu esposo Tio-avô Dante Lorenzetti.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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