CULTURA

Nalini: 'Olho no olho funciona'

Nalini: 'Olho no olho funciona'

Publicado em: 01 de outubro de 2019 às 13:04
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 10:30

Olho no olho funciona

José Renato Nalini *

Da Equipe de Colaboradores

No mundo do desemprego, que não aboliu a necessidade vital de se obter recursos financeiros para sobreviver, a procura do que fazer se tornou um desafio impressionante. Antigamente, obter um diploma era o suficiente para garantir uma vaga. Hoje não. Principalmente quando o diploma for um daqueles milhares, expedidos a cada semestre por empresas que se especializaram em vende-los, mediante módicas sessenta prestações mensais.

O mundo precisa de inúmeros profissionais, não necessariamente daquilo que foi importante há um século. O Brasil era o país dos bacharéis. Sérgio Buarque de Holanda, em seu clássico “Raízes do Brasil”, aponta o bacharelismo como uma das características nefastas do País. A cultura leiga e superficial acreditava que o bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais tinha o seu futuro garantido. Isso acabou.

Há legiões de incautos que cursam Direito e pensam que depois as portas estarão abertas. Não estarão. Continuarão a fazer aquilo que faziam antes, só que agora frustrados. Porque acreditaram na promessa do diploma. E isto é insuficiente para exercer, prazerosamente, um ofício capaz de sustenta-lo e à sua família.

É claro que para alguns as portas continuarão abertas. Mas isso não depende da escola, senão do talento, da consciência e do esforço pessoal. Alguém que queira vencer na vida precisa amealhar experiência e conhecimento. Experiência que significa atuar em várias frentes. Fazer serviço voluntário, ter competência para inovar, relacionar-se com empatia, saber expressar-se, ter vontade inabalável, ser otimista, ser polido, ser cordial, comunicar-se adequadamente.

Os “head-hunters”, os que recrutam profissionais qualificados para o desempenho de funções muito diferenciadas, acreditam na entrevista. Esta é o momento ideal para mostrar criatividade. Olho no olho ainda funciona. Infelizmente, para as carreiras jurídicas o obscurantismo considera subjetiva a entrevista e continua a recrutar com base na capacidade de memorização´. Os concursos continuam a priorizar a memória. Querem que o candidato decore uma enciclopédia de informações. Tudo o que está na legislação, na doutrina e na jurisprudência precisa estar na cabeça do candidato, porque estará na perspicácia do examinador, ávido por evidenciar sua erudição.

Os equívocos nesse modelo de seleção farão com que as coisas mudem. Assim como a empresa, instituição que teve de sobreviver aos percalços das mutações e não teve por si o Erário a sustentar os erros, o amadorismo e a mentalidade tacanha de alguns detentores de poder.

Há muitos caminhos abertos a quem tem vontade de trabalhar. Não exatamente naquilo que os antigos diziam ser importante. O importante hoje é ser cada vez mais humano. Um exemplo eloquente: os cuidadores de idosos são cada dia mais necessários. Foi uma função que cresceu quase mil por cento nas últimas décadas. A tendência é aumentar ainda mais. Enquanto isso, as carreiras tradicionais dos bacharéis estão na lista da extinção. É o que diz o Fórum Econômico Mundial, que os incluiu na relação dos 702 que vão desaparecer nas próximas décadas.

Quem tiver juízo e olhos para enxergar, retificará o rumo de seu futuro. Ainda é tempo.

* José Renato Nalini

é desembargador,

ex-secretário de

Educação de

São Paulo, Reitor

da Uniregistral,

palestrante e conferencista



  • Publicado na edição impressa de 22/09/2019


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