CULTURA

‘Amigo sim, bullying, não’

‘Amigo sim, bullying, não’

Publicado em: 18 de outubro de 2019 às 16:36
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 05:58

Escola de Santa Cruz do Rio Pardo implanta

projeto para estimular o respeito entre estudantes

A aluna Isadora, do grupo que produziu um gibi



Diego Singolani

Da Reportagem Local

Através de músicas, filmes, debates e artes plásticas, a escola municipal “Professor Sebastião Jacyntho da Silva”, no bairro João Piccin, em Santa Cruz do Rio Pardo, tem desenvolvido o projeto “Amigo sim, bullying não”, que visa combater qualquer tipo de violência no ambiente escolar. A iniciativa envolve estudantes do ensino fundamental e, graças ao seu sucesso, deve ser implementada em outras escolas da rede de ensino da cidade pela secretaria de Educação.

No início do ano, a professora Karina de Rossi Leocadio, 42, começou a pesquisar atividades que pudesse desenvolver com seus alunos para conscientizá-los sobre os riscos do bullying. Karina acabou encontrando o trabalho do músico Cláudio Santana, que é utilizado, gratuitamente, por instituições de vários Estados. “O Claudio tem um filho que sofreu bullying e desde então ele se engajou na causa. Ele envia por e-mail todo o cronograma de atividades e o material audiovisual”, explicou Karina. Em abril, mês de aniversário da escola e que também marca a luta contra o bullying, sua sala fez uma apresentação de canto e coreografia. A letra da música fazia referência a cultura de paz e ao respeito às diferenças. “Nós tivemos total apoio da diretoria, coordenação e demais professoras. O projeto se expandiu para toda a escola e agora cada docente tem liberdade para desenvolver suas iniciativas”, diz Karina.

Nem toda agressão no ambiente escolar pode ser classificada como bullying, mas todo caso de bullying envolve algum tipo de violência física ou emocional. Ele é sempre praticado de maneira intencional, de forma constante e tendo como alvo, geralmente, alguém indefeso. O termo surgiu a partir do inglês “bully”, que significa tirano ou valentão, em tradução livre para o português. As consequências do bullying podem ser devastadoras. Desde desestimular a criança a ir à escola, passando por traumas emocionais e físicos, até chegar aos casos de suicídio e massacres, como já ocorreu dentro e fora do Brasil.

O projeto “Amigos Sim, Bullying não”, implantado na “Sebastião Jacyntho”, busca, além de conscientizar as crianças sobre o que é a prática e como elas devem agir diante de uma situação do tipo, também pretende estimular a empatia entre os alunos, para que eles se coloquem no lugar do outro. Em uma das atividades, as crianças escreveram em um papel uma ação que deveria ser realizada pelo colega, como dançar, imitar um animal ou fazer uma careta, por exemplo. Após as anotações, a professora revelou que, na verdade, eles teriam que realizar a própria ação que escolheram para o amigo. “Queremos que a escola seja um ambiente agradável, de respeito, onde todos tenham vontade de estar”, afirmou Karina.

Abaixo, letra de música usada para apresentação



À direita, painéis construídos por várias turmas de estudantes da escola “Sebastião Jacyntho da Silva”



Arte e conscientização

Pelos corredores e salas da escola Sebastião Jacyntho, dezenas de cartazes e murais são expostos com frases e desenhos produzidos pelos estudantes. Muitas das mensagens são no sentido de encorajar as vítimas ou testemunhas de bullying a denunciarem o fato. Outra iniciativa foi a construção de uma urna itinerante, que a cada semana fica em uma sala. Nela, em anonimato, se preferirem, os alunos podem expor as situações que os encomenda. Os casos são avaliados pelos professores, direção e os pais podem ser chamados, se necessário. “Algumas crianças falam sobre situações que acontecem em casa e não na escola. Às vezes, pode ser um apelido que a família utiliza e que magoa a pessoa”, declarou Karina.

A estudante Isadora Gabriele de Oliveira, 11, está no quinto ano do ensino fundamental. Ela e um grupo de amigos produziram um gibi que fala a respeito do bullying. O grupo criou a história e as ilustrações. Isadora conta que já sofreu bullying quando usava aparelho odontológico. “Com esse projeto, várias crianças que sofrem bullying se sentem mais à vontade para falar do caso delas com outras pessoas”, afirmou.

Para a diretora da escola Sebastião Jacyntho, Ana Lúcia Rosalem, conseguir distinguir o bullying de uma briga ou brincadeira de mal gosto é um fator importante trazido pelo projeto. “Assim, nós conseguimos acolher melhor as crianças e encontrar soluções mais adequadas para cada situação”, disse. Ana Lúcia afirma que tanto os casos de bullying como as brigas diminuíram sensivelmente após o projeto que estimula a empatia e o respeito a diversidade entre os alunos. 



  • Publicado na edição impressa de 13/10/2019


SANTA CRUZ DO RIO PARDO

Previsão do tempo para: Segunda

Céu nublado com chuva fraca
21ºC máx
16ºC min

Durante todo o dia Períodos nublados com chuva fraca

voltar ao topo

Voltar ao topo