CULTURA

João Zanata Neto: 'Compreendendo tudo'

João Zanata Neto: 'Compreendendo tudo'

Publicado em: 05 de novembro de 2019 às 15:07
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 05:43

Compreendendo tudo

João Zanata Neto

Da Equipe de Colaboradores

Meditemos sobre a vida em todos os seus aspectos e encontraremos todo um espectro das emoções humanas como um conjunto imenso de sensações que nos fazem perceber o mundo e os seus mistérios. Desde o mais trivial pensamento até os mais profundos trazem contribuições para a transformação do ser. Este ser que manifesta a humanidade intrínseca não é um sujeito histórico. Desde sempre o seu conteúdo emocional foi a expressão do humano que há em si. A cronologia da emoção não é uma função do tempo ou a medida da sua evolução histórica. Os sentimentos humanos são atemporais e sempre presentes em todas as fases históricas. O humano é um conceito universal que não varia nas diversas circunstâncias históricas. O humano é um valor filosófico que não se traveste com novas roupagens. Ele não pode ser relativizado de acordo com o momento histórico, pois ele em si é a própria essência do ser.

Compreender o ser em cada fase da civilização em seus momentos históricos é atribuir a sua humanidade referências que não afetam a sua essencialidade. O humano está sempre intrínseco ao ser livres de qualquer referência histórica ou temporal. Não importa que hoje sejamos considerados hedonistas, escravos da ansiedade e experimentadores de uma crise de identidade, pois as emoções humanas são sempre os mesmos sentimentos. Qual civilização não teve os seus vícios? Quem não há de perceber que tais emoções proveem da mesma essência intrínseca?

Novos conceitos sobre a humanidade atual tais como ditadura da imagem, crise de identidade, simbiose coletiva, hedonismo et. são projeções para o entendimento do ser, contudo, o ser de hoje e o de outrora sempre foram uma expressão da sua humanidade intrínseca. Estudar e compreender o ser atual, dentro das novas circunstâncias históricas, é relativizar equivocadamente uma essência humana que não se transforma, pois operar uma mudança naquilo que lhe é essencial, é afirmar a redução do ser a uma coisa que não se parece com um ser.

Mas, o que estamos estudando? Se a humanidade é uma essência intrínseca em cada indivíduo, por que ele se recusa a manifestá-la? O que impede a harmonia entre os seres? A maldade passa a ser, assim, a negação da própria essência ou o esquecimento do ser que há em cada corpo animado. Não importa como tal negação se manifesta, ela será sempre uma desconsideração do humano presente em cada ser.

Por que os seres procuram uma referência se nele mesmo reside a personalidade? Por que o mundo lhe causa um vazio, deixando-o com ansiedade, fazendo-o buscar os excessos de um comportamento hedonista? A busca incansável pelos prazeres é o remédio para a crise de identidade porque todos se sujeitam a uma ditadura da imagem. O mundo atual se desenrola sob um ritmo virtual onde todos estão vulneráveis a um mercado que lhes impõem referências de acordo com os interesses das corporações, configurando o que se denomina simbiose coletiva, uma interação entre todos os vitimados pela crise de identidade. Há uma exploração lucrativa da ansiedade que assola a coletividade. A contemplação da beleza do natural perdeu a importância ante a ideia do ter que lhe empresta uma falsa personalidade. O coletivo virtual é vítima das normoses, dos atos supostamente normais que lhe causarão uma futura ansiedade. Tais ansiedades exigem uma busca incessante por dopaminas, a mãe de todos os vícios. Até mesmo os singelos jogos cibernéticos são considerados vícios, uma sede indomada por dopaminas que não admite frustrações. O efeito colateral de tais vícios é o chamado reptilianismo, um atrofiamento do córtex frontal, o elemento transformador da maturidade intelectual. A queda da lei do pai, o mundo do tudo pode, foi propositalmente deliberada, pois a liberdade costuma não ter freios. O mundo do “novo” que dura pouco é o gerador de todas as incertezas.

Mas tudo isto só ocorre porque o ser esqueceu-se da sua essência humana. A bondade reside adormecida em todos os seres. Ela é inata ao ser e é a referência maior que o individualiza. Se todos olhassem para dentro de si, encontrariam motivos mais que suficientes para suplantar qualquer crise. 

* João Zanata Neto é escritor santa-cruzense, autor do romance “O Amante das Mulheres Suicidas”.



  • Publicado na edição impressa de 27/10/2019


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