CULTURA

A luta para sobreviver

A luta para sobreviver

Publicado em: 12 de março de 2020 às 18:29
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 07:28

Sebastiana Bastos enfrenta sol quente e sai às

ruas para vender sorvete e complementar a renda


André Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Ela é Sebastiana Meira Bastos. Tem 65 anos e não consegue pagar todas as contas. Sebastiana, então, não tem outra alternativa a não ser, em alguns dias do mês, enfrentar o sol quente e sair às ruas para vender sorvete.

A reportagem encontrou ela por acaso. Voltava de uma entrevista no sábado, 7, quando Sebastiana estava andando na rua Antônio Pereira dos Santos. Ela usava um chapéu e estava de costas. Nas mãos, levava o carrinho e a vontade de vender o máximo de sorvetes que conseguisse. Tradicionalmente, também buzinava sua corneta.

O pedido para uma entrevista foi, a princípio, estranhado por ela. “Comigo? Por que comigo?”, questionou. “Porque amanhã é o Dia Internacional da Mulher e, ao ver uma guerreira como a senhora num sol quente deste, pensei que daria uma boa história a ser contada”, respondeu o repórter.

Ela ficou feliz ao saber que o Dia da Mulher aconteceria no dia seguinte.

“Mas não pode dar problema para mim, não, né?”, insistiu Sebastiana. “Não, não vai dar problema algum. Pode ficar tranquila”.

Ela admite ter dificuldades para vender os gelados. Não é todo dia que consegue vender tudo — são raras, aliás, as vezes em que isso acontece. “Tem dia que é duro. Tem dia que é mais ou menos”, conta, com linguajar simples.

O valor que arrecada com a venda de sorvetes nem sempre é suficiente para pagar todas as contas. Passa aperto, pois paga aluguel.

Nascida na fazenda Cocaes, em Santa Cruz, perdeu o pai aos sete anos. Um ano depois, foi morar em Sodrélia com a mãe. Trabalhou na zona rural, foi empregada doméstica e funcionária da Codesan, então empresa de economia mista. Uma história de muita luta.

Sebastiana tem filhos adultos e também é avó. Seus netos são ainda crianças. “Um tem quatro anos; outro, dois. A mais velha está tirando carta e estudando para concurso”, lembra, enquanto sorri.

Não se casou ao longo da vida. “Não ia casar, não. Nunca quis”, ri. Pouco depois, vendeu um sorvete para o repórter. 



  • Publicado na edição impressa de 08/03/2020


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