CULTURA

João Zanata Neto: "Histeria"

João Zanata Neto:

Publicado em: 04 de abril de 2020 às 04:47
Atualizado em: 26 de março de 2021 às 20:43

Histeria

João Zanata Neto

Da Equipe de Colaboradores

Vamos viver alguns dias de feudalismo em castelos cerrados. Nos feudos, os cidadãos estão ocultos e segregados em seus lares. Agora que somos como o gado confinado, o lar doce lar passa a ser tedioso para os mais afoitos que não veem a hora de retornar ao bar doce bar. É hora de lavar as louças, brincar com as crianças e conversar com a esposa, cuidar do jardim, olhar para as estrelas ou apenas fechar os olhos e contemplar o silêncio. Garanto que se sairão bem melhor do que antes.

Divagações à parte, mas nestes dias da pandemia, o momento é sério. O momento é sério, mas você não precisa se tornar sério. Assim, você estará morto antes do falecimento.

A despeito da origem desta pandemia, o certo agora é que nós somos os vetores de contaminação. É dever de todos não contaminar o próximo e não se deixar contaminar.

Agora, todo ser humano tem a oportunidade de expressar a sua verdadeira face. Vamos conhecer todos os egoístas e os idiotas que perambulam por aí. Vocês terão a exata noção da insensatez humana.

Este pequeno agente infeccioso foi capaz de desligar a máquina do capitalismo. Em termos econômicos, está se desenhando um cenário de estagflação onde há pouca demanda, pouca oferta, preços altos, lucro baixo e muito desemprego. Mas tudo isto é vencível no longo prazo.

Nestes dias de crise, não basta o perigo da contaminação. Muitos se dedicam a criar uma tempestade psíquica. A mídia não sofre uma crise de credibilidade. Ela é um instrumento nas mãos dos terroristas mentais. A mente do ser humano é tagarela e capaz de criar suspense e terror aos acontecimentos naturais. A histeria de algumas mentes não é patológica. Ela é a consequência da falta de controle mental acompanhada de um sadismo e ou masoquismo não superado. Os brasileiros que foram resgatados da China e ficaram em quarentena demonstraram muita sensatez, pois alguns até se dedicaram à meditação. Talvez, muita gente não prestou atenção a este fato, mas ficou ali registrado um grande exemplo de controle mental.

Todo mundo gosta de encontrar paralelos tais como a música do Raul Seixas etc. Só faltou mesmo encontrar as quadras do Nostradamus que se encaixam na pandemia. Na verdade, estas ilustrações que denotam uma grande sacada dos comparadores de plantão só servem para bombar as visualizações do youtuber. A pantomima é sempre mais interessante.

Falando em seriedade, é preciso lembrar que na minha geração – porque sou dos primórdios da informática – o pronunciamento nacional do governo era coisa muito séria, fruto da melhor ponderação política. Era coisa de caso pensado. Agora, os pronunciamentos parecem direcionados a contentar chineses e investidores da moeda estrangeira. Eles parecem que não são de caso pensado, mas são sim. Depreciar a moeda nacional é bom para exportar, porém, exportar para quem é o problema agora.

Enquanto o mundo se descabela tentando conciliar a vida dos cidadãos com a saúde econômica, os cientistas estão compenetrados em lançar uma vacina. Eles têm foco e controle mental de dar inveja. É preciso conhecer o inimigo e derrota-lo em suas fraquezas.

Ariano Suassuna dizia que tudo o que é ruim de passar é bom de contar. Isto explica a tagarelice pandêmica. Mas, como ele mesmo disse: tudo passa e o tempo duro tudo esfarela.

* João Zanata Neto é escritor santa-cruzense, autor do romance “O Amante das Mulheres Suicidas”.



  • Publicado na edição impressa de 29/03/2020


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