CULTURA

Artigo: 'Estamos doentes - 2'

Artigo: 'Estamos doentes - 2'

Publicado em: 06 de maio de 2020 às 23:18
Atualizado em: 28 de março de 2021 às 11:10

Estamos doentes-2

Nayara Moreno

Da equipe de colaboradores

Em março de 2019, há pouco mais de um ano, escrevi neste mesmo espaço um artigo com o título “Estamos doentes”. A coluna abordava o clima doentio de ódio, intolerância e impaciência que se estabelecia no Brasil. Pois bem. Infelizmente, esse artigo precisará ter uma continuação, para que, novamente, possamos refletir para o bem e o equilíbrio de nossa saúde mental.

Há algumas semanas, o tema do artigo foi: “E a cloroquina, hein?”. O texto pega carona no debate em torno da eficiência da medicação no tratamento da COVID-19 para mostrar os riscos de se indicar remédios sem o aval de um médico, seja a cloroquina ou qualquer outro medicamento, para qualquer tipo de doença. Essa coluna, dias depois, foi publicada no site e nas redes sociais do jornal DEBATE e também nas redes sociais da AN Enfermagem, empresa da qual sou Responsável Técnica.

Não demorou para que os comentários no Facebook desvirtuassem completamente o propósito inicial do texto e um debate insano e doentio sobre o atual momento da política brasileira começasse e não tivesse fim. Leitores e seguidores a favor do presidente Bolsonaro não conseguiram interpretar o texto corretamente (ou, propositalmente, não o quiseram) e destilaram uma chuva de ofensivas a mim. Os opositores do governo rebatiam, muitas vezes também com o mesmo ódio. No meio do fogo cruzado estava uma parcela mais sensata, que entendeu que a preocupação era evitar a automedicação inconsequente. Ufa!

Muito triste que a pobre cloroquina, um bom remédio contra a malária, tenha virado munição para pessoas cegadas por ideologias políticas que nem sequer são bem entendidas por quem diz que é de Direita ou Esquerda. Aliás, um tempo para atualizações: o Conselho Federal de Medicina autorizou, na semana passada, o uso da cloroquina para pacientes infectados pelo Coronavírus, ainda em estágio inicial da doença. Porém, o mesmo órgão deixa claro: não há nenhuma pesquisa científica em qualquer parte do mundo que comprove a eficácia da cloroquina contra a COVID-19.

Voltando à insanidade. Os cães raivosos a favor ou contra o presidente do Brasil precisam fazer um grande esforço neste momento de pandemia para entenderem que quando um paciente está entubado em uma UTI, lutando pela vida, pouco importa se ele votou ou não em Bolsonaro. O vírus não quer saber disso. Os remédios administrados, seja a cloroquina ou não, não diferenciam os doentes bolsonaristas dos esquerdistas.

Medicina e enfermagem são ciências com técnicas e protocolos. Fora do hospital existem diretrizes políticas para a saúde pública. Dentro, há ciência. Menos fanatismo político e mais técnica e conhecimento acadêmico.

Caso contrário, seguiremos doentes irracionais dando cabeçadas em redes sociais e enterrando amigos e parentes. Boa semana e continue lavando as mãos.

* Nayara Moreno

é enfermeira

pós-graduada e

Responsável

Técnica pela

AleNeto

Enfermagem 



  • Publicad0 na edição impressa de 26/04/2020


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