CULTURA

Artigo: "A situação é muito pior"

Artigo:

Publicado em: 14 de maio de 2020 às 00:23
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 01:02

A situação é muito pior

Nayara Moreno

Da equipe de colaboradores

O título desta coluna bem que poderia se referir à crise do Coronavírus, pois, por causa da subnotificação, o número de mortes e casos é bem maior do que o oficial, segundo especialistas. Aliás, nem precisa ser um estudioso para saber que um país que testa tão pouco a população nunca chegará no número real de infectados e mortos pela doença.

Mas, não, a coluna de hoje não é sobre o Coronavírus. Hoje vamos abordar a crise na saúde que assola esse país há décadas e décadas. O que é o básico do básico do básico da saúde pública? O saneamento básico. Evitar que o brasileiro não conviva bem de perto ou diretamente com seus dejetos humanos (em bom português, fezes e urina) é essencial para sua dignidade e sua saúde. Mas, em pleno ano de 2020, 48% da população deste país não tem acesso ao saneamento básico. A informação é do Instituto Trata Brasil, a maior autoridade no assunto neste país. Eu faço questão de escrever de novo para que você, caro leitor e caríssima leitora, não ache que leu errado: quase metade dos brasileiros vivem em lugares onde as fezes ficam em céu aberto.

De acordo com dados do SUS (Sistema Único de Saúde), 11 mil pessoas morrem por ano no Brasil por doenças relacionadas ao alto índice de esgoto não tratado no país, a falhas no abastecimento de água potável e ao manejo de resíduos.

A calamidade não para por aí. O brasileiro carece de educação de higiene pessoal. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 1.300 pessoas são internadas diariamente por doenças relacionadas à falta de higiene pessoal (virose, infecção alimentar, diarreia, etc), como não lavar as mãos e não lavar os alimentos antes de consumi-los. Isso deveria ser conteúdo escolar. O problema se agrava com a falta de dinheiro para muitas famílias comprarem sabonete, pasta de dente, detergente, shampoo, etc.

Acho que nem é necessário falar sobre a falta de leitos em hospitais públicos, demora para consultas, dificuldade para conseguir remédios. O drama não para por aí. Toda a classe da enfermagem e médicos trabalham, há muito tempo, bem antes da COVI-19, sem a quantidade suficiente de materiais de proteção, como luvas. Também faltam médicos nas regiões mais carentes do país, justamente aquelas que não tem saneamento básico. O programa Mais Médicos amenizou isso, mas foi desfeito e agora temos que chamar os médicos cubanos de volta...

A pandemia do Coronavírus agrava tudo isso, mas, mais cedo ou mais tarde, ela vai ser controlada. E a desgraçada da nossa saúde pública vai continuar. Eu sei que é difícil para nós, que vivemos em uma região próspera, entender tudo isso. Mas essa é a realidade consequência da negligência de décadas e décadas de nossas autoridades.

Lamentemos. E continuemos lavando as mãos.

* Nayara Moreno

é enfermeira

pós-graduada

e Responsável

Técnica pela

AleNeto

Enfermagem 



  • Publicado na edição impressa de 03/05/2020


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