CULTURA

João Zanata Neto: "Fonte das fontes"

João Zanata Neto:

Publicado em: 23 de maio de 2020 às 07:41
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 05:32

Fonte das fontes

João Zanata Neto *

Da Equipe de Colaboradores

Às vezes, é preciso desabafar com alguém da nossa inteira confiança. Talvez, esta seja a verdadeira terapia ou a explicação dos casos bem sucedidos da psicanálise. Encontrar alguém disposto a ouvir parece tão clínico quanto a própria psicanálise.

Embora a psicanálise tenha surgido como um tiro no escuro, ela sempre teve a boa intenção da cura alheia. Enquanto Paulo fundou a religião, Freud erigiu uma sólida teoria psicanalista tal qual a igreja, ambas com o mesmo intuito da salvação.

A psicanálise também teve a sua diáspora e foi reformulada por Jung nos pontos discordantes. E isto tudo é muito natural dentro de um processo dinâmico de conhecimento. O que há de tão certo que não pode provocar questões entre os humanos? Entre todos os seres humanos a ignorância das verdades é como o escuro que vai sendo aclarado com muito esforço da racionalidade.

Se Freud tivesse denominado o inconsciente de alma, teria fundado o Espiritismo antes de Kardec. Se Jung, ao se abeberar dos conhecimentos vedantas, tivesse compreendido os arquétipos como memória cármica ou acessos akaschicos teria abandonado a psicanálise. Na verdade, todas as filosofias, ciências, religiões, espiritismo e credos estão muitos próximos dos vedas. É do Bhagavad Gita que provém todas as ideias sobre o divino e do universo. O Bhagavad Gita tem mais de 6 mil anos antes Cristo e o maior número de fiéis no planeta.

Os exemplos são inúmeros. Basta lê-los e fazer comparações. Um arquétipo universal do São Jorge e o dragão, presente em todas as culturas sob diversas representações, provém do Bhagavad Gita. É curioso lembrar, também, daquela música do Raul Seixas que não é na verdade de Paulo Coelho e também não é de nenhum dos dois. Ela cantava “Eu nasci há dez mil anos atrás e...”. Recordaram-se? Pois é, ela é um hino de Krishna no Bhagavad Gita dentro do Mahabharata. Ainda bem que há o domínio público não é! Pelo menos tiveram a nobre função de divulgar o poema.

Desta forma, parece que se está regurgitando um conhecimento muito antigo sem se dar conta. Esta miscelânia de conhecimentos derivados que se difunde através de filosofias, religiões e credos causam confusão, descrenças e fanatismo. É preciso buscar a fonte das fontes.

Não é sem propósito que as descobertas dos textos apócrifos têm causado furor em muitas religiões. As escolas filosóficas de Platão eram templos de uma filosofia hermética. Hermes de Trismegisto legou aos gregos toda a filosofia védica. O Mito da Caverna de Platão que todo estudante de Direito lê está nos Vedas. A arquitetura egípcia é comprovadamente uma estrutura de templos onde se praticava o hermetismo e o hermetismo é o conhecimento védico. O hermetismo também foi difundido na Índia, a mahabharata, a grande terra da Índia. Por motivos históricos, o hermetismo da Grande Fraternidade Branca migrou do Egito para o Tibete. Ela é a mãe de todas as filosofias herméticas como a Kabalah, a Rosa Crusis, os Martinistas etc.

Cristo é um nome que deriva do greco Christos que de Krishna em sânscrito. Ele trouxe da Índia o conhecimento védico para os hebreus. A sagrada Estrela de David é um hexagrama védico. O turibulo dos católicos é um ritual védico onde incensos são fumegados.

A Índia que foi dominada em cada período histórico por mongóis (Palácio mausoléu Taj Mahal), pelos árabes (mesquitas com portais hindus) e pelos ingleses manteve-se védica apesar de tudo. O hinduísmo não existe, é uma imposição britânica e engana-se quem pensa que possui mais de mil deuses, pois todos são manifestações de um mesmo Ishvara (palavra Deus em sânscrito).

Ante tudo isto, não é preciso dizer sobre a confusão geral que se estabeleceu na ideia de todos. Não há nada de mais explorar cada faceta da mesma verdade num processo de conhecimento que evolui do ceticismo ao saber divino. O que não se pode fazer é ler apenas um conhecimento e achar que tem a verdade. A verdade está na fonte das fontes. 

* João Zanata Neto é escritor santa-cruzense, autor do romance “O Amante das Mulheres Suicidas”.



  • Publicado na edição impressa de 17/05/2020


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