CULTURA

Franco Catalano: "Cidade para todos"

Franco Catalano:

Publicado em: 01 de junho de 2020 às 11:40
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 11:00

Cidade para todos

Franco Catalano *

ARTE    Após a repercussão positiva do último artigo, no qual eu provocava a população a sair da zona de conforto no campo da arquitetura, decidi continuar explorando o tema nesta semana. Morar bem, com espaços bem pensados e desenho de qualidade não dependem de um orçamento gigantesco. Sempre digo: sai mais caro executar um projeto ruim, do que investir em algo durável e bem resolvido.

Santa Cruz tem casas lindíssimas... da porta para dentro. O morador investe em lustres, revestimentos caros, móveis de grife. Piscinas aquecidas, ar condicionado na casa toda, automação das janelas. Mas, por fora, o que vemos são muros altos, grades, cercas elétricas e um paisagismo preguiçoso. O legado de cada casa, além da óbvia função de abrigar com conforto seus habitantes, é tornar a cidade mais bela. Em consulta à Prefeitura Municipal, descobri que a cidade possui 13.830 imóveis, dos quais suponho que pelo menos metade sejam residências. Imagine se cada uma delas contribuísse, através de um pensamento comunitário, para o embelezamento das ruas e bairros.

Cabe também ao poder público direcionar e fiscalizar o modo de construção no município. Como visito Santa Cruz em intervalos que, às vezes, chegam a meses, muitas vezes me espanto como a cidade tem sido enfeada. Citarei alguns dos desastres que vi, agora fora do espectro individual: o indignante fechamento com grades da Praça da Matriz de São Sebastião, que apesar de ser um local pertencente à Igreja, sempre teve caráter público; o lançamento de diversos loteamentos residenciais ao longo da Avenida Coronel Clementino Gonçalves, numa proximidade preocupante a uma zona que concentra cada vez mais indústrias; e finalmente a construção de uma quadra coberta em frente ao Supermercado São Sebastião, que não respeita nenhuma diretriz de recuos e alinhamentos, além de desconsiderar totalmente o efeito estético que uma construção daquele porte pode causar à paisagem urbana.

Quando rogo por uma cidade bonita, não quero dizer para colocar um vasinho de flores na janela. Vai além disso. É um pensamento macro, urbano. A cidade precisa de ordenação territorial, desde distâncias seguras entre setores incompatíveis como moradia e indústria, até a configuração de uma cidade coerente, onde as casas mantenham o mesmo alinhamento predial para “desenhar” e definir formalmente as ruas.

Mas nem tudo está perdido! Cabe a mim também ressaltar alguns dos acertos da Administração: o alargamento das calçadas da Rua Conselheiro Dantas e a substituição progressiva dos postes de iluminação, despoluindo as vias públicas com o aterramento da fiação foram excelentes iniciativas. Que essas atitudes inspirem a todos a olhar mais para o conjunto, do que para o particular.

* Franco Catalano é santa-cruzense, cursou História da Arte em Madrid e é arquiteto



  • Publicado na edição impressa de 24/05/2020


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