CULTURA

Beatles ‘forever’!

Beatles ‘forever’!

Publicado em: 14 de junho de 2020 às 14:20
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 21:04

A cada dia cresce mais a legião de fãs da banda inglesa, inclusive em Santa Cruz, mais de meio século após seu fim

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

A maior banda de rock da história tem várias datas comemorativas em todo o planeta. Em janeiro, por exemplo, comemora-se o “Dia Internacional dos Beatles”, uma data estabelecida pela Unesco — Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. No sábado, 6, foi o “Dia Internacional dos Fãs dos Beatles”, que certamente tem a ver com muitos santa-cruzenses. Afinal, meio século depois da separação da banda, a legião de fãs cresce até entre pessoas que nem viveram a época do quarteto de Liverpool.

Um deles é o servidor público Tiago Cachoni, 35, que por sinal é músico. Ele mora numa chácara próxima ao Centro Recreativo Special Dog, onde a cultura e a música estão no ar. Por todos os cantos há estantes com livros, CDs, DVDs e centenas dos antigos discos de vinil.

Até livros dos Beatles Tiago tem (Foto: Sérgio Fleury)



Os Beatles, claro, são presença obrigatória no dia a dia de Cachoni, seja na literatura ou na música. Tiago, aliás, tem a coletânea completa da banda em DVD e faltam poucos discos para completar a coleção em vinil. Ele também tem discos e obras individuais de Paul McCartney e John Lennon, além de pôsteres. Um dos quartos foi transformado em estúdio, inclusive com uma bateria.

Ligado ao rock desde a infância, Tiago Cachoni é vocalista e guitarrista da banda santa-cruzense “Landau 69”. O gosto musical surgiu com os pais — a mãe gostava da música dos anos 1980 e o pai, do estilo sertanejo. “Puxei minha mãe”, admite.

A música, por sinal, floresceu na vida de Tiago logo aos 5 anos, quando ele começou a gravar programas de rádio. “Eram as fitas cassetes. Gravava tudo o que gostava, desde canções infantis até rock”, contou.

Apesar de integrar uma banda tradicional em Santa Cruz, com 18 anos “na estrada”, Tiago acredita que não deve ser considerado músico. “Na minha família, apenas meu avô tocava cavaquinho, mas não cheguei a ter contato com ele. Eu aprendi o básico e toco violão e guitarra. Na verdade, gosto muito de cantar”, explicou.

Assim como Cachoni, todos os “Landaus” adoram Beatles. “Todo mundo que gosta de música, inevitavelmente vai passar pelos Beatles em algum momento. Não dá para ficar indiferente. O rock não nasceu com o quarteto, mas subiu de patamar com a banda”, disse.

Segundo Tiago, o rock foi apresentado a ele por intermédio de outras bandas consagradas no mundo. “Mas quando descobri Beatles, foi marcante. O engraçado é que trata-se de uma banda que durou pouco tempo, em torno de dez anos. Porém, cinco décadas depois, ainda existem traços dos Beatles em qualquer outra banda”, avalia.

O músico acha que a primeira vez que ouviu Beatles foi na televisão, no filme “Curtindo a Vida Adoidado”, cujo tema é a conhecida “Twist and Shout”. E passou a cantar, mesmo sem saber que aquilo era Beatles.

‘Rato de sebo’

Tiago se considera um “rato” de sebos, onde costuma “garimpar” livros e discos. Sem se considerar um colecionador dos Beatles, ele praticamente possui tudo da banda. Tem os 13 discos em CD e sete ou oito bolachas de vinil. “Fora alguns livros e parte da carreira solo de cada um, principalmente do Paul McCartney, que era a cabeça da banda junto com o Lennon”, afirmou. Para ele, Paul era “o cara da melodia”, enquanto John era mais rock and roll.

Quando Tiago nasceu, os Beatles já tinham se dissolvido havia 15 anos. Mesmo assim, ele se orgulha de, ao menos, ter assistido ao vivo uma apresentação de Paul MacCartney. “Foi no Morumbi, em São Paulo. Me impressionou, pois não abaixou o tom das músicas, apesar da idade. São pouquíssimos que conhecem chegar a uma certa idade cantando igual a antigamente”, afirmou.

Se puder, Tiago garante que vai novamente ver Paul no palco. Enquanto isto não acontece, ele segue buscando preciosidades dos Beatles na internet ou revendo as músicas. O curioso é que, segundo ele, não dá para enjoar da banda. “É lógico que, depois de cantar vários dias, você acaba deixando uma música de lado. Mas em pouco tempo você a retoma”, ressalta.

Tiago está “aquartelado” com a namorada neste momento de pandemia. No entanto, o casal já pensa em casamento e, obviamente, em filhos. Neste caso, sonha em transmitir o gosto pela música. “Alguém precisa herdar esta coleção”, brinca. 




DISPUTADOS — Dijalma e os discos antigos dos Beatles: campeões de vendas (Foto: Sérgio Fleury)



Discos da banda são os

mais disputados em sebo

Dijalma de Souza Marques, que dirige há 14 anos o “Sebo Literário Santa Cruz”, garante que qualquer produto relacionado aos Beatles tem saída garantida. Há algum tempo ele pensa, inclusive, em fechar o estabelecimento pela crise — financeira e cultural. As vendas caíram nos últimos anos, menos quando se fala em pôsteres ou discos e DVDs dos Beatles.



“Tanto é uma loucura que tenho atualmente pouca coisa dos Beatles. Tudo que chega, vai embora”, conta. Outras bandas com saída garantida são Rolling Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin e AC/DC.



Dijalma, ele próprio um fã declarado dos Beatles, admite que possui a discografia completa da banda no computador. Ele se diz impressionado quando crianças buscam produtos da banda inglesa. “Certamente isto vem de pais e avós, mas há muitas crianças que procuram discos. Não é DVD, são vinis mesmo”, afirma.



Ele conta que até pôsteres da banda têm saída garantida. “Sobrou apenas dois neste momento — e isto porque permaneci fechado com esta pandemia”, diz.



Produtos da “beatlemania” também são procurados por pessoas da região. Dijalma conta que, a cada final de ano, vai a São Paulo para vender livros, discos e gibis. “Meus colegas pedem o telefone e solicitam para avisá-los quando chega algum disco de rock, principalmente dos Beatles. Teve um dia em que vendi, de uma só vez, R$ 800 em discos”, lembra.



O dono do sebo tem muitas histórias dos Beatles para contar. Uma vez, adquiriu quatro álbuns duplos da banda e ficou em dúvida sobre colocar à venda. “Na verdade, eu fiquei com dó de vender. Algum tempo depois, foi só falar que estava à venda para eles sumirem no mesmo dia”, diz, rindo.



Em outra ocasião, Dijalma levou um disco duplo dos Beatles para vender em São Paulo, na praça Ramos de Azevedo. “Eu acabei de tirar da sacola e três homens avançaram sobre o disco. Dois pegaram em cada ponta e o outro, no meio. Imediatamente eu alertei que aquele que quebrasse, pagaria pelo disco. Em seguida, começou uma disputa entre eles para levar o álbum. Eu interferi e disse que aquele que pegou primeiro compraria o disco. Mas ele não tinha o dinheiro no ato e ficou com o segundo, por R$ 250. Nunca vi este tipo de disputa”, contou.



Depois dos Beatles, o sebo vende mais discos da “Jovem Guarda”. “Depois vem a ‘Velha Guarda’, com Ataulfo Alves, Nelson Gonçalves e até João Gilberto”, diz Dijalma. 

* Colaborou Toko Degaspari



  • Publicada na edição impressa de 7 de junho de 2020


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