CULTURA

Zanata: 'Guru político'

Zanata: 'Guru político'

Publicado em: 05 de julho de 2020 às 18:30
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 20:29

Guru político

João Zanata Neto

A política dos políticos é algo tão customizado quanto o futebol. É algo que tem um jargão próprio. Isto não é problema, vai se aprendendo. A questão mesmo está ligada aos prognósticos e às tratativas. Assunto que só os políticos experimentados dominam. Eles são autoridades no assunto, uma espécie de cartola político. Entre estes há os de maior saber e outros que têm certa inexperiência.

Além de serem exímios nos prognósticos e tratativas, os experimentados políticos servem de respaldo, uma espécie de guru político, digamos assim, que podem abalizar os rumos do partido e dos candidatos da legenda. É como se eles fossem os donos da verdade. Na verdade, não passa de um argumento de autoridade com pretensões de induzir resultados. Se ele disse, é porque é, pensarão os incautos. Isto sempre foi utilizado. Quando o Caetano Veloso dizia “eu voto no Lula”, é o que bastava para muitos indecisos escolherem o Lula. É um pequeno exemplo de argumento de autoridade, mas existem muitos outros. Agora, pensem um pouco... se um político necessita de um empurrãozinho, digamos assim, é porque ele não tem tanta elegibilidade ou não tem certeza da sua vitória.

É por isto que se inventou a pesquisa eleitoral. Se o Ibope for pautado pela imparcialidade, ele pode ser um termômetro eleitoral assertivo. Embora este extrato da opinião pública eleitoral dependa muito do universo de pessoas questionadas, ele também pode ter uma influência nos indecisos, pois pode funcionar como um argumento de autoridade. Isto é muito mais presente nos institutos particulares de pesquisas contratados por partidos políticos. A imparcialidade, neste caso, é questionável.

A despeito destes inevitáveis argumentos de autoridades, cabe a cada um o discernimento próprio. A cidade experimenta na pele os acontecimentos políticos e não há ninguém melhor do que ela para saber o que é bom e não cabe a estrangeiros definir o que ela precisa. Como pode um general que não sente o cheiro da pólvora conhecer a melhor estratégia da guerra?

Em meio a todos os percalços que a cidade tem vivido com alguns políticos, é logico e emblemático que a novidade é uma alternativa. Quem já está cansado de apostar em um cavalo perdedor, não pode fazer outra coisa a não ser escolher outro cavalo. Quando se fala em novidade, diz-se em termos relativos. Velho em uma coisa pode ser novo em outra. Não é difícil entender, não é!

Às vezes, o argumento de autoridade vem para ajudar quem precisa, mas, se mal colocado, pode surtir efeito contrário. Por exemplo, dizer que um partido político pode ser reinventado é como quere reinventar a roda. Analisem se é possível reinventar o PT. As máculas do passado ainda estão presentes e o botão do esquecimento ainda não foi encontrado. O argumento, às vezes, é infeliz e ou ofensivo. Tem gente que tem um martelo na mão e acha que tudo é prego. Ora, pois! Imaginem alguém dizendo que a sua cidade amada tem um nível cultural mediano. Isto é um insulto de um mal informado. É de botar para fora, um sujeito desses! 

* João Zanata Neto é escritor santa-cruzense, autor do romance “O Amante das Mulheres Suicidas”.



  • Publicado na edição impressa de 28 de junho de 2020


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