CULTURA

Reforma acaba com metade de calçamento histórico de paralelepípedos

Reforma acaba com metade de calçamento histórico de paralelepípedos

Publicado em: 16 de julho de 2020 às 02:15
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 18:34

Medida, que teria sido solicitada por moradores, divide pesquisadores

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

O local onde surgiu Santa Cruz do Rio Pardo a partir dos idos de 1850, quando chegaram à região o padre João Domingos Figueira e o fazendeiro Manoel Francisco Soares, vai perder parte de seu glamour histórico. Na semana passada, a prefeitura iniciou a pavimentação das ruas Saldanha Marinho e General Osório, na praça Antônio Aloe, mas somente uma faixa recebeu asfalto. A outra vai permanecer com o calçamento original, de paralelepípedos.

O bairro, próximo ao local conhecido como “Chafariz”, considerado o “marco zero” da cidade, é o mais antigo e onde estão os casarões construídos entre o final do século XIX e o início do século XX. O calçamento em pedras é anterior ao governo de Leônidas Camarinha, feito nos anos 1930, quando a praça se chamava Rui Barbosa. De acordo com o historiador Celso Prado, a obra foi do prefeito Joaquim Silvério Gomes dos Reis, em 1937.

Pedras foram a primeira forma de calçamento das ruas de praticamente todas as cidades brasileiras. Muitas ainda conservam os paralelepípedos pelo seu valor histórico, como Curitiba, que fez um levantamento completo de todas as ruas com as pedras. Em Búzios-RJ, a rua mais famosa, frequentada por artistas de cinema e TV, é calçada com pedras. Buenos Aires, capital da Argentina, conserva 4.000 quadras com paralelepípedo, do total de 26.000 quadras da cidade. Em Minas Gerais, o calçamento é um dos principais atrativos das cidades históricas.

Em Santa Cruz, em 2014 uma lei de iniciativa do vereador Edvaldo Godoy (SD) determinou a preservação histórica dos paralelepípedos ao redor da praça Antônio Aloe. No entanto, o vereador disse que a partir de 2018, quando a cidade começou a receber asfalto novo em várias ruas, alguns moradores daquela região também pediram o benefício. Ele concordou, então, com a revogação da lei de preservação pelo prefeito Otacílio Parras.

MAU GOSTO - Asfalto foi colocado ao redor da praça e desfigurou imagem histórica



“Estudamos e buscamos uma solução para o caso. E a melhor alternativa para não perder totalmente essa riqueza histórica, foi mesclar a preservação histórica do local, com uma conservação mais contemporânea, que foi refletida na manutenção de metade do leito dos paralelepípedos”, disse Edvaldo.

O vereador acredita que o projeto preserva o caráter histórico da praça, nas proximidades da fonte do Chafariz, o que deve ser reforçado com várias obras de revitalização. “O objetivo é transformar aquele local em um dos pontos mais atrativos de Santa Cruz do Rio Pardo”, disse. Edvaldo garantiu que até o chafariz, o chamado “marco zero”, será restaurado.

De fato, a administração confirmou que a praça está sendo revitalizada, já ganhou iluminação do tipo LED e que o asfalto em parte da rua é para a faixa de rolamento de veículos, eliminando “trepidação e barulhos” nas residências.

No entanto, a pavimentação das ruas foi feita sem que a base dos paralelepípedos fosse reformada. Considerado um pavimento mais duradouro do que o asfalto, este tipo de calçamento deve ser reformado a cada quatro anos, retirando-se as pedras e compactando a terra. Isto evita os frequentes desníveis, que continuam nas ruas parcialmente asfaltadas. Como a pavimentação já está pronta, uma reforma nos paralelepípedos agora poderá danificar o asfalto. 



  • Publicado na edição impressa de 12 de julho de 2020


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