CULTURA

A misteriosa saga da viúva de Tonico Lista

A misteriosa saga da viúva de Tonico Lista

Publicado em: 16 de agosto de 2020 às 13:30
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 14:38

Casada com os dois homens mais importantes da história de Santa Cruz, morreu aos 64 anos e está sepultada em S. Cruz

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Guilhermina Brandina da Conceição era viúva do mais importante chefe político de Santa Cruz do Rio Pardo, no início do século XX. Seu marido, o coronel Batista Botelho, atentou contra a própria vida e morreu no dia 8 de julho de 1902. Em julho de 1904, ela se casou com o coronel Antônio Evangelista da Silva, o homem mais poderoso a partir da década seguinte, mas voltaria a ficar viúva quando “Tonico Lista” sofreu um atentado a tiros, coincidentemente 20 depois, no dia 8 de julho de 1922.

Única foto conhecida de Guilhermina



Antes da morte do segundo marido, Guilhermina já estava residindo em São Paulo, onde Tonico comprou uma mansão na rua Itambé. O jornal “Correio Paulistano” — um dos principais diários da capital — noticia a compra, ao espantoso preço de 50 milhões de réis, em fevereiro de 1922.

Segundo o historiador Celso Prado, Tonico Lista tinha planos de deixar Santa Cruz. Era rico, ainda prefeito e cercado por adversários cada vez mais fortes. Não teve tempo de se fixar na capital, pois foi morto a tiros em Santa ruz do Rio Pardo, num complô que até hoje é envolto em mistérios.

O casamento de 1904 de Guilhermina Brandina da Conceição com Tonico Lista foi uma união religiosa. O casal repetia o casamento, para a união civil, em 1913, fato noticiado com destaque pela imprensa de Santa Cruz do Rio Pardo e de todo o Estado. O “Correio Paulistano” de 25 de novembro daquele ano noticia o fato em sua página 5, narrando que centenas de políticos e amigos de toda a região e do Paraná compareceram à residência de Tonico Lista para uma festa em que, no final, o coronel mandou abrir as portas de sua adega.

Viúva pela segunda vez de maridos que tiveram poder e morreram por atos de violência, Guilhermina tinha 57 anos e ainda conservava, segundo os moradores da época, uma rara beleza capaz de despertar atenções. Em São Paulo, há notícias de que ela sofrera um acidente de carro, sem grandes consequências.

Figura emblemática, Guilhermina ainda se casaria pela terceira vez, em São Paulo, com um comerciante de joias de nome Victor Ressi de Almeida. É a única informação disponível desde que ela deixou Santa Cruz do Rio Pardo.

Ainda há um mistério sobre a vida da mulher que encantou dois políticos poderosos do município até desaparecer das informações disponíveis na época.

1929: morte foi anunciada na capital



Guilhermina só voltaria a ser notícia em 1929, quando morreu de insuficiência cárdio-renal. Tinha 64 anos e deixou três filhos do seu casamento com Tonico: João, Rita e Alice.

Quando morreu, Guilhermina estava em Santa Cruz do Rio Pardo e o óbito foi registrado no cartório por Luiz Joaquim Sampaio, que apresentou o atestado do médico Reis Neto. O marido Victor Ressi, porém, estava em São Paulo.

O jornal “Correio Paulistano” publicou em julho de 1929 um anúncio fúnebre, pago pelo viúvo, comunicando a missa de 7º dia pela alma de Guilhermina, celebrada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

No entanto, ainda há mistérios. Guilhermina foi enterrada no cemitério da cidade, na sepultura perpétua número 53. Hoje, porém, no mesmo espaço há restos mortais da família Cruz.

Para o historiador Celso Prado, é possível que o túmulo tenha sido vendido anos atrás pelos familiares de Guilhermina. Afinal, a viúva de Tonico Lista e Batista Botelho, de acordo com Prado, morreu praticamaente pobre, dona de apenas três prédios urbanos.

Em seu livro “No Tempo dos Coronéis e dos Mandadores”, Celso Prado lembra que, ao longo de quatro décadas, os filhos de Tonico acabaram com todos os bens, inclusive fazendas, prédios, uma área equivalente a uma praça em Santa Cruz e até a mansão na capital. Consta, inclusive, que até o jazigo do coronel, no cemitério do Araçá, foi negociado, já que seus registros desapareceram.

Xadrez

Em 1948, o jornal “Correio Paulistano”, de São Paulo, noticia um torneio internacional de Xadrez na capital, com “grandes mestres” do Brasil e do exterior. João Evangelista, filho de Tonico, está na foto de baixo, à esquerda



O único filho homem que Tonico teve com Guilhermina também está sepultado em Santa Cruz. É João “Lista”, que morreu solteiro por volta de 1986, quando morava no asilo.

Em vida, João foi exímio enxadrista brasileiro, que Celso Prado conheceu e, inclusive, o entrevistou na década de 1980. Ainda jovem e morador em Santa Cruz, foi processado por matar o próprio primo, Luiz Besana, num tiro acidental. Na verdade, Besana tentava apartar João numa briga com Leônidas Camarinha, que viria a ser outro grande chefe político de Santa Cruz do Rio Pardo. 



  • Publicado na edição impressa de 9 de 2020


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