CULTURA

João Ferreira: 'Depois de Cristo'

João Ferreira: 'Depois de Cristo'

Publicado em: 15 de setembro de 2020 às 19:46
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 14:55

Depois de Cristo

João Ferreira

CULTURA O calendário gregoriano, adotado pelos países cristãos há alguns séculos, é referência para a contagem do tempo em unidades, de modo a permitir a organização das atividades da comunidade.

Conforme o referido calendário, as abreviações a.C. e d.C. foram adotadas junto ao ano e significam antes de Cristo e depois de Cristo.

Contudo, um vídeo circulou nas redes sociais, com uma suposta professora da rede estadual de ensino, em que foi noticiada a alteração dos padrões a.C. e d.C. para o padrão antes da era comum (A.E.C.) e depois da era comum (E.C.).

A notícia repercutiu tanto que a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo lançou uma nota oficial para desmentir o boato (ou fato?). O vídeo é claro: a profissional afirma que a Secretaria de Educação decidiu usar antes da era comum (A.E.C.) e depois da era comum (E.C.) porque muitas pessoas não têm Cristo como referência religiosa ou sequer tem uma religião e os termos são mais “neutros”.

O conhecido site boatos.org, especializado em desmentir hoaxes (embustes assumidamente forjados para enganar pessoas) e fake news, afirmou que a história (ou estória?) é falsa.

Por outro lado, o áudio não deixa dúvidas: a professora afirmou de maneira bastante convincente que a Secretaria de Educação realmente passou a adotar essa nova forma de referenciar o calendário gregoriano.

Ainda que não seja verdade, este exemplo reforça um viés revisionista da história que vem sendo observado principalmente nos Estados Unidos da América e na Europa. Parte da população norte-americana tem se manifestado contra (e derrubado) estátuas de personagens históricos como Thomas Jefferson (ex-presidente norte-americano e autor principal da declaração de independência norte-americana) e Cristóvão Colombo.

Infelizmente, a sanha de pequenas parcelas da população para penalizar o passado com os filtros do presente não parece ser uma boa alternativa. Aristóteles, por exemplo, falava naturalmente sobre a inexistência de cidadania dos escravos, que podiam ser considerados apenas como habitantes. Vamos queimar os livros do filósofo? É óbvio que não.

A preocupação do ser humano deve ser com o presente e com o futuro, guardando no passado os pecados cometidos e registrando-os para que as gerações futuras não cometam os mesmos erros.

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João Ferreira é advogado em Santa Cruz



  • Publicado na edição impressa de 7 de setembro de 2020


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