Publicado em: 15 de outubro de 2020 às 07:49
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 08:58
Fotografias sobre a mesa
Antiella Carrijo Ramos *
Estes dias pensava sobre o hábito de revelar fotografias. Quando eu era criança, ver fotografias era um evento em família, pegávamos a caixa de álbuns que minha mãe guardava no fundo do guarda-roupa e passávamos horas explorando aquelas memórias registradas na imagem impressa no papel. Era como viver de novo os encontros, a presença das pessoas e os afetos. E assim, de alguma forma, nos projetávamos para o passado na tentativa de sentir a mesma emoção daqueles momentos capturados pelas lentes fotográficas. Ali sentados na mesa da cozinha, com as fotografias todas espalhadas, trazíamos para o presente aquilo que vivemos. Que pena que perdemos esse hábito, as fotografias não estão mais no papel e raramente nos juntamos a mesa para recordar memórias, contudo elas estão dentro de nós, como algo que pulsa para nos lembrar, a todo momento, o que fomos e também o que somos.
Boas ou más, úteis ou não, nossas lembranças ficam guardadas na memória. Cheiros, sons, sabores que marcaram a nossa vida, as imagens daquilo que vivemos, todas as nossas experiências ficam acumuladas esperando o momento certo para serem usadas.
Não sei dizer se o isolamento tem me induzido a isto, mas, ultimamente, tenho retomado memórias da infância que me apontam para aquilo que sou hoje. Significados que foram sendo estabelecidos ao longo do tempo e explicam a minha forma de ser e estar no mundo. Tenho resgatado momentos que me mostram o caminho que percorri para chegar até aqui. E neste exercício de lembrar o passado, para compreender o presente e conjecturar o futuro, sigo acreditando que somos o resultado daquilo que construímos. Somos a colheita do que plantamos!
Nesta vida resolvi plantar sementes de afeto, cuidado e esperança, percebendo, em mim e no outro, as potencialidades que nos colocam adiante, compreendendo que viver é um processo, em que a beleza não está no início e nem no fim, mas no trajeto. E assim, vou colecionando lembranças e desejando ter muitas fotografias espalhadas sobre a mesa. Fotografias que expressem memórias de que a vida é exatamente como descreveu João Guimarães Rosa “ela esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
* Antiella Carrijo Ramos é psicóloga em Santa Cruz do Rio Pardo
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