CULTURA

Grupo ‘Amigas do Peito’ surgiu de mulheres curadas do câncer

Grupo ‘Amigas do Peito’ surgiu de mulheres curadas do câncer

Publicado em: 30 de outubro de 2020 às 04:53
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 14:53

Mulheres de Ourinhos atuam há anos na autoestima da paciente e apoio à família

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Um grupo movido pelo amor, pela solidariedade e gratidão. O “Amigas do Peito” é formado por mulheres para apoiar pacientes acometidas de câncer de mama. São ex-pacientes que já enfrentaram o problema e estão curadas, mas transmitem todas as suas experiências e incentivam as pacientes e seus familiares. Todas são voluntárias e exercem atividades principalmente dentro do próprio Hospital do Câncer de Ourinhos.

Na semana passada, três integrantes do grupo foram recebidas na “Clínica Imagem” de Santa Cruz do Rio Pardo, como parte da programação do “Outubro Rosa”. Além da entrevista, elas ganharam da empresa um saco de lenços para distribuição às pacientes.

Elaine Gonçalves Andrade Ramos, 51, Fernanda Vizzotto, 40, e Eliane Alves Gomes, 46, já passaram pelo doloroso tratamento e se livraram da doença. Elas se conheceram durante as sessões de tratamento e, aos poucos, o grupo foi se formando em 2017. Hoje, o “Amigas do Peito” possui até uma sala no Hospital do Câncer.

APOIO — Elaine, Fernanda e Eliane foram recebidas na “Clínica Imagem” pela gerente Silvia Delarissa



Além de apoiar as pacientes, o grupo distribui café e biscoitos no hospital e confecciona almofadas terapêuticas — em forma de coração — que servem como apoio e conforto para as pacientes que retiraram o seio, especialmente para dormir.

Atualmente o grupo recebe doações da sociedade, mas muitas vezes são as próprias integrantes que completam o orçamento do mês.

O “Amigas do Peito” também distribui perucas para as mulheres que perdem o cabelo durante o tratamento. Segundo elas, esta fase é uma das piores para a autoestima das mulheres, mesmo sabendo que o cabelo vai voltar a crescer.

Voluntárias no grupo na sala do ‘Amigas do Peito’ no Hospital do Câncer



Para tanto, elas percorrem salões de cabeleireiros, cujos profissionais costumam separar mechas. Depois, tudo vai para outro profissional que transforma tudo em perucas. Também são distribuídas próteses mamárias externas.

Eliane conta que encontrou uma das integrantes do grupo na rua, quando ainda estava em tratamento. Foi reconhecida como paciente porque usava um lenço na cabeça — estava sem cabelos. Convidada, não pensou duas vezes e, hoje, está na “linha de frente” do grupo de solidariedade.

Segundo ela, que também atua como “porta voz” do grupo, o “Amigas do Peito” começa o trabalho exatamente quando a mulher recebe o diagnóstico. “Para muitas, é o momento mais terrível, mesmo sabendo que, se diagnosticado no início, as chances de cura são de 95%”, disse.

Outro momento difícil é quando a paciente perde os cabelos. “Muitas não querem nem olhar no espelho”, conta Eliane Andrade. “Quando eu conto que também já perdi os cabelos, muitas me olham com espanto e, de certa forma, se acalmam”, lembra. “O baque é o primeiro momento. Eu, por exemplo, preferi não usar peruca e usei lenço”, interrompe Fernanda.

UNIDAS — As três voluntárias do grupo mostram tatuagens de união



Para Eliane, muitas vezes a família fica em situação até pior do que a paciente. “Na verdade, a mulher já vem sendo preparada pelo médico e costuma receber o diagnóstico com serenidade. Mas a família fica destruída e em certos casos até entra em desespero”, conta. Fernanda disse que as integrantes do “Amigas do Peito” costumam chorar junto com os familiares.

Na pandemia, a atuação do grupo ficou restrita a poucas participantes. “Temos pessoas com uma certa idade, que estão evitando sair de casa”, explicou Fernanda.

Na teoria, porém, há dezenas de participantes espalhadas por várias cidades da região. “Há integrantes e pacientes, inclusive, de Santa Cruz do Rio Pardo”, diz Eliane.

O grupo aceita novas integrantes, que devem fazer contato através das redes sociais, na página “Amigas do Peito Oncologia Ourinhos”. Além disso, as doações também devem ser encaminhadas ao Hospital do Câncer, principalmente café, açúcar, bolachas, água e copos descartáveis.



  • Publicado na edição impressa de 25 de outubro de 2020


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