CULTURA

João Ferreira: 'Faça o que eu digo'

João Ferreira: 'Faça o que eu digo'

Publicado em: 09 de fevereiro de 2021 às 10:23
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 11:00

Faça o que eu digo

João Ferreira

Desde meados de março de 2020, há um consenso científico, artístico e jornalístico sobre uma das formas de evitar a propagação do novo coronavírus: se puder, fique em casa, não saia e evite viagens.

Uma grande parte da população atendeu essa recomendação e realmente ficou em casa o quanto pode. Outros, porém, não puderam ou não quiseram.

Contudo, chama a atenção o número de personalidades que recomendam ao cidadão comum que fique em casa, mas, por outro lado, atrás do biombo, “#partiupraia.

As celebridades são um grande exemplo desta falta de sintonia entre o que é dito e o que é feito. O cidadão comum, atônito e desesperado, tranca-se em casa e, nas redes sociais, vê as fotos do apresentador de televisão do #ficaemcasa no Caribe. Mas...como assim?

Para quem ainda não entendeu, estas mesmas pessoas são aquelas que subornariam o marujo que controla o ingresso no bote de segurança enquanto o navio está afundando. Pura canalhice e má índole.

Depois de onze meses de isolamento social, uma boa parte da população leva tapas na cara diários de hipócritas que pregam o #ficaemcasa, mas, na primeira oportunidade, são pegos em praias, festas e rodízios de rodovias. Alguns, conforme dito, são pegos no Caribe e em Miami.

Alguns velhacos sequer disfarçam e repetem a dose, desprezando os conselhos que davam em redes de tv ou em vídeos pelas redes sociais. O que importa, mesmo, é a picanha do rodízio para matar aquela vontade só garantida aos deuses da classe artística ou política. Ficar sem a linguiça sagrada? Nem pensar.

Por isso, o adágio “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” foi revigorado e serviu como uma luva para os malandros de pandemia, que recomendam o tradicional #ficaemcasa, mas, na primeira oportunidade, buscam a refeição preparada por trabalhadores que não tiveram esta mesma opção, com o objetivo de poupar as próprias panelas.

Fiquem de olho. Denunciem. Tirem fotos. Desmascarem esses dissimulados e façam circular as imagens da falsidade e do fingimento. A sinalização de virtude desses espertalhões deve ser desmascarada com firmeza. Afinal, nós, os cidadãos comuns, estamos em casa há onze meses. Por que esses espertalhões não podem fazer o mesmo?

Aliás, fazendo uso de outra frase conhecida, “Quo usque tandem abutere, hipócrita, patientia mostra (até quando, hipócrita, abusará da nossa paciência?)?

Caso de polícia

Em seu primeiro mês como vereador, o esforçado vereador Juninho Souza foi obrigado a prestar depoimento por supostamente ter atrapalhado o trabalho de uma repartição pública. Quem viu a gravação do ocorrido logo conclui que o vereador estava apenas cumprindo o seu papel de fiscalizar a coisa pública. Ao que parece, vereador não pode mais verear na cidade...

* João Ferreira é advogado em Santa Cruz do Rio Pardo
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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