Acima, o Abafa com João Negrão, Catiano, Renato Fraga (em pé), Beti, Paulo Jipão e Edinho Brondi (agachados). Ao fundo, o prédio do antigo instituto de educação
Publicado em: 28 de abril de 2023 às 00:30
Sérgio Fleury Moraes
Pouca gente sabe que o ex-secretário municipal Edwin Brondi de Carvalho, 75, foi jogador de futebol e, por pouco, não seguiu os passos do irmão Ivan, ídolo do Náutico e que vestiu a camisa da seleção brasileira. Edinho, como é conhecido, foi um dos líderes de um time de futebol de salão que fez história em Santa Cruz do Rio Pardo, mesmo que numa única temporada.
O ano era 1963. A escola “Leônidas do Amaral Vieira”, na época “Instituto de Educação”, ainda funcionava no prédio onde hoje é a “Sinharinha Camarinha”, na praça São Sebastião. Surgiu, então, um campeonato “inter salas” de futebol de salão.
Um grupo de estudantes, liderado por Edinho, formou um time que no âmbito escolar se tornou invicto. Era o “Abafa”, batizado com as iniciais dos sobrenomes dos jogadores — Andrade, Brondi e Fraga. Mas havia um rival igualmente forte, o “Moka”.
O campeonato durou alguns meses e a final, já aguardada por praticamente todos os estudantes e professores, foi entre Moka e Abafa. “Mas o nosso time era melhor. E vencemos”, conta Edwin.
O Abafa tinha Catiano no gol, Renatinho Fraga, João Negrão, Edinho, Jipão e Bete. Em alguns jogos, Edjalma Dias também entrou em quadra. O Moka era formado, entre outros, por Vander Rosa, Luiz Carlos Comegno, Ezequiel, Toninho Barbosa e Adair Camilo.
Edinho conta que a rivalidade era grande, com torcidas de todos os times. Muitas décadas depois, o campeonato ainda é lembrado por quem frequentou o “Leônidas” na década de 1960. “Fez história”, garante o ex-jogador.
Na verdade, Edwin foi considerado um dos grandes craques do futebol de salão de Santa Cruz do Rio Pardo. Ele tinha uma jogada peculiar: ao cobrar uma falta, batia na barreira para, no rebote, dar algum drible e fazer o gol. Além disso, era muito rápido.
Na verdade, os dois times rivais que chegaram à final no campeonato do “Leônidas” eram formados por atletas do juvenil da Esportiva Santacruzense. Naquele ano, por exemplo, o tricolor sagrou-se campeão da Segunda Divisão de Profissionais, título equivalente à temporada de 1962.
Mesmo com aquela temporada impecável, o Abafa não foi considerado o melhor time de futebol de salão da cidade. O mais temido na época era o da Escola de Comércio, integrado por Márcio Nelli, Mardegan, Julião Cassiolato, Carlinhos e Val Bueno. O esquadrão foi reconhecido como o melhor da região, batendo o recorde de permanecer 50 jogos sem perder.
1963 foi o auge do futebol de salão de Santa Cruz do Rio Pardo. Nunca mais apareceram times tão fortes. A partir daí, as atenções se voltaram para o futebol de campo.
Edinho jogou em campo e nas quadras e por pouco não se tornou jogador de futebol profissional. Antes do futsal, por exemplo, ele atuou pelo juvenil da Associação Esportiva Santacruzense, comandado pelo técnico Otávio Lorenzetti. Em seguida, começou a treinar entre os profissionais, mesmo ainda no juvenil, com o técnico Beto Mendonça. Tinha entre 15 e 16 anos.
A família Brondi sempre teve bons jogadores. Irmão de Edinho, Ivan Brondi jogou no Palmeiras, seleção olímpica brasileira e Náutico. Todos da família tinham uma característica: as pernas arcadas. Tanto que outro irmão de Edinho ganhou o apelido de “Perninha” e também se destacou no futebol amador de Santa Cruz. “Mas o craque mesmo era o Ivan”, garante Edinho.
Ivan estudava no Mackenzie em São Paulo e um tio o levou para fazer teste no Palmeiras. Passou e foi contratado. Algum tempo depois, foi a vez de Edinho receber o mesmo convite. “A gente era treinado pelo Mário Travaglini, mas o problema era que o Palmeiras não tinha ainda um centro de treinamento. O clube usava o campo do Nacional, que ficava longe do centro”, contou.
Edinho também treinou no Náutico de Recife, time em que o irmão Ivan é ídolo até hoje, tendo, inclusive, sido presidente. “Eu cheguei a jogar contra o Bahia. Na época, o time cearense do ‘Calouros do Ar’ quis me contratar, mas minha família não deixou”.
De volta a Santa Cruz, Edinho atuou pela Esportiva num amistoso no “Leônidas Camarinha” contra a seleção do Paraguai. “Não me lembro o ano, mas o técnico daquela seleção foi pedir autorização ao meu pai para me levar para o Paraguai. Ele disse que eu iria estudar e virar um craque. Meu pai acabou com aquela loucura”, contou, rindo.
* Colaborou Toko Degaspari
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