CULTURA

À procura de namorado

À procura de namorado

Publicado em: 11 de junho de 2017 às 20:47
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 12:03

Ana Maria Oliveira tem uma história de aventura,

criação dos filhos, pouco namoro e, agora, solidão

Os pais dela se conheceram no “Jardim”, embalados pela banda do coreto

Os pais dela se conheceram no “Jardim”, embalados pela banda do coreto



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Amanhã é dia em que os namorados se entrelaçam, trocam beijos e presentes, numa data considerada de vendas em alta no comércio. À noite, inúmeras casas noturnas vão abrir em plena segunda-feira para oferecer jantares à luz de velas, tudo para manter o romantismo de um casal. Mas e quem não tem namorado? É o caso de Ana Maria de Oliveira, 60, que há mais de 30 anos não tem um companheiro no Dia dos Namorados. Aliás, seria fácil encontrar alguém num baile da meia-idade ou em casas noturnas, mas Ana Maria é daquelas que desejam um relacionamento à moda antiga, coisa séria, não um simples “ficar”, para falar a linguagem dos jovens.

Como muitas mulheres em sua idade, Ana Maria garante que nunca foi “namoradeira”. Aliás, quando se separou do segundo marido, já que era viúva, decidiu deixar o namoro de lado para criar os filhos. E o fez sozinha, até que o casal de jovens “ganhou asas”.

“Então, decidi que quero um namorado porque comecei a sentir muita solidão”, contou. A solidão, aliás, é da alma, já que Ana costuma viajar com frequência. No último passeio, na companhia dos filhos e cônjuges, percebeu que ficava só, caminhando pelo convés do navio, olhando o infinito do mar. Se tivesse um companheiro, seria melhor.

Mas, viagem de navio? Sim, Ana Maria, mesmo aposentada, é independente financeiramente e deseja um namorado nas mesmas condições. Se fosse anunciar num classificado amoroso, certamente escreveria que é bem-humorada, alegre, independente e procura um companheiro entre 63 e 70 anos.

Ana deixou-se fotografar tendo como paisagem a praça Leônidas Camarinha, o conhecido “Jardim” por um motivo especial. Naquelas calçadas arborizadas, refrescadas pela fonte luminosa, os pais de Ana Maria se conheceram há muitos anos. Na época, o local era fonte de paixões e encontro de namorados. Nos finais de semana, a praça ficava lotada, com os homens caminhando para um lado e as mulheres, para outro.

A cada volta, olhares apaixonados se reencontravam. Os pais de Ana se conheceram e três meses depois já estavam casados. “Foi amor à primeira volta”, diz, rindo. Quando o pai morreu, a mãe nunca mais se casou. “Era uma época que certamente deixou saudades. Havia muito respeito no namoro, mas hoje dá até medo de conhecer alguém”, garante.

Destino

A história de Ana Maria não deixa de ser uma aventura. Nascida em Santa Cruz, ela se mudou com os pais para São Paulo, onde conheceu um homem e se casou aos 16 anos. Aos 17, estava grávida de sete meses do primeiro filho quando o marido morreu tragicamente, num acidente de carro.

Ana perdeu o chão. Ainda muito jovem, tinha um filho para cuidar e as incertezas do futuro para enfrentar. Foi aí que, um dia, o cunhado veio visitar o sobrinho. Na verdade, ele era muito parecido com o irmão, o primeiro marido de Ana. “A diferença estava na altura”, brinca.

Pois o “cupido” pregou uma peça na jovem mulher. Os dois se apaixonaram, se casaram, tiveram uma filha e viveram felizes por 10 anos, até que o marido cometeu uma falha grave. “Ele era caminhoneiro”, explicou, sem dar detalhes. Eles se separaram e, desde então, Ana Maria passou a se dedicar exclusivamente aos filhos.

O curioso é que o segundo marido é o tio e, ao mesmo tempo, enteado do primogênito de Ana. Já os filhos são irmãos e primos simultaneamente, sem necessariamente terem laços consanguíneos do segundo parentesco.

Aos 60 anos, ela ainda tem ânimo para pensar em casamento. “É meu principal objetivo hoje. Não quero apenas namorar. Se der certo, desejo viver com um companheiro, ser feliz para o resto da vida”, garante Ana Maria.
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