CULTURA

Abandonado, casarão tem estrutura comprometida e até ossada no porão

Abandonado, casarão tem estrutura comprometida e até ossada no porão

Publicado em: 24 de abril de 2020 às 14:08
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 04:06

Cômodos estão destruídos e

telhados sucumbiram ao tempo;

hoje, há até morador no imóvel

Paredes estão totalmente destruídas



André Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Pisar nos arredores do casarão do antigo Chefe da Estação, no final da avenida Francisco de Paula Abreu Sodré, significa sentir na pele o abandono do local. Esquecido pelo Poder Público durante décadas, o imóvel está entregue à própria sorte.

Há um cadeado que tranca o portão frontal. Como não há fiscalização, no entanto, o arame farpado que cerca o casarão já foi cortado. É muito fácil entrar no interior do imóvel. O cadeado se tornou apenas simbólico.

É arriscado pisar no mato alto sem saber se há animais peçonhentos. Até algum tempo atrás, segundo um morador vizinho, era praticamente impossível avistar o casarão porque o matagal tomava conta do local. “Cortaram há alguns meses, mas já está alto de novo”, disse. Sem garantia de segurança no local, ele admite sentir medo. “À noite, trancamos a casa toda”, conta. Ele preferiu não se identificar.

Casarão é um dos marcos do desenvolvimento pela ferrovia (Foto: André Fleury)



Para entrar no casarão, basta seguir uma trilha já delineada pelo alto fluxo de pessoas que passam por ali. Entrar pela porta da frente — que não existe, aliás — é inviável. O telhado do casarão caiu e escombros tomaram conta do primeiro cômodo. É possível enxergar madeiras queimadas, sinal de que, antes, eram acesas fogueiras dentro do local.

A solução, então, está em subir uma pequena escada localizada ao lado do imóvel. É preciso dar passos leves para não incomodar um morador de rua que se instalou em uma das salas. Há até uma cortina para diferenciar seu quarto dos demais cômodos.

À esquerda, onde funcionava a cozinha do casarão, o forno a lenha ainda resiste ao tempo. Mas não é utilizado. A antiga cozinha está repleta de lixo, há roupas jogadas ao chão e garrafas plásticas. Dentro dos recipientes há um líquido marrom escuro.

Parte do telhado interno do casarão ruiu e abandono é total



As paredes estão todas pichadas, desenhadas ou rabiscadas. Rachaduras incontáveis também mostram que a estrutura do prédio está mais do que comprometida. Uma área da parede, na frente do imóvel, está prestes a cair. Nos fundos do casarão, onde a visibilidade é menor, um cheiro insuportável de dejetos humanos toma conta do ar.

Algumas janelas sequer possuem mais estrutura. Uma delas é mais notável: a do “quarto” do morador. Para interromper a passagem de luz, há até um pano estendido sobre o que restou da janela. Sem vidro para vedação, a estrutura também aparenta ser usada como varal.

Lixo e restos de materiais, na verdade, estão espalhados por todo o imóvel. Na parte de baixo, onde funcionava um porão, uma ossada não identificada deixa no local um clima de incertezas. Ao redor dela há guimbas de cigarro e latas de cerveja.




No porão do casarão existe até uma ossada



Prefeitura diz que busca

verba para revitalização

Uma cortina fecha cômodo de morador que se instalou no local



Uma ação civil movida pelo Ministério Público contra a prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo em 2015 denunciou o descaso da administração quanto à preservação do conjunto arquitetônico da antiga estação da Sorocabana, cujo projeto é de Ramos de Azevedo, um dos mais consagrados arquitetos da história brasileira.

Em maio do ano passado, a prefeitura formalizou um TAC — Termo de Ajustamento de Conduta — com o MP e se comprometeu a levantar fundos para restaurar o local, desde que não altere sua estrutura original.

Em nota, a prefeitura diz que “devido ao delicado estado que se encontra a edificação, foi elaborado um projeto para buscar verbas juntos aos ‘fundos perdidos’ e editais específicos nas esferas estaduais e federais”.

A ação civil pública foi extinta em maio do ano passado.

No processo, o promotor Vladimir Brega Filho replicou trecho de um parecer do Condephaat (Conselho de Administração do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico), segundo o qual o poder público local “agiu de maneira insuficiente para evitar a depredação do bem tratado”.

A administração afirma que o projeto de revitalização do espaço está inscrito em um edital do Fundo de Defesa de Direitos Difusos, que destina à preservação de patrimônios históricos verba recebida por processos judiciais.

Em seu primeiro mandato, o prefeito Otacílio Parras chegou a cogitar demolir o casarão.

Segundo ele disse na época, não haveria mais a possibilidade de restaurar o edifício porque a estrutura estaria muito comprometida.

Leia mais:

A história do casarão

e do chefe da Estação



  • Publicado na edição impressa de 19/04/2020




Atualização: na quarta-feira, 23, a perícia foi ao local e recolheu a ossada; haverá investigação
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