O baterista Rodrigo Moninonio se apresentou no encerramento do "Batuka Fest"
Publicado em: 07 de setembro de 2023 às 21:07
Evento inédito em Santa Cruz do Rio Pardo, o “Batuka Fest – 1º Festival de Bateria e Percussão” do Centro Cultural Special Dog movimentou o setor musical da cidade na semana passada. A partir do dia 30 e até sábado, 2, uma série de atividades, entre aulas e apresentações, inaugurou um novo cenário rítmico que deve se repetir todos os anos. Ao menos o que sugeriu no sábado, durante o encerramento do “Batuka”, Juliana Manfrim, diretora do Centro Cultural.
O festival também marcou a inauguração da “Sala Mário Nelli”, um espaço de 164 metros quadrados, com dois andares, climatização, acessibilidade e tratamento acústico no teto e nas paredes. Além disso, possui uma iluminação cênica especial e um projeto cenográfico especialmente desenvolvido para aulas de balé, vernissages, cursos e oficinas de arte.
É fascinante porque insere um projeto moderno, concebido pela arquiteta Maritê Baggio Pinheiro Guimarães, para conviver com o preservado prédio principal do Centro Cultural, uma construção do século XIX.
O espaço ganhou o nome do músico Mário Nelli, um dos principais artistas da história de Santa Cruz do Rio Pardo que morreu no final do ano passado, aos 82 anos, vítima da covid-19 (leia ao lado).
O “Batuka Fest” trouxe a Santa Cruz do Rio Pardo, como o baterista Rodrigo Moninomio, nome consagrado internacionalmente, e os profissionais Reynaldo Puebla e Ana Abe. Além de comandar oficinas durante a semana, Rodrigo encerrou o festival no sábado, com uma apresentação dos alunos de percussão do Centro Social e entrega dos certificados.
Rodrigo já lançou discos, se apresentou nos principais palcos internacionais e tocou com Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Dori Caymmi, Margareth Menezes, Altamiro Carrilho e outros. Quem assistiu suas apresentações no auditório do Centro Cultural, percebeu ritmos diferentes. No final, ele avisou os pais dos alunos que muito provavelmente eles verão seus filhos ouvindo, por exemplo, Tom Jobim.
O professor de percussão do Centro Cultural, Bruno Bueno Machado, 35, que é colaborador da entidade desde sua fundação, foi um dos participantes mais entusiasmados do festival. Ele contou que ao longo dos últimos anos o interesse pela percussão aumentou e o Centro Cultural conseguiu formar uma pequena orquestra de bateria, hoje com 13 integrantes. O aluno mais novo tem sete anos e provavelmente já “amassou muita panela” em casa antes de começar a ter aulas no Centro Cultural.
Bruno destacou a importância da nova sala com tratamento acústico para as aulas de percussão. “Temos o curso de baterista desde a fundação do Centro Cultural. É muito legal porque a nossa primeira geração já tem uma galera tocando à noite”, afirmou.
Sala de percussão recebeu
nome do músico Mário Nelli
“O Mário Nelli amava o Centro Cultural”, espaço que ele frequentou e deu aulas a diversos de nossos alunos”. A frase é de Juliana Manfrim, diretora executiva da instituição que em 2024 vai completar sua primeira década. O nome do músico na nova sala de percussão marca o início das comemorações, que também teve o lançamento da nova logomarca do CCSD.
A homenagem ao músico que morreu no final do ano passado é a primeira ao artista que marcou várias gerações em Santa Cruz do Rio Pardo. Ele foi pianista, professor, cantor, compositor e maestro. Mário foi o autor, inclusive, do Hino Oficial de Santa Cruz.
Nos anos 1950 e 1960, Mário Nelli formou vários conjuntos musicais. Em parceria com o radialista José Eduardo Catalano, Nelli foi o animador musical dos célebres “Programa Rádio Clube Mirim” e do “Programa do Estudante”, realizados no antigo Clube dos XX e transmitidos ao vivo pela rádio Difusora.
No final dos anos 1960, Mário passou uma temporada na capital paulista, onde se apresentou em programas de televisão e tocou ao lado de muitos famosos da “Jovem Guarda” e “Bossa Nova”.
Mário era um músico em ascenção em São Paulo, mas a saudade de Santa Cruz do Ri Pardo o fez voltar, decepcionando muitos empresários que o queriam no mundo da televisão. Formou novos conjuntos, animou bailes, compôs com sua reconhecida criatividade e continuou se apresentando ao público. A covid-19, porém, calou sua vez.
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