CULTURA

Artesanato é nova arma de ex-policial

Artesanato é nova arma de ex-policial

Publicado em: 15 de maio de 2018 às 19:45
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 10:49

Aposentado encontrou a realização

no artesanato. E não parou mais

‘TOQUE FEMININO’ — O artesão mostra objetos que ganharam personalização pelas mãos da mulher Vanda



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Quem passa por uma pequena rua em curva, que sai da avenida Ariosto Moura César, no bairro Nagib Queiroz, dificilmente deixa de perceber um homem que trabalha praticamente na calçada, em frente a uma pequena porta. É ali a oficina de Zélio Chagas, 51, um ex-policial que hoje se realiza no artesanato. Ele constrói ornamentos para flores, caixas para presentes, carrinhos em miniatura, suporte para bebidas e todo tipo de delicados enfeites para residências. Ao invés da arma que o acompanhou até a aposentadoria, Zélio hoje usa lixadeiras, serras, tupia, serrotes, martelos e outras ferramentas. É com elas que ele manipula o produto que considera indispensável numa decoração: a madeira.

Zélio esculpe até palavras na madeira: “Se quebrar, faço tudo de novo”



“Eu sempre gostei de artesanato. Cheguei a trabalhar com letreiros e faixas, mas me encontrei mesmo na manipulação da madeira”, contou. Zélio Chagas até montou uma pequena empresa, a “Artesanato Atenas”, que oferece trabalhos “do rústico ao fino”.

Nos últimos dias, o ritmo de Zélio foi frenético, pois o Dia das Mães é a oportunidade de vender mais produtos, especialmente arranjos para flores. Zélio, claro, tem uma “sócia” que cuida do “toque feminino” das peças. Afinal, é a mulher dele, Vanda, quem dá ainda mais vida ao artesanato, ajudando na pintura e pregando belas imagens nas caixinhas. “A minha parte é o desenvolvimento e até a pintura. Mas o acabamento e a personalização são trabalhos da minha mulher”, lembra o artesão.

Não faz muito tempo que Zélio passou a se dedicar integralmente ao artesanato. Na verdade, foi somente há uns quatro anos, mas ele se realizou tanto que, hoje, invariavelmente se esquece até da hora, de tão entretido que fica na pequena oficina. “Às vezes minha mulher me chama para o almoço e eu digo que já vou. Meia hora depois eu me lembro que ainda preciso almoçar”, conta, rindo.

Monjolo constrúido por Zélio enfeita o jardim da residência da família



O artesão disse que teve muitos desafios, especialmente algumas encomendas difíceis. Ele já construiu, por exemplo, uma casa de bonecas com quase três metros, um pedido que apareceu no início do ano. “Na verdade, todo trabalho que é feito pela primeira vez requer muito planejamento. A casa de boneca, por exemplo, é como construir uma casa normal, com piso, parede e depois o telhado. Não que seja difícil, mas requer muito tempo e dedicação”, explicou.

Zélio trabalha com madeiras de vários tipos. “O que mais uso é o MDF”, diz, sobre um material fabricado a partir da aglutinação de fibras de madeira. Ele é o mais usado porque pode ser adquirido em várias medidas. Outros tipos de madeiras novas também são usados, mas Zélio ressalta que é mais difícil manipular este material que, na maioria das vezes, ainda é “verde”.

Mas o artesão obviamente vive cobiçando madeiras mais requintadas, muitas vezes encontradas na rua. “Na verdade, hoje as pessoas não têm consciência do valor da madeira e desmontam móveis velhos para jogar fora. Já encontrei madeiras antigas, de ótima qualidade, que estavam no lixo”, conta. “Toda madeira antiga possibilita um melhor acabamento e o resultado são peças muito mais interessantes”, ressalta.

Zélio só não faz móveis, pois prefere peças artesanais de pequeno porte. No entanto, de vez em quando ele faz alguns desafios a si mesmo. Foi o caso de um monjolo, que viu na internet e achou que uma peça semelhante poderia enfeitar o jardim de sua casa. Pois o monjolo que o artesão construiu ganhou encanamentos, uma pequena caixa d’água e um mecanismo para reutilizar o líquido que escorre para acionar o pilão. A peça realmente está no jardim da casa da família, para felicidade da mulher Vanda.

Zélio tem uma espécie de vitrine dos produtos



Uma nova vida

Zélio passou a se dedicar ao artesanato quando se aposentou da polícia



Zélio ainda se lembra dos perigos da antiga profissão, antes de se aposentar como policial. “Não me arrependo de ter trabalhado na Polícia Militar, embora estamos vendo um crescimento desenfreado da violência. Esta profissão me deu tudo o que tenho, mas a verdade é que, hoje, é perigoso ser policial. Aliás, no final da carreira trabalhei em São Paulo durante dois anos e vi a violência e os problemas sociais de perto”, disse.

Atualmente, por sinal, Zélio dedica mais horas à “nova” atividade, mas não reclama. “Aqui no interior nós vivemos num paraíso. E o artesanato, especialmente para a cabeça, é uma maravilha”, resume.

* SERVIÇO — O trabalho de Chagas pode ser acompanhado no Facebook, na página “Zélio Atenas”. Os telefones do artesão são (14) 99706-2106 e 3372-7368
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

Previsão do tempo para: Sexta

Períodos nublados
21ºC máx
11ºC min

Durante todo o dia Céu limpo

COMPRA

R$ 5,41

VENDA

R$ 5,41

MÁXIMO

R$ 5,41

MÍNIMO

R$ 5,39

COMPRA

R$ 5,45

VENDA

R$ 5,62

MÁXIMO

R$ 5,45

MÍNIMO

R$ 5,43

COMPRA

R$ 6,37

VENDA

R$ 6,38

MÁXIMO

R$ 6,37

MÍNIMO

R$ 6,35
voltar ao topo

Voltar ao topo