CULTURA

Ator de cinema, Hercílio Lorenzetti faria 99 anos

Ele foi o primeiro santa-cruzense a estrear no cinema como ator e morou em Hollywood até abandonar tudo por um grande amor

Ator de cinema, Hercílio Lorenzetti faria 99 anos

Hercílio Lorenzetti em cena de filme da Vera Cruz, nos anos 1950

Publicado em: 09 de abril de 2022 às 05:24
Atualizado em: 20 de dezembro de 2022 às 17:11

Sérgio Fleury Moraes

Nascido em Santa Cruz do Rio Pardo, Hercílio Lorenzetti completaria 99 anos em março de 2022. Ele foi o primeiro santa-cruzense a estrelar filmes — o segundo foi Umberto Magnani Netto — e chegou a viver em Hollywood, nos Estados Unidos. Mas, como num romance da “telona”, Hercílio abandonou tudo quando se apaixonou por Vera Martha e resolveu viver um caso de amor na vida real. Morreu em 2010.

Filho de um rico fazendeiro de Santa Cruz do Rio Pardo — Plácido Lorenzetti, que fez fortuna com o algodão e café —, Hercílio queria ser engenheiro de aviação. É que o pai também gostava de aviões e chegou a doar um para o aeroclube da cidade nos anos 1940.

No entanto, a vocação artística já se despertava no jovem santa-cruzense quando ele foi estudar engenharia em São Paulo, depois de cursar a Escola Normal de Santa Cruz — hoje “Leônidas do Amaral Vieira”. Na época, junto com os estudos, estrelou o filme “Maconha”, que era uma advertência sobre a droga.

Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, Hercílio decidiu continuar os estudos de engenharia nos Estados Unidos. Tinha apenas 23 anos e logo se encantou com o mundo artístico. O mundo perdeu um engenheiro, mas Hollywood ganhou um talento.

 

GALÃ DE CINEMA — Hercílio Lorenzetti contracena com Norma Monteiro no filme “Fugitivos da Vida”

 

Hercílio quase nem ia à universidade e começou a conviver com artistas do cinema — entre eles John Wayne, Antony Quin e a brasileira Carmem Miranda. Foi amigo pessoal do ator Cary Grant, que o convidou para acompanhar as filmagens. Logo, o santa-cruzense estava fazendo pequenas participações em filmes, chamadas de “pontas”.

Fez até papel de índio ao lado de tribos inteiras contratadas por Hollywood para figuração em filmes de faroeste. “Ganhava pouco, mas se divertia”, costumava dizer.

Nos EUA, Hercílio viveu um período de grandes mordomias e boemia. Cruzava o país e chegou a acompanhar filmagens no Hawaí. Quando tinha saudades do Brasil, saboreava uma feijoada na casa do compositor José de Oliveira, o “Zé Carioca”, brasileiro que fazia a voz de Pato Donald nos filmes da Disney. Mas e a engenharia de aviação? “Desisti. Acabei no cinema que, afinal, também é uma engenharia”, filosofou Hercílio ao jornal em 2004.

 

O santa-cruzense conheceu artistas famosos nos Estados Unidos e, na volta para o Brasil, estrelou filmes da antiga Vera Cruz

 

O ator voltou ao Brasil quando a mãe, dona Emma, ficou muito doente. Na viagem de volta, o navio quase foi a pique durante uma violenta tormenta na região do Caribe.

Mas a vida artística já era realidade para Hercílio Lorenzetti. Nos anos 1950, estrelou “Da Terra Nasce o Ódio”, “Fugitivos da Vida” e “Mocidade Perdida”, entre outros.

No primeiro, matou a vontade de fazer um faroeste inspirado no amigo John Wayne. Já em “Fugitivos da Vida”, Hercílio sofreu um acidente e quebrou o tornozelo. Apesar da dor, enfaixou o pé e continuou filmando até o final. Afinal, dizia, o cinema não pode parar.

“Da Terra Nasce o Ódio”, lançado em 1954 pelo antigo estúdio Vera Cruz, foi um sucesso pela exuberante qualidade da produção. O filme foi exibido em Santa Cruz nos anos 1990, quando Hercílio foi homenageado na “Calçada da Fama”. Foi um evento emocionante, quando os organizadores trouxeram para Santa Cruz seu amigo Maurício Morey, que só apareceu na solenidade quando Hercílio Lorenzetti agradecia a homenagem.

O santa-cruzense também fez grandes amigos entre artistas brasileiros, como Lima Duarte, Nair Bello, Dick Farney, Augusto do Pandeiro, Milton Paz, Grande Otelo e outros. Aliás, ele chegou a filmar com Grande Otelo, numa produção que ficou inacabada.

 

O santa-cruzense poderia seguir carreira como ator, mas abandonou tudo pelo grande amor de sua vida

 

Mas tudo mudou quando, no final dos anos 1950, Hercílio conheceu a professora Vera Martha Hanke. Foi uma paixão avassaladora, a ponto de ele abandonar tudo para se casar com o amor de sua vida. Se fosse um enredo de cinema, seria um final feliz de um filme cheio de aventuras.

Os dois se casaram em 1960, tiveram quatro filhos e foram morar numa propriedade rural ao lado da vila Saul, cheio de verde, pássaros e tranquilidade.

Anos depois, Hercílio contou que não dava para conciliar a vida artística com a familia. Recusou convites para ser diretor ou para dirigir a “Vera Cruz” quando o estúdio começou a enfrentar uma crise financeira. E nunca se arrependeu da escolha. Viveu como fazendeiro o resto da vida, lembrando a época áurea do cinema, mas vivendo um grande amor.

 

Hercílio Lorenzetti em cena do filime "Fugitivos da Vida"

 

Hercílio Lorenzetti morreu em 2010. A escola “Sesi”, no bairro Jardim Lorenzetti, tem o nome do ator, em gratidão ao fato de ele ter doado mais de 30.000 metros de terra para a construção da instituição. Aliás, ele sempre foi um benemérito de causas sociais.

O camarim do “Palácio da Cultura Umberto Magnani Netto” também foi batizado com o nome do artista, que ainda tem seus pés e mãos gravados na “Calçada da Fama” em frente ao mesmo espaço.

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