CULTURA

Campeão da Copa do Mundo de 1958 tem familiares em Santa Cruz

Campeão da Copa do Mundo de 1958 tem familiares em Santa Cruz

Publicado em: 22 de junho de 2018 às 18:00
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 15:55

Neta e bisnetas de Nilton de Sordi, titular da Copa

do Mundo de 1958, moram na cidade há seis anos

Já aposentado, De Sordi mostra a foto de campeão do mundo



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Campeão pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1958 — com o inesquecível time que tinha Pelé, Garrincha, Zito, Nilton Santos e tantos outros craques —, o lateral Nilton de Sordi morreu em agosto de 2013 e deixou muita saudade. Aliás, deixou também familiares em Santa Cruz do Rio Pardo, cidade onde moram a neta Gabriela de Sordi Pegorer Santos, 29, e as bisnetas Manuela, 8, e Catarina, 2. Somente a pequenina Catarina não se lembra do bisavô. O pai de Gabriela, o ex-prefeito de Bandeirantes-PR Nilton de Sordi Júnior, ainda mora no Paraná, mas viaja para Santa Cruz com frequência para visitar os parentes.

De Sordi foi titular absoluto do esquadrão de 1958 na Copa do Mundo disputada na Suécia. Contundido, ele só ficou de fora justamente da final, quando o Brasil goleou a Suécia por 5x2, com direito a um gol antológico de Pelé, depois de um chapéu no zagueiro. Mas o lateral foi decisivo para o primeiro mundial da seleção, sendo genial nos desarmes.

De Sordi foi capa de várias publicações



Quando se aposentou, De Sordi foi treinador do União Bandeirantes, cidade onde morou com a família e um de seus filhos, Júnior, foi prefeito entre 2001 e 2004. Já a neta Gabriela conheceu o santa-cruzense Murilo na faculdade e se apaixonou. Casou-se em março de 2013, com a presença do avô famoso na cerimônia, e veio morar em Santa Cruz. Em agosto, o ex-jogador morreu.

Gabriela diz que o avô De Sordi era uma pessoa extremamente generosa. “Ele era muito engraçado, embora não gostasse de expressar suas emoções. Eu só o vi chorar numa entrevista ao canal esportivo SporTV, quando falou sobre um suposto ressentimento pelo fato de não ter saído na foto oficial do time campeão de 1958, já que não jogou apenas o último jogo”, disse.

O curioso é que Gabriela só notou que era neta de um lendário jogador de futebol quando tinha aproximadamente oito anos. “Eu sempre via a movimentação e aqueles quadros espalhados pela casa. Mas só depois caiu a ficha e percebi que meu avô era um campeão. Apesar de criança, fiquei muito orgulhosa”, contou.

Nilton de Sordi não jogou mais quando se aposentou. Porém, não abandonou o futebol. Segundo a neta Gabriela, ele gostava de assistir aos jogos da televisão com a família. “Copa do Mundo, então, era uma festa com ele dando palpites”, disse. Ela lembra que o avô, do outro lado da tela, não poupava críticas quando o time jogava mal.

A bisneta Manuela (à direita) mostra foto de De Sordi que mantém em seu quarto



Cartas do exterior

Nilton de Sordi foi eleito o melhor lateral da Copa do Mundo de 1958, disputada na Suécia, de acordo com indicação da própria Fifa. O lateral foi recordista de jogos pela seleção durante muitos anos



Nilton De Sordi não fez fortuna com o futebol, o que, aliás, era normal naquela época romântica do esporte. Mas, segundo Gabriela, ele sempre gostou de atender os fãs.

Na fazenda em que morava, em Bandeirantes, o lateral campeão costumava receber muitas cartas pedindo autógrafos em fotografias. A maioria, aliás, vinha do exterior, como Alemanha, Itália e Suécia. “Elas traziam, inclusive, o dinheiro para a resposta. Meu avô autografava e devolvia ao remetente junto com o dinheiro, já que, para ele, bastava o orgulho de ser lembrado”, conta a neta. Em seus últimos anos, quando já estava com dificuldades para assinar, a família providenciou um carimbo, pois De Sordi queria continuar atendendo aos fãs.

O ex-jogador também gostava de rinha de galo. “Em Bandeirantes, ele tinha uma rinha nos fundos da fazenda. Era proibido, mas ele adorava isso”, contou Gabriela. “Todo sábado a diversão dele era a rinha”. Como neta, Gabriela tem direito a uma cadeira cativa no Morumbi, pois o avô foi ídolo do São Paulo.

Manuela, de apenas oito anos, foi muito ligada ao bisavô, de quem ainda se lembra e guarda um retrato em seu quarto. Basta uma pergunta sobre De Sordi que os olhos da garotinha começam a lacrimejar. “Tenho saudade”, admitiu.




PIONEIROS — De Sordi é o primeiro em pé no esquadrão campeão de 1958



De Sordi foi escolhido o

melhor lateral pela Fifa

Em 2008, De Sordi recebe medalha do então presidente Lula



Nilton de Sordi não foi apenas campeão em 1958 na Suécia. Foi o melhor lateral daquela Copa do Mundo, segundo escolha da Fifa. Ficou de fora apenas da final, pois não se recuperou de uma contusão sofrida na semifinal contra a França. Mas teve o privilégio de ver ao vivo o nascimento de um rei nos campos de futebol e Bellini erguer a taça Jules Rimet pela primeira vez.

Nascido em Piracicaba, iniciou a carreira no XV de Novembro e em 1952 foi para o São Paulo, onde virou ídolo. Campeão paulista em 1953 e 1957, jogou 16 anos no tricolor do Morumbi e, durante muito tempo, foi o recordista de jogos pela seleção brasileira.

De Sordi encerrou a carreira no União Bandeirantes, time que ainda treinou durante mais de 15 anos. O lateral também morou em João Pessoa-PB, mas voltou à cidade paranaense já com problemas de saúde.

Em 2008, De Sordi foi homenageado em Brasília num encontro dos campeões de 1958 promovido pela presidência da República. Numa cadeira de rodas, ele recebeu medalha do então presidente Lula e reencontrou os antigos companheiros do primeiro título mundial, inclusive Pelé.

Sofria de Parkinson e o Alzheimer e, segundo a neta Gabriela, esquecia o nome de familiares ao mesmo tempo em que se lembrava de detalhes do título de 1958. Morreu no dia 24 de agosto de 2013, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Tinha 82 anos.

* Colaborou Toko Degaspari
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