CULTURA

CARTAS - Edição de 15/07/2018

CARTAS - Edição de 15/07/2018

Publicado em: 19 de julho de 2018 às 18:24
Atualizado em: 27 de março de 2021 às 09:38

‘Século XXI’

Dizem os cientistas que a dependência do celular afeta a química do cérebro, levando a transtornos mentais. Quando o dependente não acha a maquininha, fica desesperado até encontrá-la. Isto já pode ser chamado de vício, porque mostra sintomas de abstinência igual a dependentes de drogas. Numa pesquisa com jovens, foi constatado que a tecnologia afeta o contato com familiares e a forma de lidar com as emoções, e também mostraram maiores níveis de depressão, ansiedade e insônia.

Em países desenvolvidos, 92% dos adolescentes acessam a internet todos os dias e muitos costumam tocar mais de 2.600 vezes na telinha do celular. Com essa pesquisa, chegou-se à conclusão de que alguns deles possuem algum tipo de alteração cognitiva. A taxa de suicídio neste século aumentou como nunca. Em um estudo na Inglaterra, foi constatado que, entre três adolescentes, um é viciado por ficar mais de 6 horas ligado e pode apresentar ansiedade, sudorese e irritabilidade.

Hoje, tudo isso pode ser tratado como um problema de saúde pública e já existem clínicas especializadas no tratamento de jovens dependentes de celular. Ultimamente, a tecnologia do século XXI veio a trazer muita facilidade ao lado de sérios problemas para os jovens e suas famílias. Essa máquina já faz a criança deixar de pensar porque já traz tudo pronto...

E porque ela precisa esquentar a cabeça, então? Será possível guardar tudo que lê neste pequeno retângulo e se tornar uma espécie de sábio ou conhecedor de todas as coisas que nós, os mais antigos, precisávamos suar em cima dos livros para reter os conhecimentos na cabeça, o que ficou até hoje?

É bom pensar sobre isso, se a educação é real ou efêmera, como vemos hoje em dia.

—Anna Maria Rocha (Santa Cruz do Rio Pardo-SP)

Cadê o Senado?

Em fevereiro de 2004, o senador Jefferson Péres denunciou o que ele chamou de processo de mexicanização do Brasil, ou seja, a experiência histórica vivida pelo México do final dos anos 1920 ao final dos anos 1990, período em que o país ficou submetido a um regime formalmente democrático, no pleno vigor da Constituição, foram cumpridas as formalidades do Estado de Direito, com separação dos Poderes, eleições periódicas, pluripartidarismo e liberdade de expressão e reunião.

Isso porque o Partido Revolucionário Institucional dominava amplamente o poder e a sociedade. Domínio exercido mediante o aparelhamento da estrutura do Estado, o controle das máquinas sindicais e o anestesiamento dos meios de comunicação. Uma ditadura perfeita.

Péres já via a cooptação dos partidos. A oposição à Lula era formada, em sua maioria, por políticos sem convicções, que só conseguem sobreviver no regaço do poder. Acrescia ainda que em oito anos de mandato Lula faria a maioria dos tribunais superiores, se não submissa, seguramente simpática ao governo. Os meios de comunicação, fragilizados financeiramente, a dependerem do socorro de bancos estatais, poderiam impor-se indesejável autocensura, como eu mesmo testemunhei em 2006.

O senador Jefferson fez a denúncia um ano antes do escândalo do Mensalão. Lula sobreviveu, bem como elegeu sua sucessora, Dilma, também por dois mandatos, nomearam seus ministros da Justiça Superior com a aprovação do Senado, diria até conivente, devido à péssima qualidade de alguns deles. E, como vemos, o PT ainda tem a fidelidade de vários nomeados.

Antes do senador Péres, em maio de 2002, pouco antes de sair do PT, passei a denunciar o que eu enxergava. O meu artigo “Uma ideologia para Lula” ainda está disponível na internet, no jornal baiano “A Região”. Lula estava em primeiro lugar nas pesquisas e virtualmente eleito, mas eu já antecipava alguns graves problemas como o autoritarismo, a corrupção e o nepotismo. Eu mesmo testemunhara vereadores do PFL a serviço do prefeito petista.

Temos visto diversos ministros do Supremo, os defensores da Constituição, flagrantemente desrespeitarem-na e diante de um Senado silente e covarde. Agora foi a vez de outra instância superior da Justiça. Na manhã de 8 de Julho, domingo, o desembargador do TRF-4 Rogério Favreto determinou a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já condenado em duas instâncias. A decisão mobilizou imprensa, políticos e o Judiciário. Inclusive o juiz Moro, que disse que não iria obedecer a ordem.

Ordem de juiz não se questiona, cumpre-se, certo? Lembrei-me do Tribunal de Nuremberg em que diversos nazistas alegaram cumprir ordens, mas o crime contra a humanidade não tem desculpa. Acima de um juiz, está a constituição e as leis, se um juiz enlouquecido determina a prisão de uma menina junto de homens violentos, é obvio que o delegado tem que desobedecer a ordem judicial.

Diante disso tudo, cadê o Senado para processar e julgar os ministros do STF, entre outros, que se comportam mal? E por que ainda não agiram para livrar o Brasil deste reduto petista?

— Mario Eugenio Saturno (São José dos Campos-SP)

Donos x férias

Ser empresário, para muitos, não é exatamente um mar de rosas. Muitas vezes, ele é o primeiro a entrar e o último a sair. Décimo terceiro salário é apenas para os colaboradores e as férias nem sempre vêm como ele quer. Mas, então há um paradoxo por trás disso, pois quase todo empresário montou sua empresa com o sonho de ter liberdade financeira, de tempo e de escolha. E, férias pelo tempo que quiser sem ter que pensar na própria empresa, estão inclusas aí. A pergunta que fica é: quantos dos empresários estão obtendo estes benefícios? Quando faço essa pergunta aos empresários que participam dos nossos eventos, vejo que quase nenhum responde afirmativamente.

Ao contrário, muitas vezes estão estressados, com a saúde já não tão boa e até a família entra na dança. Diferentemente do que muitos pensam, isso não deveria ser assim. Muito trabalho não é sinônimo de resultados e, a consequência é mais sofrimento que prazer em ter a empresa que sempre sonhou.

A questão muitas vezes está mais ligada à forma como pensa o empresário do que a outras questões em si. Até porque a forma como ele pensa leva à forma como decide e, consequentemente, leva às ações tomadas que, por sua vez, tornam-se os resultados (positivos ou negativos). Então, basicamente, se os resultados não estão a contento é porque as formas de pensar também não estão.

A próxima pergunta é: como pensa o empresário? Verificando mais a fundo, se encontra o paradoxo. Complete a frase: “O olho do dono engorda o ...”. Sim, se eu citar esta frase em mil palestrar minhas, em todas, muitos empresários vão conseguir completar a frase perfeitamente. Normalmente: “O olho do dono engorda o gado (ou o porco, dependendo de quem fala)”.

Mas o que significa isso? Significa que o empresário tem que ficar na empresa todo tempo, caso contrário ela não funcionará. Significa também que ele não tem confiança nas pessoas que operam a empresa para ele. Porque se alguém tem que fazer as coisas bem feitas, será apenas ele (é como pensa, mas nem sempre reconhece). Muitos vão dizer “eu não penso assim”. Bom, verifique melhor a forma como faz as coisas, porque muitos donos estão assim e não se deram conta disso ainda. Como eu sei disso? Pelo resultado e pela produtividade dele e da empresa.

Então, será que o velho ditado “o olho do dono engorda o gado” funciona? Certamente se o empresário quer crescer e expandir a ponto de ter várias unidades de seu negócio, não. Seria improvável o dono conseguir chegar a dirigir uma empresa média ou grande com eficácia, sozinho. E é exatamente por isso que existem equipes, sistemas e processos dentro de uma empresa. Para que ela funcione sem o dono operando.

Sendo assim. para tirar férias efetivas (muitos têm férias, mas não são efetivas) em primeiro lugar o dono deve mudar a forma de pensar. Deve pensar que em médio/ longo prazo, a empresa não deveria ser operada por ele. Isso vai força-lo a montar as melhores equipes, sistemas e processos. O que no final das contas significa melhorar a produtividade e consequentemente os resultados.

— Marcos Guglielmi (São Paulo-SP)

País em crise

A ideia de que tudo se resolve no Estado teve sua expressão máxima na Constituição brasileira de 1967, no artigo 158, inciso XIX, que assegurava aos brasileiros “colônia de férias e clínicas de repouso”. A partir de Karl Marx, cresceu a legião de intelectuais, pensadores e políticos, na direita e na esquerda, dedicados a convencer a sociedade de que para cada problema individual há sempre uma solução estatal.

A social-democracia, que se propunha ser uma terceira via entre socialismo e capitalismo, foi responsável pelo crescimento do setor público e pelo aumento da tributação. A essência dessa ideia é que o sistema produtivo deve ser capitalista, com base na propriedade privada, na organização empresarial da produção e no trabalho assalariado, mas com governo grande, tributação pesada e programas de transferência de renda via serviços públicos. Os social-democratas se inspiraram em Marx para dizer que o problema da produção já estava resolvido e tudo se resumia a ter um bom sistema de distribuição.

Os defensores desse modelo não entenderam duas coisas. A primeira, que Marx não estava pensando na pobre Rússia czarista quando propôs o socialismo, mas na Inglaterra, um país com desenvolvido capitalismo industrial sob um regime liberal. Marx disse, em A Ideologia Alemã, que enquanto não houver aumento da produtividade capaz de gerar abundância, a briga pela redistribuição será apenas uma briga pela “die alte Scheisse” (a velha merda).

Ajudados pela grande depressão econômica dos anos 1930, que reduziu o produto mundial e lançou milhões no desemprego, os adeptos do crescimento do Estado tiveram a oportunidade de promover a expansão desmedida da máquina pública. Porém, cinco décadas depois, o gigantismo estatal gerou subprodutos perversos: carga tributária pesada, ineficiência governamental, inibição do investimento privado, casta de funcionários públicos de altos salários, privilégios para os tripulantes da máquina oficial, déficits fiscais, elevadas dívidas públicas e muita corrupção.

Conquanto o governo seja necessário e tenha suas funções, o gigantismo estatal e o excesso de intervenção na vida das pessoas passaram a produzir a doença que vieram para curar, além de disseminarem uma danosa consequência de natureza cultural: a crença de que a solução de todos os males sociais e individuais está no Estado. Na América Latina, os políticos populistas e demagogos cresceram na esteira da cultura da dependência, que se tornou a marca de grande parte da população.

O alemão desempregado de Ansbach, afora o aspecto hilário e jocoso de sua ação, apenas expôs o reflexo da crença de que o bem-estar é direito de todos e dever do Estado. Não se trata de ser contra redes de proteção social, mas é justamente para bem cumprir esse papel que o Estado não pode ser inchado, perdulário, endividado e excessivamente tributador. O caso do Brasil hoje é notório: o maior obstáculo ao crescimento econômico é o setor público, inchado, ineficiente, endividado e corrupto.

A redução da pobreza depende da criação de riqueza, tarefa da sociedade e do sistema produtivo privado.

— José Pio Martins (São Paulo-SP)




"Fotos do Leitor"

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A ‘jardineira’ e a antiga Matriz

— Na foto do acervo do servidor público aposentado Edílson Arcoleze Ramos de Castro aparece uma antiga “Jardineira” (como eram chamados os ônibus de viagens curtas entre cidades ou locais da zona rural) estacionada na avenida Tiradentes, em Santa Cruz do Rio Pardo. No fundo, dá para ver parte da antiga Igreja Matriz de São Sebastião, demolida nos anos 1960. Não há registro de data, mas é provável que a fotografia tenha sido tirada na década de 1950.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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