CULTURA

Depoimento: um santa-cruzense na Espanha do coronavírus

Depoimento: um santa-cruzense na Espanha do coronavírus

Publicado em: 03 de abril de 2020 às 16:29
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 14:48

Um santa-cruzense na

Espanha do coronavírus

Felipe Toneta

Especial para o DEBATE

No início de janeiro, eu viajei à Espanha para realizar um programa de intercâmbio semestral na Universidade Autônoma de Barcelona, tendo meu regresso ao Brasil programado para junho. Infelizmente, eu e outros amigos que estavam na Europa pelo mesmo motivo tivemos que voltar para cá antes do previsto; no entanto, foi o certo a se fazer.

Quando os primeiros casos de coronavírus começaram a surgir por lá, muitos europeus, no geral, não davam a devida importância e mantiveram suas rotinas habituais. E, no dia em que foi diagnosticado o primeiro caso em Barcelona, os espanhóis permaneciam frequentando bares, restaurantes e discotecas, acreditando que as autoridades conseguiriam conter o avanço dos vírus. E, à época, eu também possuía as mesmas crenças, e todos nós permanecemos seguindo as nossas vidas.

Com o decorrer dos dias, a preocupação das pessoas foi aumentando, a procura por álcool gel e máscaras crescia demasiadamente e cada vez menos pessoas viajavam. Mas ainda assim, no frigir dos ovos, a nossa rotina era essencialmente a mesma de antes. E, conversando com os nativos de lá, eu tinha uma sensação de que todos viviam como se nada tivesse mudado, acreditando fielmente na agência sanitária espanhola e em sua atuação no combate e monitoramento do covid-19. Barcelona permanecia viva.

Pouco tempo depois, todos tomamos conta de que aquilo iria ser bem mais grave do que imaginávamos. Os casos de contágio na Espanha cresciam tão exponencialmente, que o país já ficava apenas atrás da Itália em números de infectados pelo corona. A movimentação da imprensa no Hospital Clínic, o qual registrou o primeiro caso do coronavírus em Barcelona e que curiosamente ficava do lado de casa, crescia dia pós dia. Isso porque esse hospital era referência para o tratamento da doença em toda a Catalunha, tendo pacientes infectados de várias cidades. Esse cenário fazia com que a sensação de temor do que poderia vir à tona começou de fato afligir os espanhóis e a cidade transformava-se constantemente em um lugar cada vez menos movimentado, com menos turistas e com pouca vida. A partir daí, tudo começou a mudar de forma drástica a cada dia que passava: a Espanha entrou em estado de quarentena por 15 dias, e, com exceção de mercados e farmácias, todos os outros locais foram fechados, inclusive universidades e escolas. O Estado espanhol começou a tomar mais medidas drásticas para combater o avanço do vírus, tomando controle até mesmo de hospitais privados para tratar os infectados. Com o início da quarentena, toda a sociedade por lá estava bem mais conscientizada, reconhecendo os erros que todos cometemos por não ter dado a devida importância a essa pandemia. E a Europa, como um todo, também reconhecia que já estava (e está) pagando o preço por ter tomado certas medidas tardiamente.

Todas as minhas aulas foram transferidas para plataformas online até o final do curso, mas eu, e minhas outras duas amigas que moravam comigo por lá, Julia e Catarina, ainda permanecemos alguns dias por Barcelona, durante a quarentena, tendo fé que aquela situação poderia passar antes do previsto. Até que finalmente nos demos conta de que, diante de toda essa situação causada pelo coronavírus, o correto fosse regressar às nossas casas e ficar com nossa família nesse momento incerto.

Essa pandemia realmente nos pegou de surpresa e nos impediu de realizarmos nossos planos para o início desse ano. É triste, é chato e é muito frustrante. De fato. Mas agora nós temos que aceitar a realidade e e temos que ser responsáveis para fazer todo o possível no combate a esse vírus. Já estou no Brasil desde o último domingo (22), mas infelizmente eu ainda não posso ir a Santa Cruz para visitar minha família e amigos pois escrevo de São Paulo, pois, embora eu não apresente qualquer sintoma, estou realizando aqui minha quarentena como medida de prevenção.



  • Felipe Toneta é santa-cruzense e estudante de Direito na PUC-SP


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