CULTURA

Família transforma Kombi em um ‘barril de chope’ ambulante

Família transforma Kombi em um ‘barril de chope’ ambulante

Publicado em: 14 de junho de 2017 às 10:58
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 01:35

Veículo ganhou torneiras de chope na lateral

e até churrasqueira na traseira: é a ‘Kombeer’

Mayra tira chope por uma das torneiras da "Kombeer"

Mayra tira chope por uma das torneiras da "Kombeer"



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Uma Kombi 2005 se transformou num bar ambulante, o meio de vida de uma família inteira. O veículo é de propriedade de Renan Almeida, 28, que trabalhava em tempo integral com instalação elétrica e usava a perua Volkwagen para atender clientes. Há dois anos, ele resolveu vender a Kombi, mas não encontrou compradores. “Parece que ninguém queria”, disse, sem esconder que, de certa forma, teve sorte. É que, em seguida, ele viu na internet fotos de um veículo adaptado para vender chope e resolveu investir na perua.

O projeto foi dele mesmo, com palpites da mulher, do irmão e da cunhada. Surgiu, então, a “Kombeer, um veículo que se transformou num local móvel de revenda de chope e espetinhos. Deu tão certo que, hoje, a família toda está envolvida no negócio. O preço, obviamente, foi um pouco salgado. “Eu tive que vender outro carro para bancar a reforma”, conta Renan. “Mas valeu a pena”, completa.

Renan põe fogo na churrasqueira que fica na traseira, acima do motor

Renan põe fogo na churrasqueira que fica na traseira, acima do motor



A “nova” perua hoje é preta e cheia de pinturas e adereços. Ela roda a cidade nas noites de quinta a domingo e pode ser vista no pátio do posto Confiança nas proximidades do restaurante "Os Galeguinhos", na praça Carlos Queiroz no dia da “Feira da Lua”, no Espaço Dantal e na praça Leônidas Camarinha. Aos fins de semana, o movimento começa às 10h da manhã e avança pela madrugada.

A Kombi foi totalmente transformada, como aqueles carros do quadro “Lata Velha” do programa de Luciano Huck. A adaptação foi feita em Santo André, na Grande São Paulo, onde o veículo ganhou meia dúzia de torneiras na lateral, por onde escorrem vários tipos de chope, inclusive de marcas e preços diferentes. Tudo a zero grau, temperatura garantida pelo mecanismo interno, onde ficam vários barris de chope. Na traseira, logo acima do motor, existe uma surpreendente churrasqueira, que assa os espetinhos. Apesar do fogo, existe uma proteção para evitar acidentes no motor.

A “Kombeer” foi uma sacada comercial que hoje envolve toda a família

A “Kombeer” foi uma sacada comercial que hoje envolve toda a família



Os apetrechos da Kombi funcionam a energia elétrica ou bateria, dependendo do local do estacionamento. “Às vezes conseguimos um ponto de energia elétrica, como na Feira da Lua. Quando não dá, mantemos o chope na temperatura ideal com o uso de gelo”, explicou Renan. Além dos barris, um carro de apoio à “Kombeer” traz cadeiras e mesas para os clientes.

Renan conta que precisou treinar toda a família para tirar o chope, pois há uma técnica específica para cada cliente, já que alguns preferem com colarinho (espuma). Outro diferencial da “Kombeer” é o tipo de bebida. “Nós não temos apenas uma marca de chope e dificilmente alguém oferece o mesmo tipo que a Kombi. Temos o chope pilsen Colina, que é o mais barato, além dos tradicionais Brahma e Antarctica. Mas também há o Stella Artois, Heineken e um chope artesanal”, disse. Para completar, há chope de vinho, que agrada o paladar de alguns. Tudo escorre pelas torneiras laterais da “kombeer”.

Segundo Renan, no início já aconteceu do chope acabar e precisar ser resposto às pressas. “Então, nós fizemos uma nova adaptação na kombi para conseguir levar mais barris. Deu certo”, conta.




Kombi só saiu de linha pela mudança da legislação que impôs alguns equipamentos obrigatórios

Kombi só saiu de linha pela mudança da legislação que impôs alguns equipamentos obrigatórios



Uma ‘perua’ de

1.001 utilidades

Veículo prático, versátil e carismático, a Kombi chegou ao Brasil no início da década de 1950, inicialmente importada pelo grupo proprietário da Brastemp. Os primeiros modelos fabricados na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial tinham partida a manivela e motor de 1.100 cilindradas. Em 1957 a Volkswagen começou a fabricar o utilitário no Brasil, inicialmente com 50% de nacionalização das peças.

O colaborador Toko Degaspari experimenta o chope da "kombeer"

O colaborador Toko Degaspari experimenta o chope da "kombeer"



Entre os utilitários, foi uma espécie de “Fusca”, tal o sucesso que alcançou. E, a exemplo de seu “irmão” sedan, sofreu poucas modificações no projeto ao longo das décadas. Era simples e, ao mesmo tempo, genial. Durante décadas, serviu a milhares de empresas, às polícias Civil e Rodoviária e até Correios. Difícil uma prefeitura não ter uma kombi no pátio. Ganhou versões diferenciadas, como pick-up — inclusive com cabine dupla — e motorização diesel. Era, enfim, um veículo para mil e uma utilidades.

A obrigatoriedade dos freios ABS e dos air-bags frontais nos veículos fabricados no Brasil, instituída por lei federal, selou o fim da Kombi, já que suas linhas não permitiam a instalação dos acessórios. A última Kombi deixou a linha de produção da Volkswagen às 22h do dia 18 de dezembro de 2013. No entanto, a Kombi ainda resiste bravamente nas ruas, trabalhando como poucos.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

Previsão do tempo para: Sexta

Períodos nublados
27ºC máx
16ºC min

Durante todo o dia Céu limpo

voltar ao topo

Voltar ao topo