CULTURA

Franco Catalano: "Projetando vida"

Franco Catalano:

Publicado em: 22 de abril de 2020 às 19:14
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 04:41

Projetando vida

Franco Catalano *

ARTE    O ato de projetar em arquitetura é sério. Projetar na área da saúde é mais sério ainda. O que começa com simples traços sobre o papel, evoluindo para um projeto completo e, finalmente, para uma obra edificada, fará parte da cidade por pelo menos 50 anos. E no caso de obras públicas, por muito mais tempo. A Santa Casa de Misericórdia de Santa Cruz do Rio Pardo, por exemplo, é do final da década de 1930. Apesar das contínuas reformas, algumas acertadas, outras nem tanto, seu “esqueleto” sempre foi muito bom: grandes janelas, que fornecem luz e ventilação a todos os leitos; corredores largos que permitem o fluxo de pacientes e servidores sem conflito; pé-direito alto para uma sensação de amplitude e conforto.

Grandes arquitetos assinaram empreendimentos hospitalares que se tornaram referência na área. Um dos pais da arquitetura moderna, o franco-suíço Le Corbusier, projetou um hospital — infelizmente não construído — na Veneza dos anos 60. Nele estão presentes os cinco pontos da “nova arquitetura” que tanto defendia. Além disso, projetou-o de forma modular, permitindo novos leitos ou a instalação de equipamentos médicos mais atuais. Tudo isso sem romper com a harmonia estética da cidade.

Outro dos primeiros modernos, o finlandês Alvar Aalto, projetou o célebre Sanatório de Paimio, numa época onde a ciência não tinha progredido tanto quanto nos dias de hoje. Em 1929 vence o concurso de um hospital para tratamento de tuberculosos, antes, portanto, da descoberta da eficácia dos antibióticos. Sendo assim, Aalto entendia que a arquitetura e o edifício em si deveriam contribuir no processo de cura dos pacientes. Desenhou quartos extremamente funcionais e confortáveis; varandas em cada um dos 6 pavimentos para que o paciente mais debilitado fosse levado para respirar ar puro e tomar banhos de sol; e um terraço jardim na cobertura para aqueles em fase final de recuperação pudessem se exercitar.

No Brasil, quando falamos em projetar hospitais, é impossível não citar o incomparável Lelé. João Filgueiras Lima projetou a Rede Sarah, no começo dos anos 90. Na primeira unidade, em Salvador, aplicou conceitos de pré-fabricação e racionalização dos processos construtivos, resultando em uma obra rápida e de arquitetura ímpar. A cobertura em formas curvas permite a circulação constante do ar, evitando o uso de ar condicionado; grandes panos de vidro trazem luz e uma sensação de que o jardim invade o interior. O método construtivo, mesmo com a frieza do metal e concreto utilizados, não impede o clima de aconchego que o arquiteto consegue incorporar: contexto local, adaptação ao clima e ambientes humanizados.

* Franco Catalano é santa-cruzense, cursou História da Arte em Madrid e é arquiteto



  • Publicado na edição impressa de 12/04/2020


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