CULTURA

Há espaço para um aeroclube?

Há espaço para um aeroclube?

Publicado em: 17 de novembro de 2019 às 14:06
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 11:03

Para piloto, projeto é viável e hoje há

profissionais formados em outras cidades

e que operam em grandes empresas


Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Santa Cruz do Rio Pardo já viveu uma fase áurea na aviação, com a existência de um aeroclube para formação de pilotos e até um aeroporto com voos regulares da Vasp — nos lendários DC-3 — para São Paulo e Presidente Prudente. Tudo isto acabou, mas haveria demanda na cidade para um novo aeroclube? O piloto e instrutor profissional de voo Benedito César Gramália, 59, acredita que sim. Segundo ele, vários pilotos estão estudando e se formando em outras localidades devido à ausência de um aeroclube em Santa Cruz do Rio Pardo. Nas décadas de 1930 a 1950, o aeroclube formou dezenas de pilotos e alguns deles fizeram carreira na aviação comercial.

O comandante Benedito Gramália, que é santa-cruzense, já voou para empresas particulares antes de se tornar um requisitado instrutor na aviação. Ele já treinou, por exemplo, o conhecido Comandante Hamilton, que atuou em coberturas jornalísticas no SBT, Band e TV Record. Exímio piloto de helicóptero, Hamilton recebeu treinamento para avião.

“Santa Cruz poderia voltar a ter um aeroclube, pois é perfeitamente viável. Hoje, por exemplo, nós temos um santa-cruzense que é dono de uma escola aérea em Ourinhos e está formando pilotos”, afirmou Gramália. Segundo ele, a aviação comercial está crescendo no mundo todo e, cada vez mais, requisitando pilotos.

O comandante contou que há pelo menos um piloto de Santa Cruz do Rio Pardo em atividade no exterior. Claro que o curso não é acessível a qualquer família, pois custa em torno de R$ 30 mil. “Mas há demanda em qualquer lugar, pois tem muita gente que sonha em ser piloto comercial”, explicou Gramália. Ele mesmo admite que sempre foi apaixonado pela aviação.

Autoridades aguardam um pouso de avião no aeroporto de Santa Cruz



Tempo da aviação

O aeroclube de Santa Cruz do Rio Pardo surgiu no início da década de 1940, quando a aviação ganhou um impulso nacional com a campanha “Asas para o Brasil”, do jornalista Assis Chateaubriand, dono dos “Diários Associados” e da rádio e TV Tupi. Aliás, Chateaubriand é considerado o brasileiro que mais horas passou em pleno ar, recorde que até hoje permanece imbatível.

O País vivia o “Estado Novo” de Getúlio Vargas e o jornalista percorreu os Estados doando aviões para fomentar a aviação, que estava se consolidando no Brasil. Calcula-se que mais de 1.000 aeronaves foram distribuídas nos rincões do interior brasileiro, uma delas em Santa Cruz do Rio Pardo.

EXPERIÊNCIA — Benedito Gramália visita todos os anos a feira de aviação no aeroporto de Congonhas, em S. Paulo



O advogado José Eduardo Catalano, atual assessor da Câmara Municipal, se lembra muito bem daquela época, pois uma carta dele, então estudante do Grupo Escolar, ganhou um concurso justamente discorrendo sobre a necessidade do aeroclube de Santa Cruz ganhar um avião. A carta do garotinho de 11 anos foi endereçada ao prefeito Leônidas Camarinha, mas sensibilizou as autoridades — principalmente Chateaubriand — e logo uma aeronave de pequeno porte chegou à cidade.

O avião foi batizado de “Vitor Konder”, em homenagem ao ministro da Aviação, morto no ano anterior. Pouco tempo depois, o aeroclube ganhou um novo avião, doado pelos empresários Plácido Lorenzetti e Nagib Queiroz.

Com o auge da aviação, Santa Cruz passou a ter linhas aéreas regulares da Vasp, partindo três vezes por semana para São Paulo. O aeroporto foi desativado na década de 1960, mas o local ainda recebeu aviões particulares até os anos 1980, quando foi totalmente extinto. No lugar, funciona hoje a creche conhecida por “Hangar”, única referência ao antigo campo.

Avião doado por empresários fez o voo inauguração com mãe de Leônidas



Demanda crescente

O piloto Benedito Gramália continua acompanhando os lançamentos na aviação. Todos os anos, por exemplo, ele participa da “Labace”, uma das maiores feiras de aviação da América Latina, que é realizada no aeroporto de Congonhas.

“Com as novas tecnologias, a pressão sobre o piloto foi reduzida em até 70%, pois há equipamentos que evitam colisões e alguns que permitem o taxiamento do avião automaticamente”, contou.

Mesmo com toda a tecnologia existente, Gramália lembra que o piloto ainda é a “peça” mais importante do avião. Há tempos ele defende a presença de um co-piloto até mesmo em aeronaves de pequeno porte. O raciocínio envolve grandes empresários que investem milhões em modernos aviões, mas contratam um único piloto. “Um mal súbito vai deixar o aparelho à deriva, caso não tenha um outro piloto na aeronave”, adverte o santa-cruzense.

EXPERIÊNCIA — Benedito Gramália visita todos os anos a feira de aviação no aeroporto de Congonhas, em S. Paulo



No entanto, segundo Gramália, cada vez mais as aeronaves têm tecnologia no sentido de aumentar a segurança e o conforto dos passageiros. E no mundo todo, de acordo com a avaliação do comandante, o crescimento da aviação é constante.

Ele contou que um amigo de Santa Cruz, Gustavo Domingues, ex-aluno do Colégio Camões e filho de uma família tradicional da cidade, é hoje piloto profissional de uma grande empresa aérea. “Ele fez até o curso de Inglês, imprescindível para a carreira. Está na Gol e pilota Boeing 737 no Brasil e em todo o Mercosul. Há um amigo de Ourinhos que está voando em Airbus na China. Outro, também de Ourinhos, foi comandante de Airbus da Tam e hoje voa na China”, contou.

Por tudo isso, Gramália diz que “já passou da hora” de Santa Cruz do Rio Pardo voltar a ter uma pista. 

* Colaborou Toko Degaspari



  • Publicado na edição impressa de 10/11/2019


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