CULTURA

Inaugurada por Médici, usina de Chavantes completa 50 anos

Inaugurada por Médici, usina de Chavantes completa 50 anos

Publicado em: 09 de fevereiro de 2021 às 10:04
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 00:27

André Fleury Moraes

Da Reportagem Local

“Médici inaugura Xavantes e almoça com governadores”, dizia a manchete da Folha de S. Paulo de 26 de janeiro de 1971. O terceiro presidente da ditadura militar estivera no município vizinho de Santa Cruz do Rio Pardo em 25 de janeiro para inaugurar a usina que hoje pertence ao grupo chinês CTG. Na última segunda-feira, 25, a usina completou 50 anos desde a sua inauguração.

Não existiam mais censores nas redações dos jornais, mas o regime ainda censurava — e muito — a imprensa. Isso talvez explique o destaque dado pela Folha à ida de Médici a Chavantes, que até então era grafada com X. De qualquer forma, a obra foi mesmo grandiosa.

No dia seguinte, o presidente participaria também da inauguração da usina Capivari-Cachoeira, do Paraná. Foi este o destaque do jornal O Estado de S. Paulo: “Médici abre a grande usina do Paraná. O presidente acionará as turbinas às 9h30 de hoje”, dizia o texto do Estadão.

Médici pousou em Ourinhos e voou de helicóptero até a usina de Chavantes. “Festa em Ourinhos”, garantiu a imprensa da época, uma vez que centenas de prefeitos, vereadores e cidadãos lotaram o aeroporto ourinhense.

A CONSTRUÇÃO — Enormes estruturas e turbinas importadas marcaram a construção da usina hidrelétrica a partir de 1959



O então ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto também desembarcou no aeroporto, mas foi para a inauguração de carro.

O discurso mais proeminente da inauguração foi de Roberto Costa de Abreu Sodré, o governador indicado para São Paulo pela ditadura militar. Sodré nasceu na capital paulista e era filho de Francisco de Abreu Sodré, o segundo prefeito da história de Santa Cruz do Rio Pardo.

À beira do Paranapanema, Sodré disse em discurso que “o desafio, aceito pelos brasileiros de São Paulo, já é missão cumprida”. E também criticou a inauguração de uma usina no Egito, de cujo evento participou um chefe de Estado soviético. Sugeriu haver, no país africano, falta de soberania.

As obras da usina começaram, na verdade, em 1959. Foram utilizados 343.590 metros cúbicos de concreto e escavados outros 2.843.713 metros cúbicos. São quatro turbinas suíças com geradores japoneses. Tudo isso compõe uma barragem de 89 metros de altura e outros 500 de comprimento.

A energia produzida pela usina de Chavantes alcança os 414 MW, o suficiente para abastecer uma cidade de 820 mil habitantes. Ela hoje é essencial para o abastecimento de energia elétrica na bacia do Paranapanema, a que Santa Cruz se insere, e sua construção foi crucial ao desenvolvimento econômico regional. 



  • Publicado na edição impressa de 31 de janeiro de 2021


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