CULTURA

João Zanata Neto: "Conquista suprema"

João Zanata Neto:

Publicado em: 01 de junho de 2020 às 14:12
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 13:02

Conquista suprema

João Zanata Neto *

Da Equipe de Colaboradores

É abominável aquela sensação de perdimento onde não se sente mais presente no tempo e no espaço. Isto pode até soar surreal, mas é uma sensação que altera os ânimos. Eu poderia supor com muito mais nitidez este momento se aquela sensação de despertencimento não fosse tão fugaz. Creio que ela surgiu para que pudesse pensar nesta sensação estranha. Não foi de fato um acaso. Tudo o que vive faz constantemente escolhas. Mas a vida não é o fluxo infinito das interações entre as escolhas. Não somos conduzidos por escolhas alheias ou próprias. Então, o que dizer sobre comportamentos condicionados pela nossa racionalidade. Isto parece confuso e até paradoxal, mas não é.

Não somos sempre a representação dissimulada de um eu que se oculta. Podemos dizer que somos verdadeiros enquanto pudermos ser racionais? Não, não. Nem assim estamos descobertos. A racionalidade tem muito bom senso e se oculta em todas as formulações prolatadas. Isto poder ser entendido ao se concluir que existimos apenas internamente. A exterioridade das coisas não tem significado. Toda a compreensão do mundo só existe no que temos de interno.

O universo de todos os fatos e atos são sensações internas e particulares para cada indivíduo. Cada acontecimento só terá significado dentro da interioridade. A realidade para cada ser é algo interno e particular. Só podemos ver conforme percebemos o mundo. Para uma abelha, a flor é uma luz ultravioleta. A mesma flor para o ser humano é algo branco como a neve. Se a realidade é a impressão interna que cada ser pode assimilar, o que é aquilo que denominamos de realidade? Aquilo que se apresenta externamente aos nossos sentidos é uma ilusão de um mundo material? Podemos dizer que há uma realidade interna e uma realidade externa ao ser? Todo ser pensante só pode ter uma realidade interna que lhe dá a noção de tudo o que existe, mas isto tudo existente não tem conjecturas e, portanto, não há uma realidade externa. Este tudo é algo que não pode se dar conta que existe e nem ter noção de uma realidade própria.

O cientista verdadeiro é aquele que expressa uma racionalidade não emotiva para ver o que não pode perceber. O mundo externo é algo imagético que só pode ser avaliado internamente em nossos sentidos. Esta relação entre ser e o mundo só tem significado internamente.

A relação ser em face de ser se pauta em um conteúdo moral. Este conteúdo, mesmo que externado por um ser, só terá significado na percepção interna de outro ser. A fala, enquanto se propaga até o receptor, é apenas um som sem significado. Mas, dentro de outro ser receptor, ela tem predicativos e significados compreensíveis. Toda comunicação só começa a ter significado ao perpassar os nossos sentidos quando interiorizadas nos pensamentos. Um hino entalhado em uma Stela é apenas uma ideia potencial ou apenas ranhuras em uma pedra para a natureza.

Mas, o pensamento não é a coisa mais interna de um ser. Enquanto ele fala, pode estar apenas transmitindo pensamentos da sua realidade interna como um reflexo das suas experiências da existência atual ou de outras passadas. O pensamento é a sedimentação de todas as suas experiências atuais ou passadas das quais ele nem sequer pode distingui-las. Por isto, o seu comportamento não é a expressão do seu verdadeiro eu. Um comportamento que seja aceitável pode muito bem se ajustar entre todos os seus semelhantes. Apesar de aparentar o seu modo autêntico de ser, em essência, um eu mais interno pode ser buscado. Este eu universal é a expressão do divino. Ele, o eu universal, não é o Sol que ilumina, mas é um dos seus pequenos raios. Ao encontrar este eu universal, você se verá no Criador e o Criador se verá em você. Na verdade, a criação está em tudo e em todos. Vencer a ignorância dos mistérios é apenas rememorar que cada ser é parte ou manifestação do Criador e esta é a conquista suprema de cada um.

* João Zanata Neto é escritor santa-cruzense, autor do romance “O Amante das Mulheres Suicidas”.



  • Publicado na edição impressa de 24/05/2020


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