CULTURA

Juvenal Lino de Mattos, o senador de Santa Cruz do Rio Pardo

Juvenal Lino de Mattos, o senador de Santa Cruz do Rio Pardo

Publicado em: 03 de novembro de 2019 às 14:59
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 07:55

Nascido em S. Cruz, também foi prefeito

da capital, deputado e secretário da Educação

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Muita gente confunde os irmãos Lino de Mattos, pois os dois foram políticos com cargos eletivos. Ambos nasceram em Ipaussu, mas numa época em o local ainda era Distrito de Paz pertencente a Santa Cruz do Rio Pardo e chamado de “Ilha Grande”. Há pouca informação sobre Agenor Lino de Mattos, que foi vereador em São Paulo e deputado estadual por quatro legislaturas seguidas, eleito em 1967 e reeleito consecutivamente até 1983. Hoje, é nome de uma escola em Barueri/SP. Já o irmão Juvenal Lino de Mattos chegou ao Senado Federal em 1955 e foi reeleito em 1971. É este Lino de Mattos que costumava frequentar Santa Cruz do Rio Pardo e fazer campanha por seus candidatos.

Foi uma época de liderança absoluta de Santa Cruz do Rio Pardo no cenário político regional. Nos anos 1960, sabe-se que a cidade elegeu dois deputados estaduais para seguidas legislaturas — Leônidas Camarinha e Lúcio Casanova Neto. No entanto, havia outros parlamentares que também eram de Santa Cruz, mas deixaram o município ainda jovens, com suas respectivas famílias.

Em agosto de 1971, por exemplo, a Assembleia Legislativa de São Paulo fez uma sessão em homenagem a dois ex-deputados cujos falecimentos eram recentes. Um deles era Leônidas Camarinha. Nos discursos, pelo menos dois deputados estaduais lembraram terem sido conterrâneos de Camarinha, eis que também nascidos em Santa Cruz do Rio Pardo. Um era Agenor Lino de Mattos e o outro, Pinheiro Júnior. Este último, ao exaltar a memória de Camarinha, lembrou que morava em Santa Cruz na época em que o falecido era prefeito e iniciou a pavimentação asfáltica da cidade, uma das grandes novidades do interior paulista.

EM 1949 — Na foto tirada em frente à antiga Igreja Matriz, Juvenal está à esquerda do deputado Leônidas Camarinha



Mas e Juvenal Lino de Mattos? Nascido em Santa Cruz, teve maior destaque político do que o irmão Agenor. Em 1948, já deputado estadual, Juvenal prestigiou a inauguração da rádio Difusora, a antiga ZYQ-8, de propriedade, entre outros, de Leônidas Camarinha. Em 1951, já deputado reeleito, licenciou-se da Assembleia Legislativa para ocupar o cargo de secretário da Educação de São Paulo.

Em 1954, Juvenal Lino de Mattos resolve se candidatar ao Senado pelo PSP e foi eleito para uma das vagas, ao lado de Auro de Moura Andrade. Já era considerado um “campeão de votos” quando, no ano seguinte, numa negociação entre partidos, Juvenal é indicado para concorrer à prefeitura de São Paulo. Na verdade, a eleição na capital foi provocada pela dupla renúncia do titular Jânio Quadros e do vice, José Porfírio da Paz, eleitos como governador e vice do Estado de São Paulo.

PRESENÇA — Em 1948, Juvenal (entre Camarinha e Nagib Queiroz) prestigia a inauguração da rádio Difusora



Na época, não havia legislação que impedisse um senador de ser detentor de outro cargo. Juvenal foi eleito prefeito no dia 22 de maio de 1955, com quase 200 mil votos, mais que o dobro do segundo colocado, o udenista Homero Domingues da Silva. Havia, ainda, outros quatro candidatos. O santa-cruzense tomou posse na prefeitura em 22 de junho de 1955.

No comando do município de São Paulo, porém, sofreu pressões por parte do grupo do governador Jânio Quadros, que denunciou a incompatibilidade entre os dois cargos ocupados por Juvenal — prefeito e senador paulista. Houve uma intensa batalha jurídica, mas Juvenal permaneceu no cargo. Como prefeito, criou os departamentos de Polícia e de Trânsito.

Em 1956, porém, os janistas propuseram uma alteração da legislação, para obrigar Lino de Mattos a optar por um dos dois mandatos. Temeroso de perder a vaga no Senado, Juvenal renunciou ao cargo de prefeito em abril de 1956, nove meses depois de tomar posse. O vice, Wladimir de Toledo Piza, assumiu a prefeitura.

Em 1962, Juvenal Lino de Mattos concorreu à reeleição para o Senado. Com quase um milhão de votos, ganhou mais oito anos como senador em Brasília. Tentou outra reeleição em 1970 e atingiu surpreendentes 1.835.821 votos, mas ficou em terceiro lugar. Franco Montoro (MDB) foi o mais votado, com 1.953.868 votos, seguido de Orlando Zancaner (Arena), com 1.944.646.

O santa-cruzense Juvenal Lino de Mattos, então, desistiu de disputar eleições, mas continuou ativo na política. Foi o presidente estadual do MDB, partido de oposição à ditadura, por alguns anos até se aposentar. Morreu no dia 4 de junho de 1991, aos 87 anos. 



  • Publicado na edição impressa de 27/10/2019


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