CULTURA

Sete anos sem Umberto Magnani

Maior ator da história de Santa Cruz do Rio Pardo morreu em abril de 2016, durante gravação de novela da Globo

Sete anos sem Umberto Magnani

O inesquecível ator Umberto Magnani Netto

Publicado em: 12 de abril de 2023 às 20:56
Atualizado em: 14 de abril de 2023 às 13:54

Sérgio Fleury Moraes

 

Há sete anos, no dia 25 de abril de 2016, no auge de sua carreira artística e no dia de seu aniversário, o ator Umberto Magnani Netto sofreu um AVC. Ele estava gravando cenas da novela “Velho Chico”, nos estúdios da Rede Globo, quando se sentiu mal e foi levado a um hospital. Morreu dois dias depois.

Umberto partiu aos 75 anos, mas foi o mais consagrado artista santa-cruzense da história da cidade. E também o mais apaixonado por Santa Cruz do Rio Pardo.

Ele fez sua estreia num palco aos três anos, quando interpretou Jesus Cristo numa escolinha infantil em Santa Cruz. Cresceu tendo o cinema como obrigatório e participou várias vezes do antigo “Programa Rádio Clube Mirim”, comandado pelo animador José Eduardo Catalano no antigo Clube dos Vinte.

 

Seu último papel na TV foi “Padre Romão”, na novela “Velho Chico”

 

Catalano deu várias “broncas” no garoto, pois Umberto costumava levar todos os prêmios do programa. Foi quando ele tomou uma decisão: queria ser ator.

No entanto, não contou à família, pois naquela época artista era uma profissão marginalizada. Quando terminou os estudos secundários na escola “Leônidas do Amaral Vieira”, Umberto seguiu para São Paulo. Avisou os pais que iria procurar um emprego e estudar, provavelmente engenharia.

Magnani trabalhou numa concessionária Simca de automóveis, mas cursou a EAD (Escola de Arte Dramática da USP) escondido dos pais.

Somente quando percebeu que já tinha uma vida independente, Umberto Magnani finalmente contou à família seu verdadeiro objetivo.

 

Umberto chegou a gravar um vídeo publicitário para o jornal, cuja redação visitava sempre que estava em Santa Cruz

 

Era um aluno tão expressivo nas artes que, antes mesmo de terminar a faculdade, foi chamado no final de 1960 a participar da peça “A Falecida”, dirigida por Antunes Filho.

Anos depois, já formado, Magnani substituiu Antônio Fagundes em “Primeira Feira Paulista de Opinião”, uma produção de Augusto Boal de 1968. Eram tempos difíceis do regime militar, que tanto Umberto combateu.

No início dos anos 1970, entrou definitivamente na televisão, primeiramente na extinta TV Tupi, contracenando na novela “Mulheres de Areia”.

 

Com Georgia Gomide, no filme ‘Chão Bruto’

 

E não parou mais. Fez quase 30 novelas na Globo, Record e SBT, além de especiais. Ele contracenou com os grandes nomes da televisão brasileira e conquistou os principais prêmios concedidos a artistas brasileiros — como “Molière”, “Mambembe” e “Prêmio Governador do Estado”.

Seu amor por Santa Cruz se revelava em improvisações nas próprias novelas. Em “Éramos Seis” (SBT), por exemplo, Umberto surpreendeu nas gravações ao falar sobre sua cidade numa das cenas. Ele era Alonso, dono de uma venda. Ao atender um boiadeiro, perguntou qual era o destino dele. Em seguida, aconselhou: “Se for para o sertão, muito cuidado com o coronel Tonico Lista lá pelas bandas de Santa Cruz do Rio Pardo”.

O diretor da trama gostou e a cena foi ao ar.

 

Com Maitê Proença, em novela da Globo

 

Aliás, Umberto tinha um sonho: gravar uma minissérie ou produzir um filme sobre o lendário coronel Tonico Lista, o poderoso chefe político de Santa Cruz do Rio Pardo durante as primeiras décadas do século passado.

Às vezes, os próprios colegas o homenageavam em cena. Em 1976, a novela de maior sucesso na Globo era “Estúpido Cupido”, um enredo voltado para os “Anos Dourados” (1950/1960). Como na história haveria uma disputa pelo título de Miss Brasil, o autor Mário Prata encontrou uma maneira engraçada de homenagear seu amigo.

Na disputa pelo título de Miss São Paulo, que antecedia o concurso de Miss Brasil, apareceu em cena uma candidata fictícia de Santa Cruz do Rio Pardo, que chegou às finais, só perdendo para a estrela da novela. Era “Berta Magnani”.

 

Com os amigos Mário Covas, Bete Mendes e outros, durante campanha eleitoral em São Paulo

 

Umberto estrelou em dez filmes e conheceu vários palcos no Brasil ao participar de quase 30 peças de teatro.

Quando fez a turnê da peça “Avesso”, junto com o filho Betinho Magnani, Umberto também falava de Santa Cruz do Rio Pardo nos mais distintos locais. Em São Paulo, por exemplo, quando seu personagem lia um jornal, Umberto fazia questão de levar um exemplar do DEBATE em cena.

 

Com Plínio Marcos, na inauguração do Palácio da Cultura de Santa Cruz do Rio Pardo

 

Nos anos 1980, foi a vez da cidade prestar uma homenagem ao grande ator. E Umberto se transformou num monumento vivo, ao dar nome ao “Palácio da Cultura” de Santa Cruz do Rio Pardo. Na inauguração, vieram personalidades e artistas consagrados, como Bete Mendes e o dramaturgo Plínio Marcos.

Umberto Magnani também foi ativista político, combatendo a ditadura militar e lutando pelo restabelecimento da democracia nos anos 1980. Chegou a discursar num dos comícios da memorável campanha das “Diretas Já”.

Sua última turnê no teatro foi com a peça “Elza e Fred”, quando dividiu os palcos com a amiga Suely Franco. A produção foi exibida em Santa Cruz do Rio Pardo.

Aliás, apesar dos compromissos com a TV, Umberto invariavelmente estava em Santa Cruz. Gostava de percorrer bairros pobres, conversar com o povo que o amava e de trocar figurinhas num bar.

Em 2016, era o “Padre Romão” na novela “Velho Chico” da Globo. O personagem crescia no enredo e a atuação de Umberto era elogiada pela crítica. Estava no auge, quando veio o AVC.

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