CULTURA

O bombeiro que faz arte

O bombeiro que faz arte

Publicado em: 09 de novembro de 2017 às 16:00
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 12:51

Marcos Simili, 43, é o artista que

levou a arte do grafite ao quartel

Simili desenhou vários painéis no quartel dos bombeiros de Santa Cruz

Simili desenhou vários painéis no quartel dos bombeiros



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Quem visita o quartel do Corpo dos Bombeiros de Santa Cruz do Rio Pardo certamente se encanta com enormes desenhos nas paredes do prédio da corporação. O autor da “arte” é o cabo Marcos Alexandre Simili, 43, que desde a infância sentiu o despertar deste talento. Não por acaso, ele gostava de desenhar o personagem “Recruta Zero”. Adulto, evoluiu sua técnica para painéis feitos com aerógrafos.

A arte de Simili está espalhada pelo quartel de Santa Cruz, até mesmo nos brasões e letras da corporação. Mas são nos painéis de grafite que o bombeiro exprime suas emoções. Um deles, no saguão de entrada do prédio na avenida Clementino Gonçalves, retrata a figura de um bombeiro que atuou na tragédia do Word Trade Center, nos EUA, com a cabeça baixa num momento de reflexão. Ao lado dele, um anjo o consola. “Na verdade, eu usei uma fotografia verdadeira, que correu o mundo todo, onde a fumaça dos escombros parecia a silhueta de um anjo. Então, coloquei esta ideia no grafite como homenagem aos colegas que morreram naquela tragédia”, contou.

Brasões na sede dos bombeiros foram pintados por Marcos Simili

Brasões na sede dos bombeiros foram pintados por Marcos Simili



Simili já rabiscava cadernos nos tempos do grupo escolar. Levou muita bronca de professor, pois às vezes desenhava no exato momento da explicação na lousa. No entanto, alguns perceberam a arte do menino que se tornaria bombeiro.

Na época, o garoto gostava de olhar e desenhar personagens de histórias em quadrinhos, principalmente o Recruta Zero. Aos 16 anos, quando ainda morava em Assis, onde nasceu, Marcos se aventurou em fazer desenhos comerciais, se especializando em fachadas de empresas.

Ainda jovem, fez curso de desenho técnico e trabalhou numa empresa que prestava serviços para a Sabesp. Fazia projetos para a construção civil, como hidráulica e elétrica.

Mas, a exemplo da profissão que acabou abraçando, Marcos Simili fez de sua vida uma aventura. Foi até peão de boiadeiro durante oito anos, quando chegou a ganhar motocicletas e algum dinheiro. Loucura ou não, mostra que o bombeiro fez de tudo um pouco na vida. “Vai vendo”, conta, rindo, ao narrar suas peripécias como peão de rodeio.

A aventura teve fim quando um boi pisou no joelho de Marcos. “Não deu mais”, conta. Quando ainda terminava o tratamento no joelho, surgiu um concurso para a corporação. Começava, então, a profissão de bombeiro, talvez a definitiva para o inquieto Simili.

TEMA — O bombeiro Marcos Alexandre Simili mostra seu mais recente desenho, numa sala com equipamentos para salvamento aquático

TEMA — O bombeiro Marcos Alexandre Simili mostra seu mais recente desenho, numa sala com equipamentos para salvamento aquático



Quartéis coloridos

Mesmo na missão de salvar vidas, o dom da arte nunca abandonou o soldado. Há 18 anos em Santa Cruz do Rio Pardo, ele deixou a cidade durante cinco para atuar em São Paulo, para onde foi transferido. Pois pintou dezenas de quartéis na capital paulista.

O bombeiro na frente de um de seus desenhos no quartel

O bombeiro na frente de um de seus desenhos no quartel



De volta a Santa Cruz, Marcos Simili notou que, quando a sede dos bombeiros ganhou uma nova pintura há alguns anos, as paredes pareciam sem vida. “Sugeri ao nosso comandante na época, o subtenente Fornachari, para fazer desenhos nas paredes, com temas relativos aos bombeiros. Ele concordou e as imagens começaram a surgir”, conta.

No total, o grupamento de Santa Cruz do Rio Pardo já ostenta oito desenhos de Marcos Simili. Alguns foram feitos num único dia, nos intervalos entre as ocorrências de salvamento. O talento do bombeiro já foi tema de reportagem da TV Tem, afiliada da Rede Globo, e também saiu numa revista especializada em arte.

Marcos Simili, por sinal, é incentivado por colegas e até pelo comando da corporação. Recentemente, recebeu convite para pintar uma parede da sede regional em Marília. Hoje, ele já se orgulha do talento da única filha, de 12 anos, que começou a dar sinais de seguir os traços do pai. “Alguns desenhos dela já me impressionam”, diz.
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