CULTURA

Oito anos depois, Centro Cultural Special Dog transformou Santa Cruz para sempre

Oito anos depois, Centro Cultural Special Dog transformou Santa Cruz para sempre

EM FAMÍLIA Edlaine Turcato, à esquerda, ao lado da filha Sara Turcato: ambas frequentam as aulas do Centro Cultural Special Dog

Publicado em: 23 de julho de 2022 às 03:29
Atualizado em: 23 de julho de 2022 às 04:23

André Fleury Moraes

O coral ergue a voz em busca do tom perfeito e uníssono enquanto o som do piano ou do violino acompanha a sinfonia. Silêncio, por favor, porque acaba de começar um ensaio no Centro Cultural Special Dog.

Os alunos estão todos ali, num imóvel do século 19 localizado em frente à praça Leônidas Camarinha e cuja estrutura foi inteiramente revitalizada para se transformar num verdadeiro polo cultural de Santa Cruz do Rio Pardo.

Idealizado pelos irmãos Erik e Mário Manfrim, sócios da gigante de pet food Special Dog Company, o Centro Cultural completa oito anos de existência no próximo dezembro. Mas seu legado já está marcado para a eternidade. A instituição, a bem da verdade, foi o maior presente que a cultura de Santa Cruz recebeu nas últimas décadas.

O Centro começou pequeno. Eram poucas turmas e um número reduzido de alunos. Hoje, porém, é a segunda casa de mais de 560 pessoas, de todas as idades, que se dirigem semanalmente ao prédio para respirar cultura e arte.

Oito anos depois, as sementes plantadas pelo Centro Cultural já criaram raízes no município. Cresceram, ganharam vida, e seus frutos estão cada vez mais evidentes em Santa Cruz do Rio Pardo.

Eles proporcionam um aprendizado que transcende aulas e ensaios. Na prática, fortalecem amizades, ampliam o conhecimento e mostram que o interior também é pujante culturalmente.

A diretora do Centro Cultural, Juliana Manfrim

A reportagem esteve na sede do Centro Cultural durante dois dias na semana passada. Foi suficiente para perceber que as aulas são também uma terapia a quem frequenta a instituição. “Estou de alma lavada”, afirmou um integrante do Coral Adulto ao término de um ensaio na segunda-feira, 18.

Mas o papel da organização na vida de quem o frequenta não se limita a declarações como essa. Que o diga a corretora Tatiana Gonzaga de Oliveira, que se reaproximou do coral após 10 anos longe das sinfonias. Ela nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo e se mudou para São Paulo depois de terminar o Ensino Médio na escola Leônidas Camarinha.

Tatiana conheceu o coral ainda na adolescência. A mudança para a capital paulista não tirou da jovem o interesse pelo canto, e Tatiana se inscreveu em grupos tão logo se instalou na metrópole. Conseguiu uma vaga no coral da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), mais do que conhecido no ramo. Foi onde conheceu o professor Reynaldo Puebla, referência em direção de espetáculos e coros, que hoje ministra aulas no Centro Cultural Special Dog.

A corretora morou na capital durante longos 20 anos. Mas decidiu voltar a Santa Cruz para viver mais perto da família. O retorno ao interior, porém, retirou o coral de sua rotina. E Tatiana permaneceu longe das sinfonias por praticamente uma década.

Foi em 2022 que resolveu se inscrever para participar do coral do Centro Cultural. Foi aprovada, e desde então se sente muito mais feliz.

Tatiana Gonzaga de Oliveira: de volta ao coral 10 anos depois

“É mais do que uma terapia. Participar de um grupo de coral ajuda nas tarefas diárias. Hoje me sinto menos ansiosa do que já fui e tenho mais disposição no dia a dia”, afirma.

Tatiana, na verdade, até demorou para voltar aos grupos de canto. Ela já conhecia o Centro da Special Dog, mas imaginava que ele era restrito aos colaboradores da empresa. Ledo engano. “O retorno foi difícil e ainda estou em fase de desenvolvimento. Mas é questão de tempo”, diz.

Antes acostumada aos corais famosos da capital, a corretora se surpreendeu ao ver que os projetos do Centro Cultural não perdem em absolutamente nada para os grupos que frequentou em SP. “É incrível notar que Santa Cruz comporta um espaço como este”, aponta.

Local de aprendizagem, o Centro Cultural é também um espaço mais do que democrático. Tem lugar para todo mundo — inclusive para a criançada, talvez a faixa etária que mais se beneficia do papel social da instituição. A música, afinal, melhora o desenvolvimento cognitivo dos pequenos.

Sara Turcato Montesse tem 10 anos de idade. E passou, surpreendentemente, metade de sua vida no Centro Cultural, onde está desde os cinco anos. O ingresso precoce de Sara no universo cultural não foi à toa. Sua mãe, Edlaine Turcato, frequenta o Centro desde a sua fundação — o interesse pela música, enfim, ultrapassou gerações.

Foi no Centro Cultural que Sara teve contato com músicas, artistas e outras artes que colegas da mesma idade nunca sequer ouviram falar. A mãe, Edlaine, é testemunha dos benefícios proporcionados pela instituição na vida da filha.

“Ela não sofre com timidez, por exemplo. Sabe se expressar com clareza, desenvolve muito bem sua fala e não é uma criança ansiosa, problema que hoje em dia afeta muita gente ainda na infância”, diz.

O reflexo positivo da organização, no entanto, também é sentido pelos mais velhos. Segundo Edlaine, um sentimento de leveza e realização toma conta do corpo ao final de cada ensaio ou apresentação. “E dura a semana inteira”, garante.

Claro que o sucesso do Centro Cultural só foi possível porque, por trás de todos os projetos, há uma equipe atenta a todos os detalhes.

Quem lidera a organização é Juliana Manfrim, 36, hoje diretora da organização. Ela foi talvez a maior testemunha da transformação que o Centro Cultural proporcionou a Santa Cruz. “Plantamos sementes e hoje colhemos frutos”, afirma. Não há quem discorde — a cidade, afinal, foi a maior beneficiada pela criação do Centro.

SANTA CRUZ DO RIO PARDO

Previsão do tempo para: Quarta

Céu limpo
27ºC máx
13ºC min

Durante todo o dia Céu limpo

voltar ao topo

Voltar ao topo