CULTURA

'Os desplugados'

'Os desplugados'

Publicado em: 26 de janeiro de 2019 às 19:33
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 09:18

Acredite: existem pessoas que não possuem

aparelhos celulares e nem sentem falta da tecnologia

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Quase 67% da população mundial, ou algo em torno de 6 bilhões de pessoas, possuem um celular. No Brasil, a troca de mensagens por celular faz parte da vida de quase 90% da população, sendo que 77% usam redes sociais e 67% possuem conexão com a internet. Enfim, o celular está integrado ao ser humano. No entanto, ainda existem pessoas que passam longe de um celular e nem conhecem os fascínios do facebook ou Whatsapp. E são felizes. É o caso de Maria Gabriel da Silva Batista, 89. Apesar da idade, ela é a bem disposta funcionária das piscinas do Icaiçara Clube, mas não quer nem saber de celular. “Não gosto e pronto”, resume.

Maria diz que "quer distância" do celular



“Dona” Maria diz que recebe três pagamentos, inclusive aposentadoria, mas não compra um celular porque, na opinião dela, “é irritante”. “Posso comprar amanhã mesmo, mas não quero e não gosto”, insiste.

Seu dia a dia na piscina do Icaiçara é observar os sócios. Por isso, aprendeu a reconhecer que o celular afasta as pessoas. “Vejo muitas mães que deixam os filhos na piscina e ficam horas mexendo no celular. É o dia inteiro, sem fazer outra coisa”, disse.

Segundo Maria, a repulsa pelo celular a acompanha desde que a tecnologia chegou a Santa Cruz, nos anos 1990. Há algum tempo, ela ganhou um telefone móvel de presente do filho. “Agradeci, mas dei para o meu neto”, contou. Mas se engana quem pensa que “Dona Maria” fica sem falar ao telefone. “Sou da velha guarda. Tenho um telefone fixo em casa que me atende totalmente. Na verdade, eu não suporto ver as pessoas grudadas num celular o dia inteiro”, afirmou. Ela reconhece que muitos estranham o fato de ela não possuir um celular, principalmente quando perguntam o número.

Quando a neta visita a avó, Maria faz de tudo para afastar a menina do celular. “Mas não consigo fazer isto com meu filho. Ele mora em São Paulo e já se aposentou. Quando vem a Santa Cruz, fica deitado com o celular durante horas, principalmente depois do almoço”, conta. “Eu não quero saber. Vou fazer 90 anos em maio e nunca terei um celular. Vou morrer sem isto”, brincou.

José tem um celular emprestado, mas nem usa e sempre o esquece no bar



‘Sem utilidade’

Mais calmo, o comerciante José Luiz Caetano, 63, também não liga para celular e nem sabe manusear uma rede social. O interessante é que ele já foi taxista e, portanto, usuário obrigatório de um telefone móvel. “Era daqueles aparelhos enormes e pesados. Na época eu usava o celular, mas quando deixei o ramo eu abandonei o aparelho”, contou.

Há 15 anos ele é proprietário de um bar em frente ao “Palácio da Cultura Umberto Magnani Netto” e não vê necessidade de comprar um celular. “No estabelecimento, não vejo utilidade. No entanto, de vez em quando alguém me empresta um celular, mas eu acabo sempre deixando no bar”, contou. Na verdade, José até esquece que há um aparelho num dos cantos do balcão.

Sobre redes sociais, José ri. “Nem sei como funciona isto. As pessoas estranham, mas fica por isso mesmo”, diz. Claro que o comerciante possui telefones fixos, em casa e no trabalho. E só.

Cabeleireiro, Marcos Pinheiro está se rendendo e vai comprar um celular



O cabeleireiro Marco Pinheiro, que tem um salão na avenida Clementino Gonçalves, é outro que se manteve afastado do celular durante os 20 anos de trabalho no estabelecimento. “Nunca vi necessidade e nem faz falta”, diz. Quando alguém pergunta o número do celular o cabeleireiro informa o telefone fixo. “Na verdade, as pessoas sempre conseguem me achar”, diz. Por isso, Marcos não entende como o celular atrai tanto.

No caso dele, porém, Marcos começa a se render à tecnologia. Ele nunca teve contato com o Whatsapp, mas agora está começando a entrar no Facebook.

Claro que, por enquanto, ele acessa a rede social a partir de um computador, mas já planeja comprar finalmente um celular. Casado, já é avô numa família em que todos têm celular. “Minha mulher sempre disse que eu deveria comprar um. Diz que todo mundo tem e que eu não posso ser diferente. Minha mulher, filhos e até minha neta usam celular, menos eu. Eles brincam que eu sou ultrapassado”, conta, rindo. Tudo indica, porém, que Marcos vai mudar de lado na rara estatística das pessoas que não possuem um celular.

* Colaborou Toko Degaspari

Brasil é o 5º em ranking

sobre o uso do celular

Da Agência Brasil

Os brasileiros passaram mais de três horas por dia usando o celular em 2018. Essa média colocou o país em 5º lugar no ranking global de tempo dispendido com esse aparelho. O dado é do relatório Estado de Serviços Móveis, elaborado pela consultoria especializada em dados sobre aplicativos para dispositivos móveis App Annie, considerando um dos mais completos do mundo.

Considerando todos os países analisados, os usuários de smartphones ficaram em média três horas por dia usando aplicativos móveis. Os países onde essa mania obteve maior popularidade foram Indonésia, Tailândia, China e Coreia do Sul. No primeiro caso, a média ultrapassou as quatro horas por dia. A lista considerou os dados de clientes de celulares com sistema operacional Android.

Na comparação com 2016, o tempo médio diário usando smartphones cresceu 50%. Na divisão por tipos de aplicações, as redes sociais concentraram 50% das horas gastas nesses aparelhos, seguidas por programas de reprodução de vídeo (15%) e por jogos eletrônicos (10%).

O levantamento também mapeou o tamanho do mercado de aplicações móveis. No total, o segmento movimentou US$ 101 bilhões (R$ 378 bilhões). O índice aumentou 75% em relação a 2016. A China representou quase 40% dos gastos mundiais. A ampliação do mercado no país teve ritmo quase dobrado da média mundial, cerca de 140%. Na Coreia do Sul, as vendas aumentaram 80%.
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