CULTURA

Plínio respira cultura em terras italianas

Artista de Santa Cruz do Rio Pardo está em cartaz numa exposição em Padova, onde mora há quase dez anos

Plínio respira cultura em terras italianas

O santa-cruzense Plínio Rhigon foi homeageado na abertura da exposição “Fragmentos”, promovida pela secretaria de Cultura da prefeitura de Pádova, na Itália

Publicado em: 08 de fevereiro de 2023 às 18:29

Sérgio Fleury Moraes

 

Radicado na Itália há quase dez anos, o artista santa-cruzense Plínio Rhigon vive uma fase em que respira cultura todos os dias. Ele mora em Pádova, uma das mais antigas cidades do mundo, e está com suas obras numa exposição na “Galleria d’Arte” da “Associazione Culturale Artistica”, ligada à prefeitura da cidade. A exposição foi aberta no último dia 28 e vai até 11 de fevereiro.

Pádova tem aproximadamente 3.000 anos e é o cenário escolhido por Willian Shakespeare para a peça “A Megera Domada”. É também a cidade em que Galileu Galilei morou por 18 anos, tendo lecionado nas Universidade de Pádua, fundada em 1222.

 

Abertura da exposição de quadros de Plínio Rhigon na Itália deve música,discursos e poemas

 

Pádova está próxima de Veneza e é conhecida como “a cidade da arte”. Segundo Plínio, a cultura e a história estão presentes na cidade em todos os cantos. “É também a terra do Giotto, o pintor renascentista”, lembra Plínio, lembrando que muitas obras do artista estão espalhadas em igrejas e capelas de Pádova.

Na verdade, Plínio garante que a cidade italiana lembra muito Santa Cruz do Rio Pardo. “Ora, a italiana praticamente formou Santa Cruz”, diz, rindo.

Rhigon deixou sua cidade natal em 2014 para morar em Pádova. Ele virou uma espécie de “embaixador” de Santa Cruz na Itália, tal a quantidade de brasileiros que recebe em sua residência.

Pádova o encanta cada dia mais. “É um centro cultural que manteve a arquitetura medieval, inclusive com os portões de entrada e os muros que sobreviveram a tantas batalhas”, disse.

O curioso é que Plínio não imaginava que fosse viver numa cidade com tanta efervescência cultural. “Eu nem imaginava que o Galileu foi professor nesta cidade”.

 

Abertura da exposição de quadros de Plínio Rhigon na Itália deve música,discursos e poemas

 

Hoje, o santa-cruzense já criou uma certa raiz em Pádova, sendo conhecido pelas pessoas. “Quando vão me apresentar a alguém, eles se referem a mim como artista. Falam com orgulho”, disse.

Plínio Rhigon já fez várias exposições de suas obras em Pádova, mas nunca patrocinada pelo Poder Público da cidade. “Eu precisei entender que na Itália tudo é muito formal e muito demorado”, afirmou.

Através de uma amiga, ele conseguiu uma audiência com o secretário de Cultura de Pádova, uma oportunidade única de mostrar parte de sua obra e tentar participar de uma exposição na agenda cultural.

“Ele gostou muito do meu trabalho e, inclusive, me chamava a todo momento de maestro — que na Itália significa aquele que sabe, que ensina”, conta Plínio.

O secretário concordou em patrocinar uma exposição do santa-cruzense, mas estipulou um prazo superior a um ano para o evento acontecer. Para Plínio, era uma maneira educada de se livrar do visitante.

Supreso, um ano e meio depois Plínio foi chamado para planejar a exposição. “Eu nunca imaginava, mas é o prazo deles”, lembrou.

 

Na abertura da exposição houve apresentações musicais eruditas

 

A galeria de artes escolhida, embora pequena, é um local prestigiado e muito requisitado pelos artistas. “Para se ter uma ideia, as pessoas que vão à exposição comentam até mesmo sobre a roupa a ser usada durante o evento”.

A abertura de “Fragmentos” teve discursos, apresentação de Plínio Rhigon e música ao vivo. Além de agradecer, o santa-cruzense ainda declamou três poemas de sua autoria.

Aliás, “Framment”, em italiano, é a mostra de várias obras que Plínio Rhigon produziu durante o período crítico da pandemia. Na Itália, as regras sanitárias foram rígidas para estancar a covid-19.

Em alguns momentos, os moradores eram proibidos de colocar o pé na rua, vigiadas por soldados armados. Certa vez, Plínio fez compras em um supermercado — permitida uma vez por semana na pandemia —, mas acabou se esquecendo de um produto. Saiu de casa no dia seguinte para comprar o item, mas foi barrado por policiais. “O senhor compra na próxima semana”, disse um deles.

Praticamente trancado em casa, Plínio imaginou que iria enlouquecer. “Eu nem podia comprar telas ou tintas porque tudo estava fechado e sair de casa era raro. Para reduzir a tensão, Plínio conseguia caminhar numa propriedade rural perto de sua casa. Foi o que o salvou.

 

 

Neste período, o santa-cruzense engordou. “E não foi apenas pela alimentação, que é farta na Itália, mas pelos vinhos. Uma garrafa custa 1,5 euro — e de uma marca consagrada, pois a bebida é fartamente produzida no país.

Quando se deu conta, muitas roupas já não serviam na silhueta de Plínio Rhigon. Mas ele não pensou em comprar outras, mesmo porque era impossível. “Pensei em produzir quadros com elas”, disse.

E surgiu a série “Fragmentos”, com 120 telas feitas com as roupas que não serviam mais. “Algumas telas têm costuras, bolsos, pedaços de colarinho e botões. Fiz 120 telas, o suficiente para eu não enlouquecer”, afirmou.

Plínio nunca se esqueceu que, na adolescência em Santa Cruz do Rio Pardo, tinha dúvidas sobre a carreira que seguiria. Gostava de teatro, mas uma professora de artes indicava arquitetura. “Então, meu professor de Inglês me estimulou a fazer teatro. E, no fim, fiz tudo, artes, teatro e arquitetura de interiores”, lembra. O professor de Inglês era Celso Fleury Moraes, da escola “Leônidas do Amaral Vieira”.

E Plínio se consagrou. Foi ator, diretor, artista plástico e ganhou os prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e o “Mambembe”, dois dos mais cobiçados troféus da classe artística.

Na Itália, aliás, ele consegue exercer todos os seus dons artísticos. Além da pintura, ele escreve histórias infantis, dá aulas de teatro, cria decorações e ainda presta assessoria a uma agência gráfica que produz catálogos para a indústria de móveis. “Eles me consideram um artista renascentista e isto me enche de orgulho”, disse Plínio Rhigon.

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