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Sem alternativa, famílias da Bom Jardim vivem com aglomeração
Publicado em: 14 de abril de 2020 às 17:28 Atualizado em: 30 de março de 2021 às 15:51
‘A gente entrega para
Deus’, diz moradora sobre
os riscos do coronavírus
André Fleury Moraes
Da Reportagem Local
Na Vila Bom Jardim, em Santa Cruz do Rio Pardo, famílias vivem em casas com quatro, cinco e até seis pessoas. A aglomeração, segundo moradores, muitas vezes é inevitável, mesmo em tempos de coronavírus, quando a recomendação é justamente o isolamento.
Rosemeire dos Santos, 44, por exemplo, tem seis filhos e outros cinco netos. Todos sempre estão juntos dentro de uma só casa. “A gente entrega para Deus, né”, diz Rosemeire. Com as aulas suspensas, ela virou avó em dose dupla.
Rosemeire acompanha as notícias a respeito do vírus e admite sentir medo. Em sua casa não há álcool em gel, embora familiares tenham o costume de lavar as mãos.
O marido de Rosemeire tem 60 anos e é sua maior preocupação. A empresa em que ele trabalha continua ativa e, por isso, ele está exposto a riscos.
Maycon corta o cabelo de muitos moradores da comunidade
Com o comércio parado, Rosemeire teme não conseguir pagar todas as contas. Na Bom Jardim, bares que são sustento de algumas famílias estão fechados. E a prefeitura, por sua vez, não tem ido ao local para entregar cestas básicas, dizem moradores. “Só vemos a cara de políticos em época de eleição”, reclamam.
Elisa Teres, 29, é sobrinha de Rosemeire e morava na Bom Jardim até a quarta-feira, 1º, quando se mudou para o Parque das Nações. Ela perdeu o emprego há algum tempo e diz não ter esperanças de que possa encontrar um novo trabalho durante a crise.
“Sem o coronavírus já estava difícil. Imagine agora”, disse. “Pelo menos ficou bom para quem não gosta de trabalhar”, brinca Elisa. Diferentemente da tia, ela recentemente comprou álcool em gel. “Mas não tenho o costume de usá-lo”.
Sua nova casa também recebe frequentemente vários familiares. Muitas crianças, inclusive. A recomendação é para que todos passem o produto antisséptico.
Na Bom Jardim, dizem os moradores, ninguém aparenta estar preocupado com o novo coronavírus. “Se uma criança faz aniversário, tem festa. E todos comparecem”, afirmam.
Em tempos de comércio fechado, economia estagnada e desemprego aumentando, alguns encontram alguma renda nos chamados “bicos”.
É o caso de Maycon dos Santos Rodrigues, 26, filho de Rosemeire. Ele é responsável por cortar o cabelo de muita gente na Bom Jardim. Cobra um preço simbólico, R$ 10, mas que garante o pagamento de suas contas.
“Trabalho como autônomo há alguns anos. Corto cabelo e faço o que mais me aparecer”, diz. Ele aprendeu, aliás, a cortar cabelo sozinho. Errou algumas vezes, admite.
Maycon também atua como tatuador e diz ser nítida a contenção de gastos da população. “Todos estão economizando”, diz.