CULTURA

Uma família inteira ligada ao basquete

Uma família inteira ligada ao basquete

Publicado em: 23 de fevereiro de 2020 às 16:18
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 05:30

Família Lamoso, repleta de apaixonados pelo

basquete, ainda não se conforma com a morte do astro

Kobe Bryant, um dos maiores jogadores do mundo


’Paulinho‘ (à esq.) e Luiz Marcel (à dir.): os dois eram fãs de Kobe



André H. Fleury Moraes

Da Reportagem Local

É verdade que a morte do ex-jogador de basquete Kobe Bryant comoveu o mundo. O atleta, afinal, colecionou prêmios e recordes durante a carreira, que durou 20 anos. Morto em 26 de janeiro, aos 41 anos, num trágico acidente de helicóptero, nem mesmo a pacata Santa Cruz do Rio Pardo deixou de lamentar o fato. É o caso da família Lamoso.

A paixão de todos pelo aro começou décadas atrás, quando o então jovem estudante José Roberto Batista Lamoso não se via encaixado nos times de futebol. Decidiu que jogaria bola com as mãos. No entanto, havia poucos praticantes de basquete na cidade. “Jogávamos com uma equipe muito reduzida. A verdade é essa”, declarou Lamoso.

Naquela época, a atração era Michael Jordan, considerado o melhor jogador de basquete de todos os tempos. “Mas eram poucas as vezes em que a gente conseguia assistir a alguma partida. O esporte ainda era impopular na televisão brasileira. Predominava o futebol”, lembra.

Sequer a bola usada pelos poucos praticantes era apropriada. “A gente usava a que tinha. A original custava caro. Existia uma de capotão”, lembra Lamoso. Cheia de remendos, era usada pelos então adolescentes para, depois de pularem o muro da escola, jogar na quadra em dias sem aula. “Nossa turma dividia o tempo entre jogar basquete e nadar no rio Pardo”, diz Lamoso.

O tempo passou e, atleta, Lamoso se formou em educação física. Professor, casou-se com Ana Manzo, ex-diretora da escola “Sinharinha Camarinha”, com quem teve cinco filhos. Decidiu que o amor pelo esporte, então, se tornaria hereditário.

Acertou na mosca: ainda crianças, os quatro filhos brincavam com uma cesta de basquete instalada em frente à casa dos pais.

Aos oito anos, o caçula Paulo Roberto Lamoso, 37, já treinava arremessos. Estudou na ‘Sinharinha’, onde teve aulas com o pai — que formou uma equipe campeã da modalidade. Treinava com os irmãos mais velhos. Talvez por isso, na modalidade mirim, foi campeão do Estado de São Paulo pela escola.

Aos 16, ‘Paulinho’, como é chamado, chegou a disputar campeonatos por um time de Ribeirão Preto-SP. Pouco tempo depois, voltou a Santa Cruz. Venceu os Jogos Regionais uma vez. Também obteve outros títulos, como vice-campeão estadual. Hoje ainda joga, na categoria ‘Master’, representando o município.

‘A FAMÍLIA BASQUETE’ — Da esquerda para a direita, Ana Manzo, Cristiano, Paulo, José Roberto e Luiz Marcel Lamoso, todos com fortes ligações com o basquete



Fãs de Kobe

O caçula vê Kobe Bryant como seu maior ídolo. Ele tem uma camisa do time com o nome do ex-jogador e diz que não conteve as lágrimas ao saber da notícia sobre a morte do ídolo.

Na família, porém, o maior fã de Bryant é Luiz Marcel Manzo Lamoso, 40. Espelhado no pai, que sempre jogou basquete, cresceu acompanhando o esporte. Luiz, por sinal, deu o nome de ‘Kobe’ a um cão labrador. Na modalidade, forma uma dupla implacável com o irmão mais novo, Paulo. Nas horas vagas, Luiz também é árbitro de partidas de basquete.

Ele passou a seguir o ex-jogador na TV em meados dos anos 2000, quando o basquete entrou para a programação brasileira. “Sempre eram transmitidos os jogos do Lakers, time pelo qual Kobe disputava. Passei a admirá-lo”, lembra.

Nas partidas, por exemplo, a camisa número oito é, sem exceção, de Luiz. É uma referência a Bryant, que jogou com o número durante muitos anos, até migrar para a de número 24. A mudança se deve à concorrência com Michael Jordan, que disputava com a 23. “Kobe queria ultrapassar Jordan”, explica Luiz, que, ao saber da morte do ex-jogador, imaginou se tratar de uma notícia falsa. “Meu mundo caiu”, comenta.

Filho do meio, Cristiano Manzo Lamoso, 39, também foi um dos pioneiros no basquete santa-cruzense. Ao lado dos irmãos, venceu os Regionais. “No basquete, o que mais fiz foram amizades”, conta. Ele disputou seu último campeonato em 1999, mas diz que se aposentou.

As outras duas filhas do casal — que se separou há anos — eram mais afinadas ao vôlei. Josiane Manzo, por exemplo, chegou a disputar o profissional em São Paulo. Larissa, a irmã, também gostava do esporte.

Mãe de todos eles e ex-diretora da ‘Sinharinha’, Ana Manzo lembra que Paulo era o mais briguento, o que também é confirmado por Cristiano. Ana, por sinal, também jogou basquete durante boa parte da vida. E, ao que parece, vitórias são características da família: ela também venceu os Jogos Santacruzenses no basquete feminino.

“Quando meus filhos cresceram, eu fiquei na retaguarda. Deixei de lado a vida esportiva”, conta. Ana, porém, lamenta a falta de apoio do município para o basquete. “Todos eram vencedores. Jogavam muito bem, mas ninguém parecia dar bola”, afirmou.

Segundo ela, o único prefeito a dar pelo menos uma ajuda de custo às viagens para as competições foi Manoel Carlos ‘Manezinho’ Pereira — que governou Santa Cruz do Rio Pardo de 1993 a 1996.

“Eu acho que meus filhos são talentos que foram desperdiçados pela cidade”, sugere a ex-diretora. Para ela, porém, “valeu a diversão”. 

* Colaborou Toko Degaspari



  • Publicado na edição impressa de 16/02/2020


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