Já convocado, Tiririca vai assumir vaga na Câmara de Ipaussu no dia 7

Sérgio Fleury Moraes

Terceiro mais votado nas eleições de 2020 em Ipaussu, o vereador Everton Sanches (Podemos), conhecido como “Pastor Tom”, renunciou ao mandato na segunda-feira, 21.

Ele alegou questões pessoais, mas num vídeo publicado na mesma noite nas redes sociais reclamou de “ataques” à família e disse que “pessoas maldosas” querem apenas o poder. “A população vai ver. A verdade virá à tona”, afirmou, sem esclarecer o motivo real da renúncia. Ele chorou durante a gravação.

A presidente da Câmara de Ipaussu, Aninha Cândido (PSDB), já convocou o suplente para assumir o mandato na sessão de 7 de março. É Roberto Guidio Tiririca Perez (Podemos) que, apesar de ter sido o quarto mais votado nas eleições de 2020, perdeu a vaga pelo critério do quociente eleitoral. Tiririca teve mais votos do que seis vereadores eleitos.

Na verdade, a possibilidade de Everton abandonar o mandato já era comentada nos bastidores da política de Ipaussu. Pastor evangélico e dono de um escritório de “coaching” na cidade, Everton começou a ser alvo de denúncias no final do ano passado, quando foi acusado na polícia pela madrasta pelo desaparecimento de um celular.

O munícipe Carlos Alberto Pereira Reginaldo, o “Ferpa”, apresentou uma denúncia na Câmara de Ipaussu, junto com o boletim de ocorrência, pedindo uma investigação por suposta quebra de decoro parlamentar.

Na semana passada, uma nova denúncia atingiu a mulher do vereador, Talita Jardim Teles Barbosa, que é assessora da deputada estadual bolsonarista Letícia Aguiar (PSL). Segundo o registro policial, Talita maltratou uma criança integrante da escolinha de futebol do Clube do Saci. O motivo seria uma desavença com outra criança.

O problema é que a criança agredida verbalmente é aluno da Apae e possui alguns distúrbios mentais. A mãe deu queixa na polícia e informou que o filho ficou com trauma e não quer mais sair de casa. O caso teria acontecido na manhã de sábado, 19, dois dias antes da renúncia do vereador Everton Sanches.

Roberto Guidio Tiririca Perez volta a assumir um mandato de vereador desde 2016, quando foi derrotado por Sergio Guidio (PSDB) na corrida pela prefeitura. Em seguida, aliou-se ao atual prefeito, reeleito em 2020, e deu sustentação ao governo nos bastidores da política. Em seguida, foi nomeado secretário de Saúde. Antes, foi provedor da Santa Casa de Ipaussu.

Um dos políticos mais antigos ainda em atividade, Tiririca tem 70 anos e assumiu um mandato de vereador pela primeira vez na legislatura 1973-1977. Em 1986 foi candidato a deputado estadual pelo PDS, mas não conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Em 1988 disputou a prefeitura de Ipaussu, sendo derrotado por Mário Madalena. Nesta eleição, ele ganhou as manchetes de jornais e televisão ao virar um “boia-fria” — como eram chamados os cortadores de cana — para, segundo ele, conhecer de perto como era a vida destes trabalhadores. Na legislatura seguinte, entre 1993 e 1996, foi eleito vice-prefeito da cidade na chapa do médico Hirosi Otani.

Na década seguinte, Tiririca foi sucessivamente eleito vereador nas legislaturas 2001-2004, 2005-2008, 2009-2012 e 2013-2016. Foi duas vezes presidente da Câmara de Ipaussu.

Nas eleições de 2016, disputou novamente a prefeitura e obteve 31% dos votos, mas foi derrotado pelo atual prefeito Sérgio Guidio (PSDB).

Adversário do ex-prefeito Luiz Carlos Souto, Tiririca se aproximou do atual prefeito, emprestou seu apoio político e foi nomeado secretário de Saúde durante vários anos. Nas eleições de 2020, além de apoiar a reeleição de Sérgio Guidio, Tiririca foi o quarto candidato a vereador mais votado de Ipaussu, com 293 votos, mas perdeu a vaga pelo quociente eleitoral. Agora, não é mais suplente e retorna à Câmara para cumprir o mandato até o final de 2024.