Rafaela, durante manobra em treinamento
Publicado em: 15 de junho de 2023 às 19:08
Atualizado em: 15 de junho de 2023 às 19:12
Sérgio Fleury Moraes
Neste domingo, 11, quando termina o primeiro “Santa Cruz Skate Fest”, na pista localizada no centro de Santa Cruz do Rio Pardo, a atleta Rafaela Aparecida Murbach, 22, não estará competindo. Moradora em Bernardino de Campos, ela já se profissionalizou no skate e atualmente ocupa a quinta colocação no ranking nacional da Confederação Brasileira de Skate.
Para se manter em forma na disputa de campeonatos que valem pontos para o ranking nacional, Rafaela treina praticamente todos os dias na pista de skate do bairro da Estação, em Santa Cruz do Rio Pardo. Segundo ela, a pista de Bernardino de Campos não é adequada.
Mas isto não significa que a pista da Estação é perfeita. O técnico de Rafaela, Marcelo Nizoli Coelho, aponta que há ranhuras no cimento e declividade excessiva nos obstáculos para as manobras. Em certos pontos, há risco de o atleta se machucar.
Estudante de um curso de Inglês e já formada no Ensino Médio, Rafaela diz que mudou seu comportamento com a prática esportiva. “Na verdade, o skate salva vidas e traz alegria para a vida do praticante”, disse.
No entanto, nem tudo foram flores na trajetória de Rafaela. Ela enfrentou preconceitos por praticar skate e até os pais não aprovavam este esporte. “Foi difícil, pois meus pais não gostavam e eu ia escondida para as pistas. Só depois que eu comecei a ganhar campeonatos é que eles perceberam que era isto o que eu queria”, disse.
Rafaela ressalta que o preconceito ainda existe. “A situação mudou um pouco quando a brasileira Rayssa Leal começou a se destacar, com medalhas olímpicas e títulos mundiais”, lembrou. Segundo ela, o esporte agora começa a ser visto de uma outra forma, mais positiva.
Rayssa Leal foi medalha olímpica de prata em Tóquio e campeã mundial em várias competições. Ela foi a atleta mais jovem, nos últimos 85 anos, a conquistar uma medalha em Olimpíadas. Seus feitos ganharam o mundo e são destaques na imprensa e nas redes sociais.
Como a “fadinha”, Rafaela também sonha alto. Ela tem esperança em participar de algumas etapas do mundial, para ganhar pontos que a levariam às Olimpíadas. “Mas, para isto, eu preciso de patrocinador forte. Já perdi as duas primeiras etapas, mas ainda dá tempo. A primeira foi em Dubai e a próxima será em Roma, no próximo dia 18. Espero poder participar das próximas etapas”, disse.
Por enquanto, Rafaela tem patrocinadores que garantem a reposição de peças do skate e de tênis, o que já é importante. Como profissional, ela também recebe dinheiro nas competições que vence nas etapas nacionais, o que ajuda nas viagens e outras despesas.
O técnico de Rafaela, Marcelo Nizoli, 43, que mora em Santa Cruz do Rio Pardo, a acompanha quase todos os dias há mais de um ano. “Sinto que ela está deslanchado e se destaca entre as melhores skatistas do Brasil e até do mundo”, disse. Para ele, falta apoio financeiro.
Com a experiência de um dos skatistas mais antigos de Santa Cruz (começou a praticar com seis anos), Marcelo diz que o treinamento de Rafaela consiste em disciplina, preparo físico em dia e muito foco. “Não é qualquer um que se joga em cima de um corrimão. É preciso estar preparado e com o corpo em dia”, explicou.
Marcelo admite que o skate no Brasil está em ascensão, mas ressalta que não apenas por causa de Rayssa Leal. “Na verdade, ela chegou num momento em que o skate já estava se destacando e se transformou em esporte olímpico. Mas é claro que ajudou muito”, afirmou.
* Colaborou Toko Degaspari
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