Moradores da área rural querem fim imediato do aterro sanitário (Foto: Sérgio Fleury)
Publicado em: 11 de março de 2021 às 23:17
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 07:16
Sérgio Fleury Moraes
Proprietários rurais da região próxima ao aterro sanitário de Bernardino de Campos afirmaram que vão procurar as autoridades para saber se há alguma autorização para que o antigo “lixão” possa continuar funcionando pelo menos durante um ano. Esta foi a informação da secretária de Assuntos Jurídicos, Pérsia Maria Burghi Freitas, na semana passada.
O problema é que há uma sentença judicial, transitada em julgado no final do ano passado, que interditou definitivamente o aterro, determinou o seu encerramento e estipulou multas pesadas para o descumprimento da decisão. A ação foi ajuizada no governo passado, do ex-prefeito Odilon Rodrigues, quando a situação do aterro chegou a ser crítica.
Ao tomar posse em janeiro, Wilson Garcia (PL) reformou o local e deu nova aparência ao antigo aterro. O espaço, contudo, segue interditado pela Justiça nos autos da ação movida pelo Ministério Público.
O drama dos moradores não se restringe ao lixo acumulado durante anos em montes que ficam a céu aberto. Nos últimos dias de 2020, a situação era considerada alarmante, com sacos de lixo espalhados por uma extensa área do aterro, a maioria rasgada por animais, principalmente urubus.
Mas o aterro sanitário chegou muito perto de propriedades rurais. Assim, o lixo é espalhado a poucos metros de residências, inclusive algumas com poços artesianos que podem estar contaminados. Além disso, a produção agrícola é sempre invadida por plásticos. Por fim, os moradores reclamam que cabeças de gado estão sendo mortos por ataques de urubus, especialmente vacas durante o parto.
O ex-prefeito Odilon anexou no processo judicial um laudo de uma empresa especializada atestando que a água do poço artesiano mais próximo não está contaminada. Porém, os moradores têm um laudo mais antigo, de 2010 e feito pela Sabesp, confirmando a contaminação de todo o lençol freático. Segundo os produtores rurais, como a situação do aterro piorou muito nos últimos anos, certamente a poluição deve ter prejudicado ainda mais a água dos poços artesianos.
Há uma semana, a secretária de Assuntos Jurídicos da prefeitura de Bernardino de Campos, Pérsia Buthi Freitas, afirmou que a Cetesb constatou uma área ainda não utilizada do aterro, onde o descarte em valas ainda seria possível durante um ano.
Segundo ela, a informação já foi levada ao promotor de Ipaussu, Carlos André Mariani, que sugeriu uma audiência pública para discutir o assunto. A reunião seria entre representantes do Ministério Público, município e Cetesb.
Nesta semana, o promotor confirmou a reunião em mensagem a um proprietário rural. Porém, os produtores também querem participar da audiência, já que são os maiores prejudicados pela presença do aterro.
Há outros documentos que transformam o assunto num impasse. Em fevereiro, por exemplo, o gerente da Cetesb de Assis informou ao produtor rural Mário Redondo que o órgão governamental não vai conceder licença para aterro em área contígua à gleba atual “em função do impacto ambiental existente no espaço e pela necessidade de restauração da mesma”.
A Cetesb já havia emitido esta mesma informação à reportagem. Enquanto isso, o prefeito Wilson Garcia mantém os esforços para conseguir uma licença e manter o aterro sanitário por um período suficiente até que uma outra solução seja encontrada. Uma delas é levar o lixo ubano de Bernardino de Campos para usinas localizadas em outros municípios, a exemplo do procedimento adotado em Santa Cruz do Rio Pardo.
Voltar ao topo